A Fundação Livraria Lello, em Matosinhos, Norte de Portugal, será palco de um momento considerado histórico para a literatura em língua portuguesa: a realização da primeira edição internacional da Fliporto, a Festa Literária Internacional de Pernambuco, que chega a Europa após duas décadas de existência no Brasil.
Para Rita Marques, presidente da Fundação, acolher o evento é “um marco simbólico e histórico” que representa a união entre “dois mundos literários que partilham a mesma língua e paixão pelas palavras”.
Em entrevista à nossa reportagem, esta responsável falou sobre a missão da Fundação, o papel que desempenha na promoção da cultura e do pensamento crítico, e o significado de trazer a Fliporto para o Mosteiro de Leça do Balio, transformando o espaço num ponto de encontro global da lusofonia.
A Fundação Livraria Lello é uma das instituições culturais mais emblemáticas de Portugal. Como descreve a missão da Fundação e o papel que desempenha hoje na promoção da literatura e da cultura em língua portuguesa?
A Fundação Livraria Lello nasce do propósito de, inspirada na herança da Livraria Lello — ícone maior da cultura portuguesa — estimular novas gerações de leitores e criadores. Promove o livro, o pensamento crítico e a língua portuguesa como pilares de identidade e instrumentos de diálogo global.
Receber a primeira edição internacional da Fliporto é um marco importante? O que levou a Fundação Livraria Lello a aceitar este desafio e quais foram os principais motivos para trazer o festival para Portugal?
Sem dúvida, é um marco simbólico e histórico. A primeira edição internacional da Fliporto representa o encontro entre dois mundos literários que partilham a mesma língua e paixão pelas palavras.

A Fundação aceitou este desafio por reconhecer na Fliporto um espírito de liberdade e diálogo alinhado com os seus valores. Trazer o festival para Portugal, e em particular para o Mosteiro de Leça do Balio, é celebrar a língua portuguesa como ponte entre continentes.
A Fliporto Brasil completa 20 anos como um dos maiores festivais literários do Nordeste brasileiro. O que representa acolher esta edição comemorativa e abrir o caminho para a internacionalização do evento em solo europeu?
É uma honra e uma responsabilidade. A Fliporto tem sido, ao longo de duas décadas, um espaço de liberdade intelectual e defesa da literatura como património vivo. Receber a sua edição de 20 anos é acolher uma herança de pensamento que ultrapassa fronteiras. Para a Fundação Livraria Lello, significa dar o primeiro passo na internacionalização de um evento que celebra a lusofonia em toda a sua diversidade.
A Fundação Livraria Lello tem desenvolvido um trabalho contínuo de valorização da língua portuguesa e de diálogo entre culturas. De que forma esta parceria com a Fliporto reforça essa missão?
A língua portuguesa é um património partilhado que nos une a mais de 260 milhões de pessoas. Esta parceria reforça o compromisso da Fundação em dar voz à diversidade da lusofonia, promovendo o encontro entre escritores, leitores e pensadores de diferentes geografias, mas que partilham uma mesma matriz cultural. O diálogo entre as literaturas do Brasil, de Portugal e dos países africanos de expressão portuguesa é essencial para construir uma comunidade cultural global, plural e contemporânea.
A literatura está a atravessar um momento de transformação, com novas linguagens e formatos a ganhar destaque. Como vê o papel da Fundação Livraria Lello no futuro da leitura e na criação de pontes culturais entre Portugal, o Brasil e o mundo lusófono?
Vivemos um tempo em que a literatura já não habita apenas o papel — expande-se para a performance. A Fundação Livraria Lello quer estar na vanguarda desta transformação, explorando novas formas de expressão sem perder de vista o essencial: o poder das histórias e das ideias. Ao promover o Fliporto Portugal 2025, reafirmamos o nosso papel de ponte entre passado e futuro, entre o livro e o leitor, entre Portugal e o mundo lusófono. A literatura continua a ser um território de liberdade — e é essa liberdade que queremos celebrar em Leça do Balio. ■