
O primeiro programa aeronáutico completo em Portugal, cujo objetivo é “desenvolver, industrializar, operar e comercializar uma aeronave regional ligeira, o bimotor LUS-222”, teve um pouco mais de 220 milhões de euros investidos, segundo fontes. Inclusive para a construção da fábrica, em Ponte de Sor, Portugal, projetada para a montagem de 12 aviões por ano, com funcionamento num único turno. Contribuíram com o projeto cerca de 20 engenheiros brasileiros especialistas em aeronáutica. O primeiro voo vai ser realizado no início de 2028. O bimotor foi apresentado na LAAD Defence & Security 2025, realizada no início de abril no Rio de Janeiro, Brasil.
O programa, financiado por fundos privados e recursos públicos do European NextGeneration, destinados a impulsionar a capacidade industrial portuguesa, teve a participação da EEA Aircraft & Maintenance, responsável pelo programa e os processos de fabricação, montagem, certificação e negociação comercial do avião LUS-222, inclusive da manutenção e suporte em serviço.
Já o Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Produto (CEiiA), atuante no setor da aeronáutica desde 2009, é responsável pelo desenvolvimento completo da aeronave, por meio do CTI Aeroespacial. O escopo de trabalho vai desde o conceito até a certificação, incluindo todas as atividades de engenharia relacionadas a estruturas do avião, aerodinâmica, performance e testagem. O governo português, representado pelos Ministérios da Economia e da Defesa, a Força Aérea Portuguesa (FAP) e os municípios de Évora e de Ponte de Sor são parceiros do Programa LUS-222.
O desenvolvimento do projeto foi liderado pela Geosat, que uniu-se ao Centro de Tecnologia e Inovação Aeroespacial (CTI Aeroespacial), especializado na produção de conhecimento, tecnologias e soluções para a indústria aeroespacial, à Força Aérea Portuguesa e ao Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Produto (CEiiA). O grupo AKAER, com sede em São José dos Campos, São Paulo, Brasil, fabricou a fuselagem, asa completa, estabilizadores e superfícies de controlo da aeronave portuguesa.
Criado para missões militares em operações de busca e salvamento, o bimotor leve de asa alta tem capacidade para transportar 19 passageiros ou até 2.000 kg de carga. O alcance do LUS-222 é de 2.100 km e a velocidade de 370 km/h.
O modelo, que pode ser usado na aviação civil, é equipado com porta de carga traseira para agilizar o embarque e desembarque de fardos, e trem de pouso fixo, permitindo operar em pistas não pavimentadas em regiões remotas, diferentemente da maioria das aeronaves do segmento.
O bimotor foi apresentado na 15ª. Edição da “LAAD Defence & Security 2025” (Feira internacional de Defesa e Segurança). O evento foi realizado entre os dias 1 e 4 de abril no Riocentro, Rio de Janeiro, e teve a participação de representantes das entidades que integram o CTI Aeroespacial, incluindo militares da Força Aérea Portuguesa e membros do governo português.
O desenvolvimento do LUS-222 “ocorre em um momento em que várias forças armadas estão investindo na modernização de suas frotas, trocando aviões antigos ou próximos do fim do ciclo de vida por modelos mais modernos e sustentáveis. É o caso da própria Força Aérea Portuguesa e da Força Aérea Brasileira, que procura um substituto para o bem-sucedido Embraer EMB-110 Bandeirante”, relata nota divulgada à imprensa.
“Além disso, nos últimos dez anos, Portugal e Brasil mantiveram uma parceria no setor de defesa e segurança, com o objetivo de capacitar a Força Aérea Portuguesa. Nesse contexto, o país europeu adquiriu aviões dos modelos KC-390 e A-29 fabricados pela Embraer. O programa LUS-222 visa recolocar em prática essa parceria, mas no sentido inverso, com a compra do avião português pelas forças militares brasileiras”, completou a nota.
Foi incorporada ao projeto a utilização de energia limpa (como hidrogênio, sistemas de propulsão elétrica ou híbridos e baterias de amônia), com o uso de fibras naturais no isolamento acústico e empregar a realidade aumentada para otimizar a manutenção da aeronave e reduzir custos. ■