Alexandre Mendes: “Enfrentar um parlamento não é para todos”

Candidato este ano da Nova Direita pelo círculo de Fora da Europa nas Legislativas portuguesas afirma que continuará ao lado das comunidades portuguesas emigradas, mesmo sem mandato parlamentar. Alexandre Mendes reside no Brasil

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Alexandre Mendes, Associação de Portugueses do Espírito Santo
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Foi a sua primeira candidatura à Assembleia da República portuguesa, mas Alexandre Mendes, imigrante no Brasil há mais de uma década, trouxe para a campanha um discurso ancorado na vivência real das comunidades portuguesas fora do país. Candidato pelo partido Nova Direita pelo círculo de Fora da Europa, ficou a escassos votos dos partidos com maior tradição. Com um percurso de 16 anos ligado ao associativismo e à promoção da cultura portuguesa, Mendes defende mudanças no sistema de votação, aposta na mobilização da diáspora e promete não desaparecer entre ciclos eleitorais. Em entrevista, fala da experiência, das prioridades políticas e do compromisso que mantém com os portugueses no estrangeiro.

A sua candidatura à Assembleia da República portuguesa representou um passo importante na sua trajetória como líder comunitário. Que balanço faz desta experiência e do que aprendeu ao longo da campanha?

Perante a atual conjuntura política em Portugal, devo afirmar que o resultado foi positivo. Um partido com pouco mais de um ano e com orçamento com recursos próprios ficar a escassos 581 votos da quarta posição, atrás dos três grandes partidos da atualidade, é de parabenizar e de encorajar para continuar a mostrar quem somos e ao que viemos. Quanto ao aprendizado, reforço a importância de estar mais próximo das comunidades, entender as suas diferentes necessidades e caminhar lado a lado.

Como foi para si, enquanto imigrante no Brasil, viver o processo eleitoral português à distância? Quais foram os principais desafios que enfrentou enquanto candidato pelo círculo de Fora da Europa?

Pessoalmente, foi de enorme importância deixar o meu nome e o meu trabalho de 16 anos disponível para as comunidades. Não sou um ator político, tentei mostrar o amor que sinto ao fazer e dar cada passo valorizando as nossas gentes. As maiores dificuldades, de facto, têm a ver com a presença física. Não é fácil, financeiramente, rodar um país de escala continental para levar o nosso projeto com recursos mínimos. Mas o esforço da nossa presidente Ossanda Líber e do partido foi importantíssimo para o resultado, no qual deixo um agradecimento enorme pela confiança e apoio.

Durante a campanha, visitou várias comunidades e participou em encontros com emigrantes lusos. Que preocupações mais o marcaram e que temas considera prioritários para serem levados ao Parlamento, sendo eleito ou não?

As visitas que realizei foram maravilhosas. A forma como me receberam, o respeito, até entre candidatos no mesmo local. Só agradeço cada minuto junto das nossas comunidades por onde passei. O tema principal, sem dúvida, é o voto eletrónico. Não iremos desistir de alcançar essa conquista.

A abstenção entre os portugueses emigrados é um problema recorrente. Acredita que a sua candidatura conseguiu mobilizar mais eleitores? Que mudanças defende para melhorar este cenário?

A abstenção mais uma vez comprova a falta de interesse dos portugueses pela ida às urnas. Mas muito se deve às inúmeras dificuldades que temos, principalmente quem está longe dos grandes centros. O voto por correspondência beneficia os antigos. E, claro, se eu estou a ganhar desta forma, por que vou querer mudar? Voto eletrónico já.

Que papel desempenha, na sua visão, o associativismo português fora do país na construção de uma comunidade mais integrada e representada politicamente?

A missão do associativismo é levar às comunidades o conhecimento geral, a cultural do que é ser português, do que é viver Portugal, do que é sentir Portugal. As políticas públicas são necessárias. É importante melhorar os apoios às associações e Casas de Portugal. Isso gera uma conexão entre os poderes público e privado. E daí nasce a visão clara de que é preciso que as entidades estejam juntas em prol de um único motivo: elevar o nome de Portugal em cada canto onde estivermos.

Sentiu apoio por parte das comunidades luso-brasileiras e das estruturas associativas durante a campanha? Que tipo de mobilização observou em torno da sua proposta política?

Ser candidato pelas comunidades qualquer um pode ser. Tivemos partidos que nem campanha fizeram e com candidatos que não sabem o que é viver fora de Portugal. Defendo que o candidato seja imigrante de facto. Só assim saberá as dores e falará a “mesma língua”. Fui abraçado, bem-recebido e respeitado. Mas tenho a noção de que a minha primeira aparição foi agora, em 2025. Medimos forças com partidos de 50 anos e candidatos com 50 anos de Brasil, por exemplo. Recebi apoio de encorajamento, força para não desistir. E acredito que, com determinação e coragem, uma hora chegamos lá. Os candidatos pela imigração têm propostas bem semelhantes. O problema está em que, depois de eleitos, nada acontece. Muitas promessas. Enfrentar um parlamento não é para todos.

Independentemente do resultado das urnas, pretende continuar a trabalhar em prol das comunidades portuguesas no estrangeiro? Que planos tem para o futuro nessa área?

Finalizo afirmando que não vai mudar nada nas minhas ações como candidato não eleito. Inclusive, no próprio fim de semana da eleição, quando já não dava mais para votar, no domingo, dia 18, estive em São Paulo na festa da comunidade gebeliense. Junto com o partido, iremos criar um planeamento para os próximos quatro anos para estarmos juntos das comunidades. Nunca serei um candidato que aparece a cada quatro anos a pedir voto. ■

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