Situação em Quelimane é “crítica” após passagem do Ciclone Freddy

Tempestade tropical atingiu o litoral de Moçambique ainda em fevereiro, mas voltou a afetar a região

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Centenas de pessoas estão alojadas em abrigos
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O município de Quelimane, em Moçambique, foi assolado pelo ciclone tropical Freddy no último dia 12 de março. Como resultado, cerca de 100 mil pessoas estão a enfrentar necessidades de apoio e ao menos cinco mil estão alojadas em abrigos temporários com problemas de infraestrutura, saúde e alimentação. 

Segundo levantamento do Comité Operativo Municipal de Quelimane, e fruto de uma primeira avaliação do Impacto do Ciclone Freddy, “a situação no Município de Quelimane é crítica”, pois “existem cerca de 100 mil pessoas com necessidades de apoio, das quais mais de cinco mil estão em Centros de Acomodação Temporária”.

Devido a continuação de chuvas, ventos e marés altas, o número poderá duplicar nas próximas horas, segundo as autoridades locais.

Cenário devastador

“Várias instituições públicas e privadas ficaram sem teto (chapas), incluindo o Hospital Provincial de Quelimane, que teve várias enfermarias inundadas e com infiltrações nas paredes e no teto,  doentes com lençóis e camas molhadas na Pediatria, Cuidados Intensivos, Sala de Operações/Cirurgia, Enfermaria da fístula, de onde doentes tiveram que ser evacuados para o rés-do-chão da Pediatria, teto da Direção Provincial da Saúde destruído, edifícios públicos e muitas casas destruídas, alagadas e sem teto e ou paredes em Icidua, Manhawa, Minkajuine, Sangarivera, Cololo, Primeiro de Maio, Inhangome, Mirazane, Bazar”, informaram as autoridades em Quelimane.

Estes mesmos responsáveis sublinharam que cinco pessoas perderam a vida por conta do desabamento de casas e acidentes de viação, existem dezenas de feridos, escolas sem teto, instituições religiosas sem teto e ou portas e janelas, incluindo o teto da Igreja dos Santos Anjos de Coalane, ginásios completamente destruídos. A cobertura de locais como Patrice Lumumba, Pavilhão do Banco de Moçambique, da Universidade Politécnica, da Igreja da Sagrada Família, edifícios da ex- Boror foi destruída. Muitas estradas e pontes estão intransitáveis, árvores, postes de energia elétrica, de telecomunicações e de fibra ótica tombaram com a força dos ventos, assim como candeeiros de iluminação pública e semáforos. Embarcações estão desaparecidas ou foram levadas pela força das ondas para cima da ponte dos cais e etc. Lojas e supermercados foram severamente afetados. Muitos produtos e insumos foram perdidos.

Manuel de Araújo, presidente do Município de Quelimane, confirmou à nossa reportagem que foram criados vários centros de acomodação em diversas escolas, incluindo a Escola Primária de Quelimane, Filipe Nyussi, Eduardo Mondlane, Secundária do Coalane, entre outras, além de terem sido disponibilizados abrigos temporários em várias Igrejas na cidade.

“A Cidade de Quelimane está isolada por mar e ar. O aeroporto está encerrado. Há interdição e cancelamento de voos há dias e com todas as redes de telemóveis (TMcell, Vodacom e Mcell) desligadas há horas”, revelou o presidente do município de Quelimane.

Em visita à região, o presidente da República de Moçambique, Felipe Nyusi, declarou apoio aos cidadãos do município de Quelimane e disse que o bem-estar dos habitantes é “a maior preocupação” neste momento.

“Viemos aqui para vê-los. Mas também visitaremos outros sítios. Mas vocês são a nossa maior preocupação. Quando soubemos que teríamos esse ciclone, quando soubemos que viria até aqui, falamos para vocês. Avisamos que viria um ciclone, chuva forte e pedimos para abandonarmos as regiões que poderiam ser afetadas. Quero agora agradecer a vocês por terem aceito saírem antes daqueles lugares. O pior não surgiu por causa da vossa consciência. Continuem organizados. Estamos convosco”, disse o presidente moçambicano.

Apoio de Portugal e do Brasil

Quelimane é um dos municípios de Moçambique que confirmou presença na Feira Internacional de Negócios que decorre nos dias 28 e 29 de março em Florianópolis, no Sul do Brasil. Até ao momento, não se sabe se a participação de Moçambique no certame está “ameaçada” diante dos graves danos ocorridos no país por causas naturais.

Desde o outro lado do Atlântico, Jatyr Ranzolin, presidente da Câmara Brasil-Portugal de Comércio, Indústria e Turismo de Santa Catarina, entidade organizadora da Feira Internacional de Negócios – FINBrasil 2023, emitiu uma nota de apoio à população de Quelimane.

“Prestamos a nossa solidariedade a Moçambique, em especial à cidade de Quelimane, atingida pelo ciclone Freddy. Vidas foram perdidas e há milhares de desalojados. Quelimane está isolada por mar e ar. Manuel de Araújo e os profissionais da cidade de Quelimane são aguardados na FIN 2023 no final deste mês. Desejamos uma rápida recuperação e contem connosco naquilo que pudermos ajudar”, referiu a organização da FIN Brasil.

Ana Correia, presidente da Câmara de Comércio da Região das Beiras, entidade portuguesa coorganizadora do evento no Sul do Brasil, prestou solidariedade e lamentou as vidas perdidas e a grande quantidade de pessoas desalojadas.

“Toda a minha solidariedade, bem como da Câmara de Comércio da Região das Beiras. Estamos com Moçambique e, em especial, com Quelimane. As notícias que nos chegam deixam-nos tristes. Foi devastador esse ciclone”, frisou Ana Correia.

O município de Quelimane é a capital provincial da Zambézia, com aproximadamente 200 mil habitantes. O território é localizado a 20km do Oceano Índico. A cidade é uma região portuária, sendo esta a principal atividade económica da região, que também se sustenta com a indústria pesqueira. ■ 

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