
O mercado imobiliário português registrou em 2025 uma polarização recorde entre litoral e interior. Levantamento do portal Idealista com base no terceiro trimestre mostra que o metro quadrado em Lisboa custa 5.886 euros, enquanto em Pampilhosa da Serra, no distrito de Coimbra, o valor é de 494 euros, quase 12 vezes menor.
Três municípios no interior do país têm preços abaixo de 500 euros por metro quadrado: além de Pampilhosa da Serra, aparecem Penamacor (496 euros/m²), em Castelo Branco, e Nisa (498 euros/m²), em Portalegre.
A lista dos 20 municípios mais baratos é dominada pelos distritos de Coimbra e Guarda. Completam o top cinco: Góis (506 euros/m²) e Sabugal (514 euros/m²). Outros concelhos da região centro apresentam valores inferiores a 650 euros/m², consolidando um eixo de oportunidades longe dos grandes centros urbanos.
No extremo oposto, depois de Lisboa vêm Cascais (5.510 euros/m²), Loulé (4.569 euros/m²), Lagos (4.410 euros/m²) e Oeiras (4.320 euros/m²).
O levantamento sobre arrendamento revela que a procura permanece concentrada nos concelhos periféricos de Lisboa, mesmo com rendas elevadas. Vila Franca de Xira lidera a busca, seguida por Moita, Alenquer, Barreiro e Amadora.
Em 16 dos municípios da região de Lisboa e Setúbal incluídos no ranking dos 50 mais procurados, a renda mediana ultrapassa 1.000 euros mensais. Sintra e Oeiras registraram valores acima de 1.700 euros por mês.
A capital, com renda mediana de 1.810 euros mensais, aparece na 54ª posição em volume de procura, um indicativo de que os preços proibitivos diminuem a demanda para a periferia. No interior, Chaves, no distrito de Vila Real, cobra em média 558 euros mensais e figura entre os 50 municípios mais procurados.
Para António Carlos, especialista em mercado imobiliário e líder da equipa António Carlos, com trabalhos realizados na Covilhã, a disparidade de preços reflete uma reavaliação do modo de vida.
“O interior, em especial a região centro, oferece tranquilidade, segurança e comunidade. Muitas vezes, com metade do valor gasto nos arredores de Lisboa é possível adquirir uma casa de maior dimensão e terreno”, afirmou este especialista, que assegura que a região centro deixou de ser vista como opção de baixo custo.
“A qualidade de vida no interior do país é muito valorizada. Investir na região centro consolida-se como um ativo positivo, não apenas pelo valor de entrada acessível, mas pela garantia de retorno em qualidade de vida superior, longe do reboliço e do stress característicos dos grandes centros urbanos”, disse António Carlos, que destacou ainda o potencial de valorização dos imóveis na região.
“É uma oportunidade num país onde a requalificação urbana, o turismo de natureza e o trabalho remoto estão em expansão”, frisou.
Com a escassez de oferta habitacional acessível nas duas principais áreas metropolitanas, a expetativa do mercado é de continuidade da valorização de municípios fora do litoral em 2026. ■




