Delegada, professora e escritora: Roberta Trevisan apresentou série infantojuvenil em Lisboa

Autora brasileira levou à capital portuguesa a série “Matilda e...”, combinando as recordações da infância

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Roberta Trevisan, escritora
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A escritora brasileira Roberta Marques da Rocha Trevisan marcou presença na edição deste ano da Feira do Livro de Lisboa com os três primeiros volumes da série infantojuvenil “Matilda e…”: “Matilda e o Clube de Leitura”, “Matilda e o Mistério da Biblioteca” e “Matilda e o Detetive Hércules”. Delegada de Polícia no Estado do Rio Grande do Sul, no Brasil, desde 2010, Roberta, recentemente, voltou a escrever, uma paixão antiga, que agora ganha novas asas, com foco no universo da infância. Com formação académica em Direito e diversas especializações, incluindo em Ontopsicologia e Pedagogia Ontopsicológica, a autora tem ainda um percurso como professora universitária, além de colaborações em antologias premiadas no Brasil.

A série “Matilda” narra, a cada livro, uma nova aventura passada numa estação do ano, com histórias que resgatam o encanto da leitura, os mistérios da descoberta e a força das pequenas grandes perguntas que marcam o crescimento. A apresentação em Lisboa foi feita em colaboração com a In-Finita Editorial. Em entrevista à nossa reportagem, Roberta Trevisan recordou a sua passagem pela capital portuguesa e o trabalho em formato série que apresenta aos mais novos.

Que livros apresentou na feira do livro de Lisboa este ano?

Os três livros da série infantojuvenil “Matilda e…”: “Matilda e o Clube de Leitura”, “Matilda e o Mistério da Biblioteca” e “Matilda e o Detetive Hércules”. Cada livro se passa em uma estação do ano, e o quarto está em processo de criação.

Qual a motivação em escrever essas obras e por que decidiu enveredar pela escrita infantojuvenil?

A vida nos faz perguntas a cada minuto e a minha sempre me questionou quando eu escreveria um livro. Parto da premissa de que um livro para crianças precisa que sair de dentro de uma, por isso é importante explicar como o mundo da leitura e da escrita se abriu para a criança em mim. Minhas primeiras lembranças da escrita estão na casa da minha avó. No colo dela, na verdade. Eu sei que ainda não estava em processo de alfabetização, porque me lembro da sua expressão de encantamento ao ver-me emendar as letras do meu nome uma na outra, tentando uma caligrafia cursiva. A partir daí nunca mais deixei de me aventurar com as letras. Na terceira série eu já escrevia histórias, sendo que “A florzinha feliz” foi eleita para ser usada na prova com a turma. E, naquela folha mimeografada, com cheiro forte de álcool — as crianças de hoje não fazem ideia do que eu estou falando —, logo abaixo do texto, havia o desenho de uma flor com sete pequenos espaços a serem preenchidos. Os colegas deveriam colocar ali o nome da autora do texto: R-O-B-E-R-T-A. Minha primeira publicação foi emocionante! Depois disso, lembro-me de ter lido muitos livros, até que, aos 12 anos, fui apresentada a Agatha Christie e imediatamente tragada por sua atmosfera. Tenho ainda muito presente a emoção de conhecer Hercule Poirot e, quando fecho os olhos, sinto o cheiro daqueles livros antigos, que costumava ir buscar em uma biblioteca próxima à minha casa. O mundo dos mistérios e as tramas de detetive se tornaram parte da minha vida e eu continuei a escrever histórias. Muitas delas fizeram sucesso na escola. Então eu cresci. As leituras detetivescas continuaram e eu seguia sonhando em ser escritora. Contudo, por algum motivo que até hoje desconheço, parei de escrever. Formada em Direito, tornei-me Delegada de Polícia. Dos livros para a vida, as histórias policiais perderam o romance. Deixei de criar, mas nunca deixei de me sentir incompleta por isso. Abandonei a escrita, mas não a leitura e, com o tempo, entendi que precisava me resgatar. Aprendi com o grande mestre Rodrigo Gurgel que ser escritor é um trabalho árduo, que exige disciplina e suor derramado. Recomecei a contar pequenas histórias no papel. Uma ou outra até foram publicadas. Então voltei a escutar aquela antiga pergunta, que eu mesma tinha feito silenciar: e o livro? Eu sabia que ele precisava nascer, mas me faltava o mais importante: a história e os seus destinatários. Eu pensava loucamente sobre isso e já parecia que o projeto não sairia do mundo das ideias. Aí eu recebi um sábio conselho: “apenas fique atenta; não pense”. Resolvi acatar e tudo se resolveu, de fato, quando eu parei de pensar. Contudo, a resposta não veio em uma biblioteca ou em uma livraria, como se poderia imaginar. Era julho de 2019 e eu estava no salão de beleza, em meio ao falatório alegre que costuma pairar como uma névoa sobre este tipo de ambiente, quando entrou na sala uma menina de cerca de 9 anos com um livro aberto no peito. Para mim, tudo ficou em silêncio. Quase não dava pra ler o título, pois ela se agarrava ao livro como outra criança qualquer se agarraria a um iPhone, mas eu me esforcei e consegui: “A garota detetive”. Ri comigo mesma, afinal, além de ter passado a vida lendo histórias policiais, eu havia me tornado uma garota detetive. Voltei no tempo em que eu era aquela menina e aquele livro era meu. Então entendi: é para lá que devo ir, para a infância, para o começo, para a descoberta. Dessa vez, do lado de dentro das palavras. Naquela noite, Matilda nasceu. Meus livros foram escritos para toda e qualquer criança. Comecei esta nota me dirigindo a um adulto, e espero encerrar conversando com a criança dentro dele.

Como está a ser a experiência com a In-Finita Editorial?

Graças ao incansável trabalho de In-Finita, meu livro começa a ser conhecido em Portugal. A apresentação na Feira do Livro de Lisboa foi incrível, fui tratada com muito carinho e respeito, e a repercussão em Portugal é sentida diariamente no Brasil, sendo uma das razões pelas quais os livros estão sendo bastante procurados.

Quem é Roberta Marques da Rocha Trevisan?

É Graduada em Direito pela Universidade Franciscana – UNIFRA. Especialista em Direito Constitucional pela Universidade do Sul de Santa Catarina -Unisul – em parceria com o Instituto Brasiliense de Direito Público – IDP. Especialista lato sensu pelo MBA Business Intuition – Identidade Empresarial – pela Antonio Meneghetti Faculdade – AMF. Especialista em Ontopsicologia pela AMF. Pós-graduanda em Pedagogia Ontopsicológica – Inovação em competências humanas – pela AMF.

Hoje, atuo como Delegada de Polícia do Estado do Rio Grande do Sul desde 2010; Professora universitária entre 2013 e 2021 (Faculdade de Direito de Santa Maria – FADISMA – e Faculdade Antonio Meneghetti – AMF); e escritora de ficção, com a seguintes publicações: Contos: Subterrâneo – publicado em duas antologias – 1.Rupturas” – ed. Dedalus, 2020 – e 2. “Entre caveiras, lupas e sótãos – contos de terror, suspense e mistério” – Selo Off Flip, 2023. A delegacia – conto finalista do Prêmio Off Flip de Literatura 2021 e A espera – conto selecionado do Prêmio Off Flip de Literatura 2022. Romances infantojuvenis: Matilda e o Clube de Leitura – primeira edição: janeiro de 2022; segunda edição: outubro de 2022, pela editora Vitrola. terceira edição: agosto de 2024, pela editora Vitrola. Matilda e o Mistério da Biblioteca maio de 2024, pela editora Vitrola. Matilda e o Detetive Hércules – maio de 2025, pela editora Vitrola. ■

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