De Pena a Miró: vinte anos depois, Fliporto volta a “cantar” o Recife

Festival literário celebra duas décadas de existência com homenagens a grandes poetas pernambucanos, diálogo entre artes e uma programação que une Brasil, Portugal e o universo da língua portuguesa

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Parque Dona Lindu, em Boa Viagem, Recife. Foto: Luciano Ferreia/PCR
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A Festa Literária Internacional de Pernambuco (Fliporto) 2025 celebra duas décadas de existência com uma programação dedicada à língua portuguesa, às artes e à sustentabilidade. O evento decorre de 13 a 16 de novembro, no Parque Dona Lindu, em Boa Viagem, Recife, com atividades no Teatro Luiz Mendonça e no Espaço Janete Costa.

A abertura da Fliporto Arte ocorre na quinta-feira, 13 de novembro, às 13h, no Espaço Janete Costa, com uma Feira de Artes Plásticas e, às 19h, a cerimónia oficial de abertura. O espaço acolherá exposições, palestras e experiências gastronómicas conduzidas pelo chef César Santos. A mostra homenageia o centenário de Reynaldo Fonseca e inclui uma exposição fotográfica de Gabriel Wickbold, reunindo galeristas, artistas e coletivos de todo o país.

A Fliporto Literária inicia-se na sexta-feira, 14 de novembro, às 15h, com uma performance da Literatrupe, a exibição de um vídeo comemorativo dos 20 anos da Fliporto, que será um evento Carbon Free, e uma palestra do jornalista e escritor Mário Hélio sobre Carlos Pena Filho. Os homenageados desta edição são os poetas Carlos Pena Filho e Miró da Muribeca, dois nomes marcantes da poesia pernambucana.

Entre os destaques da programação estão a reedição do “Livro Geral” de Carlos Pena Filho, o espetáculo teatral e musical Carlos Pena e Miró Cantam o Recife, criado e dirigido por Ronaldo Correia de Brito, e palestras de Wellington Melo e Mário Hélio sobre a poética dos homenageados. O evento encerra-se no domingo com uma homenagem especial a Dom Hélder Câmara, numa roda de poesia dedicada à paz.

O espaço Fliporto Cordel – Imeph reunirá mais de dez cordelistas em tributo a Xico Pedrosa, enquanto a Livraria do Jardim será o ponto central para lançamentos e sessões de autógrafos, recriando o ambiente do histórico Bar Savoy como café literário.

Pelo segundo ano consecutivo, a Fliporto recebe a cerimónia de entrega do Prémio Caminhos de Literatura, coordenado por Henrique Rodrigues. A vencedora de 2025, Paula Novais, participará de uma mesa especial ao lado de Airton Souza e Henrique Rodrigues, e apresentará o seu romance Gaiolas de concreto armado.

O evento reforça o seu compromisso ambiental, com compensação de emissões de carbono e ações de educação ecológica, incluindo homenagens aos baobás de Pernambuco e atividades de preservação da Caatinga. O Instituto Cervantes realiza, em paralelo, atividades infantis e oficinas criativas voltadas para o público infantil.

O curador e fundador do festival, Antônio Campos, sublinha o simbolismo desta edição.

“Celebrar 20 anos da Fliporto é celebrar a palavra e o diálogo, de uma festa literária que é património dos pernambucanos. A festa nasceu para aproximar as pessoas da literatura e do pensamento, formar leitores, e o seu crescimento ao longo destas duas décadas é prova do poder transformador da cultura”, afirmou Campos, que destacou ainda o caráter internacional da Fliporto.

“A Fliporto é um espaço de encontro entre línguas, ideias e povos. Passou por Portugal, na edição de outubro em Matosinhos, e regressa a Pernambuco com o mesmo espírito de intercâmbio que sempre a guiou, tendo tido nesses 20 anos uma programação internacional”.

A edição portuguesa, realizada de 23 a 25 de outubro, em Matosinhos, em parceria com a Fundação Livraria Lello, marcou o início das comemorações dos 20 anos e consolidou os laços entre Brasil, Portugal e os países de língua portuguesa, tendo lançado a proposta de uma Bienal da Lusofonia.

Em declarações à nossa reportagem, Rita Marques, presidente da Fundação Livraria Lello, sublinhou a importância da parceria que resultou no evento em Portugal.

“A Fliporto Portugal afirmou-se como um espaço de encontro entre culturas, ideias e afetos. Foi um momento em que a literatura se projetou como ponte entre Portugal e o mundo, celebrando a lusofonia e o poder transformador das palavras. Ao reunir autores, pensadores e leitores de diferentes geografias, mostramos que o livro continua a ser um território de liberdade. É este diálogo, entre tradição e inovação, entre o papel e o digital, que dá sentido à missão da Fundação Livraria Lello: preservar a herança literária e, ao mesmo tempo, reinventar o modo como a cultura nos une”, disse.

Por seu turno, a comissária da Fliporto Portugal, Avelina Ferraz, reforçou que “a participação na Fliporto Portugal, realizada na Fundação Livraria Lello, representou um importante momento de celebração da língua portuguesa e da cultura lusófona”.

“O encontro destacou o papel da literatura como elo entre povos e territórios que partilham a mesma herança linguística, promovendo o diálogo, a diversidade e a cooperação cultural. Após 20 anos de edição no Brasil, reafirmamos o compromisso da valorização da língua portuguesa como instrumento de criação, conhecimento e identidade comum, unindo autores, editores e leitores em torno da palavra que nos define e aproxima”, frisou esta responsável.

A edição de 2025 da Fliporto Brasil contará com 18 mesas e painéis no Teatro Luiz Mendonça, reunindo escritores, jornalistas e investigadores, entre os quais Morgana Kretzmann, Lucilo Varejão Neto, Francisco Dacal, Maciel Melo, Mário Hélio, Ronaldo Correia de Brito, Iara Lemos, Maria Valéria Rezende, Henrique Rodrigues, Tito Leite, Ígor Lopes e José Manuel Diogo.

A Fliporto conta com o apoio da Caixa Econômica Federal, Governo de Pernambuco/Fundarpe, Porto Digital, Livraria do Jardim, Imeph Editora, Instituto Camões, Instituto Cervantes, Instituto Dom Hélder Câmara, Instituto Asa Branca, Uninassau, Pitú, Tintas Iquine, entre outras entidades culturais e educacionais.  ■

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