“Festas d’Agonia 2025”: Viana do Castelo reforça laços com a diáspora lusa

Rancho Folclórico Maria da Fonte, da Casa do Minho do Rio de Janeiro, estará presente no evento

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Luís Nobre, presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo. Foto: CMVC/divulgação
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As Festas em Honra de Nossa Senhora da Agonia, o maior evento popular de Viana do Castelo, na região Norte de Portugal, voltam a afirmar-se em 2025 como ponto de encontro entre tradição, fé e identidade global, com uma expressiva participação da diáspora portuguesa. Este ano, destaca-se novamente a presença de um grande número de integrantes das comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo, além da participação de grupos de expressão cultural minhota, como o Rancho Folclórico Maria da Fonte, da Casa do Minho do Rio de Janeiro, que regressa ao cortejo etnográfico, reforçando os laços entre Portugal e o Brasil.

A autarquia vianense acredita que as festas auxiliam na valorização contínua da ligação da cidade e da região aos emigrantes, especialmente aos luso-descendentes que mantêm vivo o vínculo às raízes minhotas. Com comunidades ativamente envolvidas em dezenas de países, a Romaria d’Agonia assume-se como um espaço simbólico de reencontro e pertença, num tempo em que os afetos, os trajes, as danças e os cantares superam fronteiras.

Em entrevista à nossa reportagem, o presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo, Luís Nobre, sublinha que este intercâmbio cultural e institucional tem gerado impactos duradouros, tanto ao nível turístico e económico como na projeção internacional da identidade vianense. A geminação com cidades do mundo onde há comunidade minhota e o apoio a grupos culturais no estrangeiro são apenas alguns exemplos dessa dinâmica que transforma o regresso à terra num verdadeiro ato de celebração coletiva. As Festas em Honra de Nossa Senhora da Agonia acontecem em Viana do Castelo de 12 a 20 agosto.

Como está a ser articulada a participação da diáspora portuguesa nas Festas d’Agonia deste ano? Há alguma representação formal de comunidades luso-descendentes no programa oficial? Que países estarão presentes?

As Festas em Honra de Nossa Senhora da Agonia são vividas e sentidas com fé, devoção, amor e saudade. São verdadeiramente as festas que representam as quarenta freguesias de Viana do Castelo, os seus usos e costumes, as suas tradições e elementos distintivos. Talvez por isso, estas são festas que contam sempre com uma forte participação da nossa diáspora. Sabemos que o mês de agosto é, por excelência, o mês do regresso dos nossos emigrantes. É um mês de afetos, de saudade, de reencontro. Por isso mesmo, também sabemos que os emigrantes vianenses, espalhados pelos quatro cantos do mundo, fazem questão de regressar à casa nesta altura e de marcar presença na nossa Romaria d’Agonia. Estas são, pois, festividades com uma emoção particularmente relevante, com emoções à flor da pele, com uma “chieira” (que é mais do que orgulho) muito tipicamente vianense. Tudo isto para lhe dizer que, ano após ano, a diáspora portuguesa faz questão de estar presente nas Festas em Honra de Nossa Senhora da Agonia. Para a diáspora, é mesmo um ponto de honra poder regressar a casa e fazer parte da nossa festa. Não lhe posso destacar um ou dois países, por temos dezenas de países que, de alguma forma, são representados na nossa Romaria – seja com elementos que se apresentam para desfilar no Desfile da Mordomia, seja com grupos que integram o Cortejo Histórico e Etnográfico, seja com tocatas que se apresentam pelas ruas do centro histórico e que se integram na festa de forma espontânea.

Presença das comunidades portuguesas emigradas nas festividades valoriza promoção da cultura minhota

Viana do Castelo tem mantido um diálogo próximo com portugueses espalhados pelo mundo. Que tipo de cooperação institucional tem sido desenvolvida com países que acolhem grandes comunidades vianenses, como França, Suíça, Canadá, Estados Unidos ou Brasil?

Viana do Castelo é um concelho acolhedor e, dentro da nossa natural hospitalidade, obviamente que é nosso objetivo manter e reforçar o nosso relacionamento com os vianenses a residir no estrangeiro. Desde 2010 que a Câmara Municipal de Viana do Castelo conta com um Gabinete de Apoio ao Emigrante, que visa esclarecer e orientar os vianenses que emigraram e agora pretendem regressar à casa. Este serviço, em parceria com o Ministério dos Negócios Estrangeiros, recebe os vianenses, com o objetivo de os ajudar numa boa integração no regresso à terra onde nasceram, trabalhando ainda as relações que os emigrantes criaram com instituições estrangeiras durante os anos de emigração. Temos um programa de geminações cada vez mais forte e robusto, que visa, genericamente, o desenvolvimento de projetos de intercâmbio nos domínios de interesse partilhado (ambiente, cultura, ciência, desporto, economia, educação, indústria, tecnologia, entre outras áreas de cooperação), com vista à difusão recíproca da cultura dos municípios geminados e ao aproveitamento das oportunidades de cooperação. Nos últimos dois anos, temos intensificado as relações com a diáspora, caso do Canadá, com a presença de uma embaixada cultural este ano, a geminação com Andorra estabelecida em 2024 e com os municípios de Esteban Echeverria e Mar del Plata, Argentina, já este ano, muito pelo impulso das comunidades portuguesas, especialmente vianenses, que residem nesses países. Para além disso, apoiamos os nossos embaixadores culturais, designadamente os nossos Grupos Folclóricos, nestas deslocações internacionais que também se relacionam muitas das vezes com a diáspora, nomeadamente Grupo Folclórico de Danças e Cantares de Alvarães, que esteve na Argentina em maio, e a deslocação de 21 representantes de 9 grupos do concelho ao Canadá. Naturalmente que os países onde temos mais emigrantes são aqueles com quem temos relações mais estreitas, o que tem permitido às nossas coletividades, associações, clubes, empresários e entidades diversas apresentar-se um pouco por todo o mundo. Só tenho de lhes agradecer o amor que têm por Viana do Castelo e a oportunidade que nos dão para podermos apresentar a nossa cultura e a nossa história nos mais diversos eventos. Os convites, mútuos e constantes, promovem uma salutar troca de ideias, experiências, culturas e conhecimentos.

A cidade acolhe anualmente muitos emigrantes por altura das festas. Que medidas foram preparadas em 2025 para garantir uma integração simbólica e afetiva desta comunidade durante o evento?

Viana do Castelo

Viana do Castelo sente de forma muito particular o regresso dos seus emigrantes a casa nos períodos de férias maiores, nomeadamente no Verão e no Natal. Por isso mesmo, trabalhamos afincadamente nos programas culturais que promovemos nestas alturas, por acreditarmos que é precioso oferecer tudo aquilo que de melhor temos a quem nos visita nestes períodos de férias/períodos festivos. No Verão, os nossos emigrantes vivem com particular intensidade as nossas festas, promovidas nas nossas freguesias, sendo a Romaria d’Agonia o ponto alto da nossa agenda cultural anual. A verdade é que as Festas em Honra de Nossa Senhora da Agonia são o expoente máximo das tradições, dos usos e costumes de Viana do Castelo. Entrar na Romaria é sentir a genuinidade de todos aqueles que se entregam de forma abnegada à preparação e participação dos vários quadros: nas procissões, nos desfiles, no cortejo e nos festivais que compõem a festa, entre muito mais, tornando-a verdadeiramente única. Não sentimos necessidade de preparar medidas específicas para os acolher, pois são os nossos emigrantes que fazem questão de se integrar, de abraçar a terra e as suas tradições. Os nossos emigrantes podem estar longe, mas têm sempre o coração em Viana, pelo que a Romaria lhes é particularmente querida.

Existe algum projeto da autarquia para reforçar laços com os luso-descendentes que já nasceram fora de Portugal, mas mantêm raízes familiares em Viana do Castelo?

Não temos nenhum projeto específico para os luso-descendentes que já nasceram fora de Portugal, mas fazemos questão de receber todos de braços abertos e de trabalhar as diversas relações existentes.

Que impacto económico e cultural tem tido a presença da diáspora na dinamização das Festas d’Agonia, tanto ao nível do turismo como do intercâmbio cultural e comercial?

Os nossos emigrantes são a mais bela prova de que, passem os anos que passarem, o amor pela terra onde nasceram não esmorece. Por isso, é sempre com emoção que acompanho o trabalho das associações, instituições ou dos grupos que, além-fronteiras, fazem questão de promover aquilo que é nosso. Por isso mesmo, não posso deixar de valorizar o trabalho de excelência da diáspora lusa, que faz com que o longe se torne perto, aproximando quem está cá e quem está lá, unindo os nossos emigrantes às suas raízes. Os cerca de dois milhões de portugueses espalhados pelo mundo são verdadeiros embaixadores do nosso país, das nossas tradições, de tudo aquilo que nos distingue e nos identifica. Os emigrantes vianenses projetam a cidade, o concelho, dão-lhe visibilidade e notoriedade. A diáspora tem um papel de enorme relevo ao nível do turismo, do intercâmbio e partilha cultural e até economicamente, pois os emigrantes promovem o nome de Viana do Castelo e das nossas empresas além-fronteiras, “abrindo portas” e gerando oportunidades de negócio no estrangeiro.

Este ano, o Rancho Maria da Fonte, da Casa do Minho do Rio de Janeiro, estará novamente presente nas celebrações. Como estão as relações com a diáspora no Brasil e com a entidade minhota no Rio de Janeiro?

Em 2018, o Município de Viana do Castelo firmou o acordo de geminação com o Rio de Janeiro, tendo em conta os laços de amizade existentes entre as duas cidades. De forma a ampliar estes laços, as duas cidades decidiram geminar-se para promover programas e projetos de intercâmbio cultural, artístico, musical, desportivo e turístico, com vista a desenvolver o conhecimento recíproco das suas atividades para aproximar os cidadãos. É dentro deste contexto de partilha que, a cada ano, temos contado com a colaboração da Casa do Minho do Rio de Janeiro na nossa Romaria d’Agonia, um claro sinal do apreço que a instituição brasileira tem por Viana do Castelo e pelos vianenses. Por isso mesmo, é “Instituição de Mérito de Viana do Castelo” desde 2014, distinção atribuída por altura do nonagésimo aniversário da coletividade que se tem dedicado à divulgação da cultura portuguesa no Brasil, através da dança, dos cantares e dos trajes da região do Minho. E também sinal das excelentes relações existentes o facto de o falecido presidente da Casa do Minho no Rio de Janeiro, Agostinho da Rocha Ferreira dos Santos, ter sido presidente da Comissão de Honra da Romaria d’Agonia 2018. Foi ainda galardoado “Cidadão de Honra” de Viana do Castelo em 2017. Acreditamos que estes convites e distinções institucionais serviram para entrelaçar ainda mais as duas culturas e foram um sinal para os nossos amigos do Brasil de que a nossa hospitalidade é total.

Onde pode ser conhecido o programa da Romaria?

Pode ser consultado em: https://festasdagonia.com/programa/ ■

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