
Durante o encerramento da primeira edição da Festa Literária de Pernambuco – Fliporto Portugal, o curador-geral Antônio Campos sublinhou a importância do evento em território português e o papel da língua como elo entre as nações lusófonas.
“Quero registar a nossa grande alegria com esta primeira edição da Fliporto Portugal, agradecendo à Rita Marques, presidente da Fundação Livraria Lello, que tão bem nos acolheu”, afirmou António Campos, que fez ainda questão de reconhecer “o belo trabalho da comissária Avelina Ferraz na curadoria da programação em solo português”.
Este responsável destacou que a missão da festa literária é “criar e alargar pontes entre Portugal, Brasil e todo o universo da lusofonia”. Acrescentou que, embora o festival acolha outras vozes e línguas, “o núcleo do nosso pensamento estratégico é a língua portuguesa que nos une”.
Ao apresentar o poeta brasileiro Carlos Pena Filho, Campos recordou a ligação do autor a Portugal.
“Temos uma alma ibérica e um coração pulsante em Portugal. Carlos Pena é um desses pontos. Filho de um português e de uma brasileira”, disse o curador, que acredita que essa vivência moldou a sensibilidade do poeta.
“As obras são sempre coletivas, com influências diversas. No caso de Carlos Pena, sentimos ecos de Portugal nas suas palavras”, frisou.
Antônio Campos revelou ainda que a nova edição luso-brasileira do “Livro Geral” de Carlos Pena Filho, editado especialmente pela “Novembro” em Portugal, no âmbito da Fliporto Portugal, é a primeira a receber ISBN, algo inédito nas anteriores publicações no Brasil. O lançamento foi autorizado por Edna Canalião, viúva e guardiã da obra do poeta, “muito feliz por ver este reconhecimento em Portugal”, referiu o curador, acrescentando que a edição reúne quatro títulos e traz um prefácio inédito.
O curador evocou também as relações literárias de Carlos Pena Filho com nomes de renome da lusofonia e da literatura mundial.
“Foi admirado por Ariano Suassuna, Jorge Amado e Pablo Neruda, que chegou a editar “Memórias do Boi Serapião”. É um poeta que permanece vivo e amado, um elo entre Brasil e Portugal”.

Encerrando a sessão, Campos leu um excerto emblemático do autor, destacando-o como “poeta do azul”:
“Então pintei de azul os meus sapatos, por não poder de azul pintar as ruas…”.
“Essa poesia, ao mesmo tempo simples e profunda, simboliza bem o espírito da Fliporto: a arte que atravessa oceanos e mantém viva a língua que nos une”, concluiu António Campos.
Painéis finais valorizam nomes luso-brasileiros
Antes do encerramento, às 16h, decorreu o painel intitulado “Joaquim Nabuco, Luís de Camões e Os Lusíadas”, com as participações de Antônio Campos e João Morgado, um debate que explorou como Joaquim Nabuco, diplomata e intelectual brasileiro com raízes portuguesas, dialogou com a obra de Camões, central na afirmação da língua e da cultura lusófona.
O segundo momento, às 18h30, assinalou o lançamento em Portugal de Livro Geral, do poeta brasileiro Carlos Pena Filho, apresentado por João Morgado. Pena Filho viveu em Portugal entre os oito e os doze anos, ficando evidente nessa circunstância a sua dupla pertença cultural. A edição portuguesa do “Livro Geral” reforça o propósito do festival de promover a literatura da lusofonia num espaço de encontro que transcende o Atlântico.
Antes do início do evento em Portugal, Antônio Campos acompanhou a apresentação, na Livraria Lello, da cantora e ministra da Cultura do Brasil, no âmbito de um “concerto-falado”, moderado pelo músico português Pedro Abrunhosa.
Em novembro decorre a edição brasileira da Fliporto, entre os dias 13 e 16, que servirá para celebrar 20 anos da existência do festival. ■




