
Em visita ao Brasil, com passagem por São Paulo e Rio de Janeiro, onde se reuniu com as comunidades portuguesas, o almirante Henrique Gouveia e Melo, candidato independente à Presidência de Portugal, defendeu que a imigração deve ser tratada como uma oportunidade de crescimento económico e não como uma ameaça social. Este responsável afirmou que o país precisa “encontrar um sistema de equilíbrio” para lidar com a recente lei portuguesa que restringe a entrada de estrangeiros.
Em solo brasileiro, Gouveia e Melo reconheceu que o aumento da entrada de imigrantes, que fez crescer em quase 15% a população portuguesa em poucos anos, gerou pressão sobre os serviços públicos e a habitação, mas sublinhou que a imigração é “um motor de desenvolvimento económico” essencial para a sustentabilidade do país.
“Até 2100, se não contássemos com a entrada de imigrantes, a nossa população reduzir-se-ia de 11,5 milhões para cerca de seis milhões, criando problemas de sustentação à própria economia”, afirmou o almirante, que alertou que, sem o reforço populacional, Portugal enfrentará “uma pirâmide etária invertida que ameaça fortemente a economia e a segurança social”.
Ao comentar a nova lei que privilegia a entrada de trabalhadores “altamente qualificados”, o candidato defendeu que o mercado deve ditar as necessidades reais do país.
“Ambicionamos atrair gente mais qualificada para incorporar talento e tecnologia. Isso é um desejo, mas a economia é que decide, na prática, quem são as pessoas de que nós precisamos”, declarou.
Durante a viagem, o almirante recordou a sua passagem pelo Brasil na adolescência, quando viveu em São Paulo e estudou no Colégio Caetano de Campos.
“Eu próprio fui imigrante no Brasil e fui recebido de braços abertos. O Brasil é um exemplo de sociedade multicultural”, disse.
Além do tema da imigração, Gouveia e Melo apresentou uma visão geopolítica mais ampla, defendendo a formação de uma “nova economia transatlântica” com Brasil, Portugal e Angola como vértices de uma cooperação estratégica.
“Se soubermos operar esses três vértices, teremos todas as vantagens da Europa, da América do Sul e de África. Seremos um operador importante nesta nova economia transatlântica”, afirmou.
“Mais do que laços económicos e estratégicos, a relação entre Portugal e Brasil é construída numa história comum, de confiança, partilha e um olhar conjunto para o futuro. Portugal e Brasil são povos irmãos, que seguem lado a lado, numa união que cresce e se fortalece a cada nova geração”, finalizou o candidato.
Atualmente, com 64 anos, o almirante destacou-se durante a coordenação do plano nacional de vacinação contra a Covid-19 em Portugal, pela sua liderança técnica e disciplina. Agora, apresenta-se como candidato independente e define-se como “socialista democrático”. ■