Ana Patrícia Simões Gonçalves de Carvalho tem 28 anos de idade, é portuguesa, Mestre em Engenharia Eletrotécnica e Energias Renováveis, e trabalha numa organização sem fins lucrativos de proteção climática, onde executa projetos de energias renováveis em países em desenvolvimento.
É candidata a deputado à Assembleia da República pela emigração pelo círculo da Europa pelo partido Volt Portugal.
Em entrevista à nossa reportagem, esta candidata informou as diretrizes do seu partido caso seja eleita.
O que está a impulsionar a sua candidatura?
O que mais impulsiona esta candidatura são as minhas experiências como emigrante e conhecimento sobre o dia a dia de um português que vive longe da sua casa. Tendo vivido durante três anos na Alemanha, e estando agora com residência oficial em Espanha, sei bem quais são as dificuldades que passamos como emigrantes, e a conexão que mantemos com Portugal. Estes fatores são absolutamente cruciais para uma candidata que se apresenta a representar os milhões de portugueses fora do nosso país.
Que políticas são necessárias para a comunidade portuguesa emigrada?
O Volt defende com afinco o acesso ao voto digital. Conhecemos as dificuldades em participar na democracia portuguesa para quem está cá fora, e acreditamos que o voto digital facilitará esta participação. Também a desburocratização e harmonização inter-países dos processos legais de mudança de residência serão um nosso foco. Por último, acreditamos ser importante o apoio às famílias portuguesas para que se consigam integrar no país de acolhimento, assim como manter a conexão familiar a Portugal.
Que linhas pretende seguir em relação às comunidades portuguesas caso seja eleito? E quais são os seus objetivos centrais?
Caso seja eleita, irei seguir uma perspetiva europeia na política portuguesa. Portugal tem muito a aprender com outros países da Europa. A vantagem de o Volt ser um partido europeu é que temos contacto direto com as experiências de políticas locais de países como Holanda, Suécia e Alemanha, onde o Volt já apresenta representantes eleitos. Os meus objetivos principais são a conexão entre mercados de trabalho, o voto digital e a desburocratização de processos consulares.
O que pode ser feito no sentido de se valorizar o trabalho consular português no estrangeiro?
Existe um desinvestimento claro nos consulados portugueses. Tem que ser avaliada a capacidade dos serviços consulares em prestar os serviços necessários aos portugueses emigrados e ajustar os recursos no sentido de os melhorar, que permita diminuir tempos de agendamento. Numa perspetiva europeia, é necessário desburocratizar: tornar processos de nacionalidade e de concessão de vistos mais céleres, assim como a harmonização de documentos pedidos por consulados diferentes para processos iguais.
Qual a importância do movimento associativo português nos países de acolhimento?
É incrível sentir a essência da cultura portuguesa quando se está fora de casa! Ter uma comunidade portuguesa no país de acolhimento garante que há um ponto de abrigo de pessoas que sabemos que falam a nossa língua e passaram pelos mesmos processos. É importante que Portugal cultive estas associações, e as apoie, de forma a estas poderem suportar a nossa população emigrante. O Volt pretende criar apoios e incentivos ao desenvolvimento de mais associações em várias localidades europeias.
O ensino da língua portuguesa deve sofrer alterações?
A língua portuguesa é uma das mais faladas no mundo, e merece, por isso, uma maior atenção por parte das instituições europeias, assim como maior apoio por parte do próprio governo português. O Volt defende o maior desenvolvimento de redes de escolas de língua portuguesa pela Europa, trazendo também mais postos de emprego aos portugueses cá fora. Por outro lado, defendemos a disseminação de filmes, livros e outros elementos culturais portugueses, de forma gratuita aos emigrantes que assim o desejem.
O que a comunidade portuguesa deve esperar das próximas eleições legislativas?
Ao eleger o Volt, a comunidade portuguesa na Europa pode esperar receber atenção ininterrupta para resolução dos nossos problemas. Como partido europeu, o Volt tem conhecimento e infraestrutura em vários países europeus, podendo oferecer apoio direto aos portugueses lá residentes. Traremos Portugal a todos os cantos da europa e a todos os eleitores, e faremos chegar políticas inovadoras ao parlamento português, graças aos eleitores de toda a europa.
Por fim, que mensagem deixa para os eleitores?
Numa altura em que a Europa está em crise, precisamos mais que nunca de uma voz europeísta convicta no parlamento português. E como portugueses pela europa, acreditamos que o Volt é a vossa voz! ■
