
Lideranças globais da comunidade madeirense reuniram-se nos dias 25 e 26 de julho, no Funchal, para debater identidade, participação política e desenvolvimento econômico. As conclusões do Conselho da Diáspora Madeirense e do Fórum Madeira Global convergiram na defesa da criação de um círculo eleitoral para os emigrantes, além de propostas para fortalecer vínculos culturais, ampliar investimentos e intensificar a união das comunidades no exterior.
Foco na participação política e social
O Conselho da Diáspora Madeirense reuniu-se em 25 de julho no Palácio do Governo Regional, sob a presidência do diretor regional das Comunidades, Sancho Gomes, com a presença de conselheiros de 13 países e territórios. O encontro tratou do fortalecimento dos laços com os madeirenses no exterior, com ênfase na ampliação da participação política e no reforço do apoio social.
O órgão propôs a criação de um círculo eleitoral da diáspora para a Assembleia Legislativa da Madeira, permitindo que residentes no exterior elejam representantes próprios. Também sugeriu a adoção do voto eletrônico para garantir acessibilidade e segurança, diante da ineficiência do voto por correspondência em diversos países.
Houve ainda destaque para a renovação geracional no movimento associativo, com incentivo à participação de jovens, e para medidas de apoio social a emigrantes em situação de vulnerabilidade. Entre as reivindicações específicas, está a abertura de um Consulado Geral em Miami, na Flórida.
A conectividade aérea foi outro ponto de preocupação, com críticas à falta de voos diretos da TAP para regiões com grandes comunidades madeirenses, como África do Sul e Canadá, e à redução das ligações com a Venezuela. O conselho defende a restauração dessas rotas e maior diálogo com o Governo da República para assegurar que a companhia cumpra seu papel estratégico na ligação com a diáspora.
Desenvolvimento económico e laços culturais
No dia seguinte, 26 de julho, o Fórum Madeira Global 2025 reuniu participantes no Funchal para discutir o tema “Autonomia – Identidade e Desenvolvimento”. O evento reforçou a importância da autonomia tanto para o desenvolvimento regional quanto para a valorização dos emigrantes.
Entre as propostas, está a criação de redes de parceria entre a diáspora e empresários locais, de modo a atrair investimentos para a ilha. O fórum defendeu a continuidade da desburocratização e a redução de impostos, com apoio de organismos como o Invest Madeira e o IDE para viabilizar projetos.
A preservação da identidade cultural foi outro ponto abordado, com sugestões como a criação de um museu da emigração e a inclusão, em futuras edições, de painéis sobre países de acolhimento. Também foi reiterada a necessidade de restabelecer a ligação aérea Lisboa–Joanesburgo, interrompida desde 2011.
Assim como o Conselho da Diáspora, o fórum apoiou a criação do círculo eleitoral para emigrantes, reforçando a convergência entre as duas instâncias. ■