Venezuela: Padaria portuguesa produz o “melhor Cachito de Caracas”

Cachito é um tipo de pão salgado em forma de ‘croissant’ ou meia-lua, recheado com presunto e queijo, que não pode faltar em nenhuma padaria da Venezuela

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Equipa celebra resultado. Foto: Marcos Ramos Jardim
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A contribuição da comunidade portuguesa para a indústria e o ramo da panificação faz parte do património gastronómico da Venezuela, pelo simples facto de relacionar a presença portuguesa com os pães e bolos. A Ángela, uma padaria lusitana, conhecida localmente por preparar gastronomia portuguesa na Venezuela, ganhou o concurso de “Melhor Cachito de Caracas”, nas modalidades cachito tradicional e cachito de autor.

A quarta edição deste concurso foi realizada na última quinta-feira, 2 de outubro, na cantina da Universidade Central da Venezuela (UCV). Mais de 220 padarias de Caracas participaram e, pela primeira vez, uma padaria ganhou os dois prémios, o de cachito tradicional e o de cachito de autor. A padaria Ángela foi fundada há mais de 60 anos por imigrantes italianos e, há quatro décadas, é administrada pela família Martins, originária do distrito de Aveiro.

Juntamente com esta padaria tradicional, outras dez chegaram à final da IV edição do concurso El Cachito de Caracas. Além da campeã: Ángela, localizada em La Candelaria, no centro de Caracas, acompanham-na em segundo lugar a padaria La Miga Dorada, localizada em Paracotos, município de Guaicaipuro, no estado de Miranda, e a Symphony Deli, em El Paraíso, a sudoeste de Caracas.

Indispensável na mesa dos venezuelanos, o cachito é um tipo de pão salgado em forma de croissant ou meia-lua, recheado com presunto e queijo, que não pode faltar em nenhuma padaria da Venezuela e que tem maior procura no pequeno-almoço e em reuniões sociais ou de negócios na sociedade venezuelana, fazendo parte da gastronomia nacional.

Os juízes da categoria de cachitos tradicionais verificam se o produto, além de ter bom sabor e aroma, cumpre as especificações de um verdadeiro cachito caraqueño, ou seja, uma massa macia e ligeiramente adocicada, com superfície cor de mel e brilhante, que a massa tenha várias voltas para envolver o recheio e que a proporção de presunto seja adequada, geralmente entre 40 e 50% do peso total.

Assim, nesta categoria, os padeiros seguem a técnica tradicional nos seus cachitos de presunto, mas compensam na categoria de cachitos de autor, na qual podem dar asas à sua criatividade e contar as suas próprias histórias através dos seus produtos.

A avaliação dos cachitos tradicionais é feita, em degustação cega, por um grupo de juízes qualificados. Este ano, entre outros, estiveram Eric Martin, mestre padeiro e pasteleiro da Mémé; a professora de café Janina Poljak; o pasteleiro de Barquisimeto Emerson Freites e o provador e jornalista Jesús Nieves Montero, entre outros especialistas que foram convidados para avaliar.

Foto: Marcos Ramos Jardim

Além disso, os cachitos de autor foram avaliados por um grupo diferente de jurados e, além do cachito em si, o participante recebe pontos pelo seu discurso, pois se trata também de conectar-se com os comensais. Este ano, parte do júri dessa categoria foi composto pelo professor Víctor Moreno, pelo professor Miguel Fernández, diretor do Chef Campus Culinary; pelo chocolatier e pasteleiro Miguel Rodríguez e por Giuliana Chiappe, jornalista especializada em gastronomia.

“O Cachitino”

A padaría Ángela apresentou “O cachitino”, derivado da combinação entre Cachito e Diamantino Martins, proprietário da padaria. É um pãozinho de massa tradicional, muito bem enrolado, recheado com mortadela de tapara e pepino, tudo em fatias finas, e mostarda, coroado com uma compota de pimentão vermelho e pimenta que lhe conferia um contraste interessante de picante e doçura ao recheio. Harmonizaram-no com um espumante branco frio que realçou os sabores.

Esta é a segunda vez que a padaria Ángela se posiciona no quadro de honra deste concurso, a ocasião anterior foi na III edição realizada no ano de 2024, quando obtiveram o segundo lugar na categoria Cachito Tradicional. Nesse ano, eles inscreveram-se na categoria Cachito de Autor, com o “Cachiportu”, uma proposta apresentada como uma fusão das culturas venezuelana e portuguesa num único aperitivo, contendo sabores intensos, mas equilibrados dentro do cachito.

O “Cachiportu” contou com uma grande variedade de ingredientes da cultura luso-venezuelana, como: Copa, chouriço português e um toque especial de bacon, destacando o seu processo totalmente artesanal com uma marinada de aproximadamente cinco minutos, com vinho branco e diferentes especiarias, fumado com lenha de carvalho e abacate.

O Cachito de Caracas é uma competição cujo objetivo é unir o grémio dos padeiros através da elaboração deste prato muito consumido pela sociedade venezuelana, estando presente em todas as padarias da Venezuela, um aperitivo de textura suave e massa semidoce, que mantém a harmonia do contraste do toque salgado do presunto, destacando o brilho da sua crosta que o faz sobressair nas exposições, criado em 2022 por Denys Salomón, Luis Rogelio Salcedo e o seu gémeo Luis Roberto Salcedo. ■

Marcos Ramos Jardim, correspondente na Venezuela

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