A recente inauguração da fábrica totalmente automatizada da Xiaomi em Changping, Pequim, marca um novo capítulo na integração entre inteligência artificial, robótica e manufatura. A instalação, que opera 24 horas por dia sem intervenção humana, tem capacidade para produzir até 10 milhões de smartphones por ano — incluindo modelos dobráveis de alta complexidade. Trata-se de um feito técnico impressionante. Mas, ao observar essa realidade com olhar europeu, vejo não apenas inovação, mas um alerta: estamos preparados para o redesenho radical do trabalho industrial?
A tendência global de automação inteligente tem ganhado tração também na Europa, impulsionada por iniciativas como o Digital Europe Programme e a crescente aplicação do AI Act. A indústria 4.0 já é realidade em setores como automotivo, farmacêutico e logístico. No entanto, a velocidade e escala da mudança chinesa elevam o debate. Ao substituir turnos inteiros por sistemas autônomos, a IA não apenas otimiza linhas de produção — ela altera as bases da empregabilidade industrial. Em regiões da Europa ainda dependentes da manufatura tradicional, esse movimento poderá agravar disparidades sociais e territoriais se não houver uma estratégia clara de requalificação.
Tenho observado que, apesar da valorização de profissões técnicas e digitais, políticas públicas de requalificação ainda não acompanham o ritmo da transformação tecnológica. Segundo dados da Eurostat, quase 40% dos adultos na União Europeia carecem de habilidades digitais básicas. Isso contrasta com a nova demanda por operadores de IA, especialistas em manutenção avançada e integradores de sistemas autônomos. A transição exige mais do que incentivos fiscais ou investimentos em infraestrutura: requer um pacto social para a inclusão digital. A indústria automatizada poderá, sim, elevar a competitividade europeia, desde que não deixe milhões de trabalhadores pelo caminho.
E agora?
A inteligência artificial está redesenhando o chão de fábrica. Mas será que as estratégias industriais estão sendo acompanhadas por políticas de transição justa e inclusiva? Quem estará pronto para operar — ou será operado por — a fábrica que nunca dorme?
IA DE IMPACTO – Automatização inteligente com MAKE + ChatGPT
A combinação entre o ChatGPT e a plataforma MAKE (make.com) está revolucionando o atendimento automatizado em empresas europeias. A integração permite criar fluxos inteligentes que respondem a clientes, coletam dados, realizam triagens e alimentam sistemas internos — tudo com pouco ou nenhum código.
Esta ferramenta é especialmente útil para gestores de atendimento, startups e pequenas empresas que desejam escalar a comunicação com eficiência. Com ela, é possível conectar o ChatGPT a e-mails, CRMs, WhatsApp e dezenas de outras ferramentas, reduzindo o tempo de resposta e otimizando processos repetitivos.
Para começar, basta criar uma conta gratuita no site make.com, selecionar o ChatGPT como módulo de automação e definir os gatilhos (como recebimento de mensagem ou preenchimento de formulário). A partir daí, é possível configurar o conteúdo das respostas e os dados que devem ser armazenados ou repassados.
Uma dica prática é começar com um fluxo simples: por exemplo, redirecionar automaticamente dúvidas comuns para uma resposta padrão com base na base de conhecimento da empresa. Depois, evoluir para respostas mais complexas com personalização e integração com banco de dados.
No contexto europeu, essa solução tem se mostrado valiosa em setores como turismo, e-commerce e serviços públicos. Com custos acessíveis e grande flexibilidade, ela democratiza o acesso à automação avançada — mesmo para organizações com estrutura reduzida. ■
André Aguiar
Especialista em Marketing, Escritor, Professor, Palestrante e Referência em Inteligência Artificial Aplicada aos Negócios; Licenciatura em Matemática, MBA em Marketing Digital e Analista de Sistemas
