Opinião: “Aceita um elogio?”, por Marivia Brandão

"a falta de aceitação de elogios fala muito sobre nós mesmos e pode ser uma rica oportunidade de desenvolvimento das próprias emoções"

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Marivia Brandão é Consultora Internacional em Gestão
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Com certeza você já esteve diante de alguém que lhe teceu elogios espontâneos e sinceros. Qual foi a sua reação ao ser elogiado? Sentiu satisfação e alegria por seu talento ter sido reconhecido ou sentiu um incômodo desfortante, uma inquietação que lhe corroeu e gerou rubor em sua face?

Se pensou na segunda reação, saiba que ela é bem mais comum do que aparenta. Poucas situações têm o poder de desnudarmo-nos completamente como quando somos elogiados. Dependendo da pessoa, essa sensação é forte e muito negativa, como se fosse uma espécie de ofensa.

Certa feita participei de um curso com uma dinâmica vivencial onde os participantes faziam um círculo e, um por vez, colocava-se de frente aos colegas e dirigia-lhes críticas, olhando-os nos olhos. Da mesma forma, na rodada seguinte cada membro elogiava o outro com as características que lhes haviam chamado a atenção. Ao final da vivência, a opinião dividida pela grande maioria foi de que tinha sido muito mais difícil e desafiador receber os comentários positivos.

Sem dúvida essa foi uma significativa experiência de autoconhecimento, onde pude constatar que o constrangimento ao ser elogiado é normal. As causas da rejeição aos elogios podem ser muitas, como timidez, sentimento de vergonha pela sensação de exposição, insegurança, autodefesa, autoimagem negativa, medo de decepcionar-se, falta de merecimento ou até mesmo desconfiança da verdadeira intenção de quem elogia.

Não me proponho a questões mais profundas sobre o tema, deixo isso para os profissionais da área. Porém é fato que a falta de aceitação de elogios fala muito sobre nós mesmos e pode ser uma rica oportunidade de desenvolvimento das próprias emoções.

A sensação de desconforto diante dos elogios pode servir de alerta. Pensar no porquê desse sentimento negativo e compreender porque é tão difícil reconhecer-se merecedor de ouvir algo positivo é um importante passo para ressignificar essa questão. Elaborar um entendimento mais assertivo sobre si mesmo passa por ter um pensamento mais construtivo ao próprio respeito, analisando-se com leveza.

Entretanto, a vacina costuma vir do veneno. A mesma substância pode curar ou matar, fazer bem ou mal depende do uso que se faz dela. Entre aceitar os elogios que ouve e intoxicar-se de forma dependente a eles há uma grande distância. Ao beber dessa “fonte”, é importante certificar-se que há um engrandecimento consciente sobre si mesmo, e não somente o próprio ego em busca de validação. É preciso ter equilíbrio.

Vale ainda destacar a importância do autoelogio. Olhar para dentro de si e reconhecer o que faz de bom, quais os frutos do seu desempenho e dedicação, quais são seus valores, isso está acima de qualquer comentário ou entendimento externo. É ter compreensão sobre si mesmo.

De modo geral, quanto mais à vontade nos sentirmos com os aspectos que nos enaltecem e favorecem nosso melhor, maior é o indicativo de que reconhecemos essas características como parte da nossa singularidade. Afinal, todos temos qualidades e devemos conhecê-las, para também compreendê-las e aceitá-las.

E você: aceita um elogio? ■

Marivia Brandão

Consultora internacional em Gestão, Especialista em Relacionamento Empresa-Mercado, Mestre em Empreendedorismo e Criação de Empresas, Especialista em Desenvolvimento Humano, Formadora e Analista Sênior de Perfil Comportamental mariviasbrandao@gmail.com

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