Coimbra: “Há grandes oportunidades para os brasileiros”, revela António Albuquerque

Em entrevista, diretor do Departamento de Desenvolvimento Económico, Empreendedorismo, Competitividade e Investimento na Câmara Municipal de Coimbra defende ligação ao Brasil, aos EUA e à África como "ponte" para investimentos bilaterais e atração de talentos internacionais

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António Albuquerque, diretor do Departamento de Desenvolvimento Económico, Empreendedorismo, Competitividade e Investimento na Câmara Municipal de Coimbra. Foto: Agência Incomparáveis
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Coimbra tem assistido a uma nova dinâmica na atração de empresas nacionais e estrangeiras, fruto de um reforço de políticas públicas voltadas para a inovação, a simplificação de processos e a valorização do território, iniciativas que têm impulsionado a instalação de projetos empresariais de grande dimensão na região. Um movimento que decorre com maior intensidade desde a entrada em funções, em janeiro de 2023, de António Albuquerque como diretor do Departamento de Desenvolvimento Económico, Empreendedorismo, Competitividade e Investimento na Câmara Municipal de Coimbra.

Nos últimos meses, multinacionais e grupos portugueses de referência viram em Coimbra um “ecossistema favorável ao crescimento”, apostando na criação de centros de competências, unidades industriais e polos tecnológicos. Uma transformação que tem tido impacto direto na vida dos jovens da região, que agora encontram em Coimbra oportunidades para desenvolver carreira e qualidade de vida, sem a “necessidade de emigrar”. A mudança de ‘mindset’ promovida pela equipa de António Albuquerque, que está a fazer doutoramento na Universidade de Coimbra, assenta na “valorização do talento local, na qualificação dos recursos humanos e numa visão estratégica de desenvolvimento territorial que aproxima Coimbra dos grandes centros económicos nacionais e europeus”.

Segundo apurámos, em Coimbra, diversas empresas de grande porte operam em setores como tecnologia, automação, serviços financeiros, e indústria automóvel, com destaque para a instalação de centros tecnológicos e a criação de empregos qualificados. Empresas como a Airbus, PricewaterhouseCoopers (PwC), Deloitte, Constellation, Accenture e Génération estabeleceram-se em Coimbra, gerando centenas de postos de trabalho qualificados, com previsão de atingir mil. O Constellation Automotive Group, por exemplo, escolheu Coimbra para um centro tecnológico, impulsionando a área de tecnologia na região. A lista conta com muitas outras empresas, como a Critical Software. A região tem atraído investimentos em setores de alta tecnologia e serviços, impulsionando o crescimento económico e a criação de oportunidades de emprego qualificado, gerando alterações importantes na economia local.

“O meu departamento tem grandes responsabilidades, sobretudo em duas áreas específicas: atração de investimento, que trata de tudo o que seja para captar investimento para o concelho de Coimbra; e tomar conta, obviamente, de todo o tecido económico que existe em Coimbra. Estamos a conseguir fazer esse equilíbrio com todos. Tratamos também das candidaturas a todos os fundos que existam, seja a CCDR, CIMs, União Europeia, etc. Onde houver dinheiro, projetos, possibilidades de capital e financiamento, nós estamos atentos”, exemplificou António Albuquerque, que considera que Coimbra está, neste momento, “no radar do investimento empresarial, seguramente, e nós vamos tentar aproveitar esta oportunidade o mais rápido possível”.

Depois de uma passagem de sucesso por Figueira da Foz e Cantanhede, onde, neste último caso, o trabalho possibilitou a atração de um conjunto de multinacionais, e, “em dois anos, conseguimos captar cerca de 44 empresas que impactaram o conselho em mais de 500 milhões de euros”, Albuquerque assumiu funções em Coimbra em 1 de janeiro de 2023, onde o seu trabalho tem ganhado uma nova dimensão.

“Devemos olhar para Coimbra do ponto de vista da atração de talentos. Sobretudo perceber que as empresas podem instalar-se em Coimbra porque, quando uma empresa se instala a cidade, imediatamente vai instalar um canal. Isto é, o nosso talento vai para outros países, mas também vem para cá. Obviamente que, com estas empresas, geramos grandes oportunidades, porque estamos a falar de ‘players’ mundiais”, mencionou António Albuquerque, que revela que uma das apostas centrais está na valorização de talentos.

“Coimbra, com a sua universidade, com o seu Politécnico, com todas as instituições de ensino superior que hoje tem, produz, todos os anos, mais de 8.500 talentos nas várias áreas do conhecimento. Entre licenciados, mestres, doutores. É difícil encontrar paralelo com isto em Portugal, e também na Europa e no mundo. Esta é a grande mais-valia de Coimbra. Porém, grande parte deste talento estava a fugir de Coimbra, pois não havia oportunidades. Havia conhecimento, capacitação, mas não pontos de trabalho. E foi o que percebemos, quando cheguei em 2023”, disse Albuquerque, que sublinhou ter sido necessário “consolidar o ecossistema existente, isto é, tratá-los bem, dizer-lhes o que é vocês precisam, dar-lhes atenção, estar junto deles e perceber isto. E depois, tentar captar investimento de forma a que estes alunos pudessem ficar na região a viver e a trabalhar”.

Albuquerque reconhece que Coimbra “não dispõe hoje de grandes edifícios para ter empresas”, então, “tivemos de ter uma estratégia dentro daquilo que era possível”.

“Quando chegámos a Coimbra havia meia dúzia de empresas no estádio municipal de Coimbra, hoje, estão 23 empresas no local. Estamos a caminho da 24.ª. Com todo este cenário, hoje já são milhares os jovens que têm oportunidades em Coimbra”, frisou Albuquerque, que defende novas abordagens ao tecido empresarial na região.

“Nós temos um excelente ecossistema, que, antigamente, a Câmara Municipal não liderava. Hoje, nós lideramos com classe, com cuidado, com educação, com elevação, fazendo o nosso papel, que é de ligação e fazer com que as conexões aconteçam. E com isto, conseguimos, obviamente, não só captar empresas, mas também evitar que alguns dos muitos talentos que estavam a fugir de Coimbra permaneçam na região”, confirmou este diretor, que explicou também o trabalho feito com os comerciantes em Coimbra, sobretudo da Baixa da cidade, para que “passem a ter bons negócios”.

“Estamos a infraestruturar a Baixa, a dar capacitação aos empresários, a melhorar muito o ambiente e o ecossistema da Baixa para que depois possa ser evidente para eles que o volume de negócios suba, as atividades fiquem diferenciadas”, disse.

“Há grandes oportunidades para os brasileiros em Coimbra”

Sobre a relação do município com outros países, Albuquerque considera que Coimbra “beneficia muito”.

“Hoje, a cidade tem ligações claras com os países de língua oficial portuguesa. Temos ligações muito fortes com o Brasil e com a América do Sul, mas, sobretudo, também com a África. Mas também há outras ligações muito fortes com os EUA e a China. E nós beneficiamos naturalmente dessas ligações”, frisou Albuquerque, que reconhece algum trabalho adicional que será ainda necessário realizar.

“Ainda não conseguimos fazer o caminho de volta, isto é, os americanos que venham investir em Coimbra e que regressam. Que olham para cá como um local de investimento. Eu acho que esse é o próximo caminho. No caso do Brasil, já é bidirecional, claramente. Há grandes oportunidades para os brasileiros em Coimbra e há grandes oportunidades para os portugueses no Brasil na área farmacêutica e de tecnologia, com foco em São Paulo, no Rio de Janeiro e no Sul do país”, adicionou Albuquerque, que confessa que “existem muitos pedidos para sediar-se empresas brasileiras em Coimbra, e vamos fazê-lo brevemente”.

“O que nos move é mesmo a paixão de podermos dar aos nossos filhos e às gerações que chegam a Coimbra uma esperança enormíssima de trabalharem e viverem na cidade, na região”, finalizou António Albuquerque. ■

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