
Manuel Beninger, tem 60 anos, é Engenheiro, Empresário, Analista Político e Escritor, nasceu em Lourenço Marques, na antiga província ultramarina de Moçambique. Conta com um vasto currículo académico, cívico e autárquico, é Licenciado e Mestre em Engenharia Civil, entre outros títulos académicos, nomeadamente “Doctor Honoris Causa”, professor e membro de diversas academias. Foi também agraciado com diversas condecorações civis e militares e mantém forte ligações ao Brasil.
Nas últimas semanas anunciou ser candidato, pelo partido Chega, à Presidência da Junta da Freguesia de Arcozelo, “a maior freguesia urbana do concelho de Barcelos, que, por sua vez, é o maior concelho de Portugal”.
Tem experiência autárquica extensa, tendo sido deputado Municipal de Braga, entre 2005 e 2017, e membro da Assembleia Intermunicipal do Cávado, entre 2013 e 2017. É presidente da Associação Portuguesa dos Autarcas Monárquicos (APAM), presidente da Fundação Meninos de Bissauzinho e Reitor Honorário da Logos University International.
Em entrevista à nossa reportagem, revelou as suas intenções caso seja eleito.
Tem já um passado político com visibilidade pública. O que o motivou a regressar a uma candidatura autárquica e por que razão escolheu agora disputar a presidência da Junta de Freguesia de Arcozelo?
De facto, tenho já uma experiência política, profissional e associativa que muito me marcou e me deu ferramentas para compreender melhor os desafios e as necessidades das comunidades. Essa bagagem não é algo que guardo para mim; pelo contrário, quero colocá-la ao serviço das pessoas de Arcozelo, com dedicação e espírito de missão. Acredito profundamente que a freguesia merece uma gestão próxima, transparente e inovadora, que valorize as pessoas, respeite as tradições e prepare o futuro com ambição. Quando fui contactado e me apresentaram o projeto liderado pelo Dr. Paulo Ralha, identifiquei-me de imediato com a visão e os princípios defendidos. Não me escondi na comodidade do sofá — nem podia. Num tempo em que tantos se resignam, senti que era meu dever assumir responsabilidades e contribuir ativamente. É impossível ignorar o descrédito que a política local tem acumulado ao longo das últimas décadas. Basta olhar para a realidade: muitos dos milhares de candidatos às eleições autárquicas de 12 de outubro, tanto do PSD como do PS, estão hoje a ser julgados ou foram acusados pelo Ministério Público. São inúmeros os exemplos de nepotismo, corrupção e favorecimentos pessoais e intrapartidários. Isso envergonha-nos a todos. E é precisamente contra essa realidade que quero agir. O que me motiva a regressar a uma candidatura autárquica é a vontade de romper com esse passado e demonstrar que é possível fazer diferente: com verdade, seriedade e compromisso com os cidadãos de Arcozelo. A escolha de disputar a presidência da Junta de Freguesia de Arcozelo não é por acaso. Sendo Arcozelo a maior freguesia de Barcelos, uma freguesia urbana, dinâmica e com enormes potencialidades, exige, por isso, uma visão estratégica diferente, virada para o futuro, capaz de responder aos desafios da modernidade sem perder a identidade que nos caracteriza. É essa visão que quero ajudar a concretizar. Quero ver Arcozelo a ser um exemplo de vizinhança ativa, onde as pessoas saem de casa para se encontrar nas ruas, apoiar o comércio local e conviver nos espaços de lazer da freguesia. Para que as pessoas sejam mais felizes, mais alegres.
A sua trajetória pessoal e profissional tem ligações entre Portugal e o Brasil. De que forma essa experiência internacional influencia a forma como olha para os desafios locais em Barcelos e em Arcozelo em particular?
A minha trajetória pessoal e profissional, construída entre Portugal e Brasil, molda profundamente a forma como olho para os desafios locais em Barcelos e, em particular, em Arcozelo. Como deputado municipal em Braga, tive a honra de ser autor de iniciativas que fortaleceram os laços entre os dois países: a geminação entre Braga e o Rio de Janeiro, a geminação entre a Associação Comercial de Braga e a sua congénere carioca, bem como a parceria entre o Trem do Corcovado e o Elevador do Bom Jesus. Essas experiências mostraram-me a importância de valorizar a identidade local e, ao mesmo tempo, de projetá-la no mundo. Quando olhamos para o Brasil, encontramos ali a maior comunidade portuguesa na diáspora, o que reforça a relevância de criar pontes sólidas que aproximem pessoas, culturas e economias. Foi com esse espírito que, em 2022, tive a honra de ser agraciado pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro com o título de Cidadão Carioca. Esta vivência internacional ensinou-me que os grandes desafios se resolvem com visão estratégica, cooperação e abertura ao diálogo. É com essa mesma perspetiva que encaro os desafios de Barcelos e de Arcozelo: trabalhar localmente, mas com ambição global; valorizar as nossas raízes, sem deixar de aproveitar oportunidades de inovação, dinamização económica e envolvimento comunitário.
Refere que “não veio para protestar, mas para governar”. Como pretende transformar esse compromisso em prática concreta?
Nem para protestar tampouco para vender a banha da cobra, aliás como tem sido o apanágio dos dois partidos do regime há meio século. Sou engenheiro civil de profissão, habituado a planear, a encontrar soluções e a transformar desafios em oportunidades. Colocarei a minha experiência ao serviço de Arcozelo, apostando em novas políticas, modernas, transparentes e eficazes, pois estamos cansados de velhas práticas, de promessas não cumpridas e de gestões pouco claras. Para o mandato a que me proponho, conto com uma equipa qualificada e plural, composta por pessoas de reconhecida competência em diversas áreas, preparada para enfrentar este desígnio com trabalho, seriedade e a dedicação que se impõe. Sou intransigente contra a corrupção e contra todos os abusos que desviam recursos daquilo que realmente importa, portanto comprometo-me a uma governação de proximidade, em que cada euro seja bem aplicado para que cada decisão tomada se transforme em benefícios e felicidade para todos. Acreditamos que a evolução da nossa Freguesia deve ser feita com qualidade, respeitando a sua identidade, preservando e valorizando o seu património e protegendo o ambiente que a rodeia. Inspirado pela coragem e determinação de André Ventura, assumo esta candidatura com a certeza de que é possível fazer diferente, fazer melhor e colocar Arcozelo na rota de uma política séria, transparente e próxima dos cidadãos, para o seu crescimento económico, sustentabilidade com espaços verdes e com qualidade de vida para todos. Com esse espírito e vontade de justiça social, estarei sempre ao lado das famílias que lutam todos os dias pelo seu sustento, dos jovens que procuram oportunidades e dos idosos que merecem respeito, dignidade e cuidados, para ver Arcozelo mais próspera e feliz. O que prometo? Trabalhar com determinação, afinco e perseverança garantindo uma rigorosa e transparente gestão da nossa Freguesia.
A sua candidatura envolve também lugares na Assembleia Municipal e na lista à Câmara de Barcelos. Qual é a sua estratégia para articular estas três frentes políticas e que papel gostaria de assumir no futuro próximo?
A nossa candidatura assenta numa visão integrada para Barcelos e para Arcozelo. A presença simultânea na Junta de Freguesia, na Assembleia Municipal e na lista à Câmara não é uma dispersão de esforços, mas sim uma estratégia clara de articulação política. Queremos que a voz de Arcozelo, a maior freguesia urbana do concelho, tenha peso real nas decisões que se tomam no município mais extenso de Portugal. Na Assembleia Municipal, o objetivo é garantir que as prioridades locais são discutidas e defendidas num espaço de decisão mais alargado, com a força e legitimidade de quem conhece de perto a realidade da freguesia. Na Câmara Municipal, através da nossa participação na lista, procuraremos reforçar a ligação direta entre a governação concelhia e as necessidades concretas de Arcozelo. O meu papel, no futuro próximo, será o de coordenar esta ponte entre escalas: ser a voz ativa que garante que o que se decide em Barcelos responde às aspirações dos arcozelenses. Mais do que ocupar cargos, a nossa missão é construir sinergias para que freguesia e concelho caminhem lado a lado, com transparência, proximidade e ambição.
O seu programa destaca áreas como mobilidade, apoio social, comércio local e transparência. Quais serão as três primeiras medidas que pretende colocar em marcha, caso vença a presidência da Junta de Freguesia de Arcozelo?
Caso tenha a honra de vencer a presidência da Junta de Freguesia de Arcozelo, a maior freguesia urbana do concelho de Barcelos – o maior concelho de Portugal –, as três primeiras medidas que pretendo colocar em marcha serão claras, objetivas e centradas nas pessoas:
- Mobilidade: criar um plano imediato de melhoria da circulação pedonal e viária dentro da freguesia, com especial atenção à segurança dos peões, acessibilidade para todos e reforço da ligação com o centro da cidade de Barcelos;
- Apoio social: lançar um programa de proximidade para identificar e apoiar de forma eficaz as famílias e cidadãos mais vulneráveis, garantindo respostas rápidas em situações de maior fragilidade e promovendo iniciativas comunitárias de solidariedade;
- Comércio local e transparência: dinamizar o comércio de proximidade através de campanhas de valorização dos nossos estabelecimentos, em paralelo com a implementação de uma política de transparência, onde todas as decisões da Junta e a utilização dos recursos sejam publicadas e acessíveis a toda a população.
Estas medidas representam apenas o ponto de partida para um projeto de freguesia mais justa, moderna e participada, que valorize a identidade de Arcozelo e coloque os cidadãos no centro da ação.
Por fim, quem é Manuel Beninger?
Quem é Manuel Beninger? Antes de mais, um homem de valores firmes, que orientam o meu percurso pessoal, profissional e político. Defendo a monarquia como símbolo de identidade histórica, o parlamentarismo como modelo de equilíbrio democrático, a fé católica como guia espiritual e a família como núcleo essencial da sociedade. Sou movido pela valorização da tradição, pelo respeito pela nossa história, pela defesa da vida em todas as suas fases e pela promoção da cultura como instrumento de coesão e de futuro. A ecologia completa este conjunto de princípios, porque acredito que cuidar da criação é também uma responsabilidade moral e cívica. No plano biográfico, construí um percurso ligado ao serviço público, à docência universitária e à intervenção cívica, sempre com uma atenção especial à ligação entre Portugal e o Brasil. Como deputado municipal em Braga, destaquei-me por iniciativas de cooperação internacional, e, em 2022, tive a honra de ser distinguido pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro com o título de Cidadão Carioca. Em suma, sou um cidadão comprometido com Barcelos, com Arcozelo e com Portugal, determinado em colocar estes valores ao serviço do bem comum, através de uma ação política assente na proximidade, na transparência e na responsabilidade. ■