A abertura oficial da Fliporto 2025 marcou o início das celebrações pelos 20 anos da Festa Literária Internacional de Pernambuco, que decorre até 16 de novembro no Parque Dona Lindu, no Recife, Brasil. O discurso inaugural de António Campos, curador e coordenador-geral do evento, destacou a evolução do encontro desde a primeira edição, em Porto de Galinhas, passando por Olinda e chegando à capital pernambucana, consolidando-se como movimento cultural de referência no espaço lusófono.
Campos afirmou que esta edição simboliza duas décadas de circulação de ideias, diálogo e promoção da leitura. O responsável sublinhou a relevância crescente da economia criativa no Brasil, que emprega milhões de pessoas. Afirmou ainda que investir em cultura é investir no futuro e reforçou que a criatividade tem dimensão humana e social, interveniente em momentos de crise e promotora de bem-estar.
A programação reúne 17 mesas literárias, lançamentos de livros e atividades de integração entre literatura, artes visuais, cinema e sustentabilidade. O acesso ao núcleo literário é gratuito, mediante inscrição. Entre os destaques, estão homenagens a Carlos Pena Filho, Miró da Muribeca, Dom Hélder Câmara e Chico Pedrosa, nomes centrais da cultura pernambucana e nordestina.
Novos cenários em Recife
A edição deste ano incorpora dois novos eixos estruturantes. A Fliporto Arte, inaugurada na véspera, dia 13, que reforça o diálogo entre literatura e artes visuais, com exposições e debates. O espaço, idealizado por Antônio Campos, celebra o centenário do pintor Reynaldo Fonseca e apresenta o trabalho do artista visual Gabriel Wickbold, entre outros artistas. A curadoria é de Denise Rodrigues Missaka e a coordenação executiva é de Anna Guerra.
Denise Missaka resume o espírito da mostra ao afirmar que “a arte é o oxigénio necessário para aliviar os conflitos do mundo contemporâneo. Respirar é preciso, e a arte é fundamental para ampliar todos os sentidos humanos”.
Já a Fliporto Cordel centra-se na literatura popular nordestina, numa parceria com a Editora Imeph, e oferece ao público três dias dedicados ao universo dos cordelistas.
“A Editor Imeph foi criada para valorizar a cultura nordestina. E, no Nordeste, há muita gente talentosa escrevendo o Cordel e encantando, porque o Cordel é uma literatura que é muito fácil de encantar as pessoas, pois é uma arte sonorizada, rimada, e tenho o privilégio de ter no meu catálogo muitos autores de Pernambuco, inclusive Chico Pedrosa, que é um dos homenageados deste ano”, disse Lucinda Marques, presidente-fundadora da editora brasileira.
No discurso de abertura, António Campos realçou ainda a presença do Instituto Cervantes, a celebração do Ano da França no Brasil e recordou a realização da Fliporto Portugal, em Matosinhos, entre 23 e 25 de outubro, evento que contou com o apoio da Fundação Livraria Lello, quando foram entregues os Prémios Guerra Junqueiro – Lusofonia 2024 às escritoras Dulce Maria Cardoso, de Portugal, e Amélia Dalomba, de Angola.
O coordenador geral da Fliporto anunciou a criação de um manifesto que prevê a realização da Bienal da Lusofonia, iniciativa destinada a promover intercâmbio cultural entre países de língua portuguesa, fortalecendo a circulação de autores e ideias. Sublinhou que a língua portuguesa constitui território de identidade partilhada e espaço de pertença entre diferentes geografias.
A cerimónia de abertura encerrou com agradecimentos aos patrocinadores e instituições parceiras, numa edição que se anuncia como marco de continuidade e renovação de um dos mais importantes encontros literários do país e do universo lusófono. ■
