
A Residência Oficial do embaixador do Brasil em Portugal foi palco do lançamento do livro “José Bonifácio de Andrada – Patriarca da Independência do Brasil e Fundador da Nacionalidade”, de José Theodoro Mascarenhas Menck, editado pela Tinta-da-China. O evento, que contou com o apoio da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Brasileira (CCILB), reuniu representantes diplomáticos, académicos e personalidades ligadas à cultura, à história e às relações luso-brasileiras.
“Fico muito feliz com a oportunidade de poder lançar um livro na Europa, algo que me surgiu de forma um pouco inesperada. Estou contente por ver que as pessoas se interessam, pois imaginava que o tema seria muito mais restrito ao Brasil. O facto de ter sido recebido por uma editora portuguesa e de realizar o lançamento na Embaixada do Brasil, com a presença de várias pessoas ligadas à sociedade portuguesa, é uma grande cortesia e um sucesso que espero poder merecer”, afirmou José Theodoro Mascarenhas Menck, autor da obra, que sublinha que “este livro representa um resgate e uma ligação fantástica entre os dois países”.
A obra, com 328 páginas, foi apresentada como uma leitura profunda e renovada sobre uma das figuras centrais da história do Brasil. José Theodoro Mascarenhas Menck, advogado e Consultor Legislativo da Câmara dos Deputados, mestre e doutor em História pela Universidade de Brasília e membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, procurou construir um retrato multifacetado do estadista, naturalista e político José Bonifácio de Andrada e Silva.
Para o escritor, o maior mérito da obra está em revelar “as facetas mais surpreendentes” de José Bonifácio.
“O aspeto mais impressionante é o facto de ele ter regressado ao Brasil, em 1819, como um aposentado. Até então, toda a sua vida útil havia transcorrido na Europa, ao serviço de Portugal. Foi tenente-coronel nas invasões francesas, fundador dos cursos de Geologia em Coimbra e Secretário Vitalício da Academia de Ciências de Lisboa”, observou.

O embaixador do Brasil em Portugal, Raimundo Carreiro, aproveitou o momento para frisar a importância das relações entre Brasil e Portugal, também no campo histórico.
“Portugal deve-lhe muito”
Presente no evento, o luso-brasileiro Arlindo Salgueiro, presidente do Movimento Pró-Memória José Bonifácio, com sede no Estado do Espírito Santo, Brasil, defende que o personagem central da obra de Menck tem diversas conexões com Portugal.

“Há já algum tempo tentamos reforçar a ligação de José Bonifácio entre Portugal e o Brasil, porque ele passou grande parte da sua vida em Portugal, onde realizou trabalhos notáveis. Foi o responsável pelo mapeamento geológico de Portugal, pelo reflorestamento e é considerado o primeiro geólogo das Américas. Entre os minerais que descobriu está o lítio, hoje essencial para a eletrónica, desde os carros elétricos aos telemóveis. Era um grande cientista, um homem que, se vivesse hoje, certamente teria recebido um Prémio Nobel, um português nascido em Santos”, comentou.
“alguém que sempre pensou no que era melhor para o país”
Salgueiro explica que “José Bonifácio foi visionário”, pois “na Constituição de 1823, já previa a transferência da capital do Rio de Janeiro para o Planalto Central, indicando as coordenadas da nova cidade e o nome de Brasília. A história acabou por lhe dar razão, ainda que tardiamente. Foi também ele quem realizou o mapeamento geológico do Douro e, pela primeira vez, associou as castas mais adequadas aos diferentes tipos de solo, um trabalho pioneiro que uniu ciência, território e sustentabilidade. Portugal deve-lhe muito”.
Otacilio Soares da Silva Filho, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Brasileira (CCILB), entidade que apoiou o evento, traduz a obra como uma forma de se “redescobrir” o Patriarca da Independência do Brasil.
“José Bonifácio não foi apenas um visionário e um cientista, foi também um humanista. Sonhou com um Brasil mais justo, com educação para todos e com a abolição da escravidão, cem anos antes do seu tempo. Este livro é um convite a redescobrir uma das figuras mais modernas e inspiradoras da nossa história, alguém que sempre pensou no que era melhor para o país e para o seu povo”, reforçou este responsável.

“A Câmara de Comércio e Indústria Luso-Brasileira decidiu associar-se a este evento porque, se existe alguém que simboliza a união entre Portugal e o Brasil, é José Bonifácio, um homem nascido no Brasil, que viveu muitos anos em Portugal e fez tanto por ambos os países”, finalizou Otacílio Soares. ■