
A Associação “Mais Lusofonia” foi uma das entidades participantes no “Concurso de Vestidos de Chita” no Parque da Cidade de Castelo Branco, região Centro de Portugal. Organizado em parceria entre a Junta de Freguesia de Castelo Branco e a Câmara Municipal de Castelo Branco, o evento ficou marcado por fazer “renascer” uma das expressões culturais mais importantes da cidade, sob o lema “Dar vida à memória. Vestidos que contam a nossa história”.
O concurso contou com 20 modelos, distribuídas por três escalões: A (6 a 12 anos), B (13 a 19 anos) e C (mais de 19 anos). A abertura musical coube aos Cavaquinhos de Castelo Branco e o encerramento foi animado por Musicalbi.
A “Mais Lusofonia” mostrou ao público um vestido recheado de tradição e memórias, confecionado por um dos seus membros, na noite de 6 de setembro.
“Aceitamos participar neste evento por vários motivos. A integração na cidade onde estamos sediados e por ser muito importante mostrarmos que valorizamos as iniciativas da “nossa casa”. Colaborar com o reavivar de uma tradição esquecida há 29 anos, e que faz parte da história albicastrense, é uma honra, e, de alguma forma, deixamos a nossa passagem na memória das pessoas. Mas, principalmente, foi uma oportunidade para valorizar Maria do Carmo Santos, membro fundadora da nossa associação, dedicada em tudo que faz. Uma mulher exemplar que temos connosco desde o primeiro dia. Dedicou-se de alma e coração ao confecionar o vestido levado a concurso, fazendo um conjunto entre a tradição e a lusofonia nos quatro cantos do mundo. Uma qualidade indiscutível que primou pelos detalhes, além do vestido, sandálias, ganchos, brincos e pulseiras, bem como mala mimosa, que nos leva a recordar os tempos de outrora”, afirmou Sofia Lourenço, presidente da Associação Mais Lusofonia.
Também em declarações à nossa reportagem, Maria do Carmo Moreno Santos, autora do vestido que levou o selo da Mais Lusofonia, explicou o seu sentimento em participar no concurso.
“Sempre tive inspiração na área da costura, um sentimento que vem de tenra idade. Participar neste concurso foi reviver a minha participação na década de 1980. Representar a Mais Lusofonia é combinar vários sentimentos que nos unem”, contou Maria do Carmo.
“ver este tipo de iniciativa na cidade deixa-me muito satisfeita”
“A confeção do vestido foi rápida, levou cerca de 15 dias pela minha motivação. Ver o vestido em palco foi uma emoção imensa, com um objetivo concluído”, sublinhou Maria do Carmo, que, no passado, venceu o concurso por duas vezes, tendo a sua filha como modelo, em 1983 e 1985.
Este ano, quem levou o trabalho de Maria do Carmo a palco foi a jovem Margarida Marques Afonso de Matos, de 28 anos, que não esconde a emoção de ter vivenciado o momento.
“Gostei muito de desfilar no evento. Foi a minha primeira experiência num desfile desta dimensão e diverti-me muito. Além disso, estava em representação da Mais Lusofonia, que é um projeto que me apaixona, por isso, não podia estar mais orgulhosa. A Maria do Carmo já é uma veterana nestas andanças. Nota-se que a costura é um passatempo que a apaixona e que faz com amor. Sinto-me muito honrada por ter desfilado este vestido tão bonito e cheio de pormenores e acessórios mimosos”, avaliou Margarida, que aprova este tipo de ação na cidade.
“Para mim, ver este tipo de iniciativa na cidade e ver a quantidade de pessoas que estiveram presentes deixa-me muito satisfeita e é um claro sinal do desejo que os albicastrenses têm de ter mais eventos que dinamizem assim a cidade. Os desfiles de vestido de chita fazem parte do imaginário dos albicastrenses e foi bonito ver este revivalismo”, disse.
Antes do início do concurso, realizou-se o “Desfile da Memória de Chita”, no qual foram reapresentados 10 vestidos usados em edições passadas, alguns com mais de 60 anos. Um dos vestidos de Maria do Carmo esteve presente, tendo como modelo Maria Fernandes, uma das voluntárias da “Mais Lusofonia”.
O presidente da Junta de Freguesia de Castelo Branco, José Dias Pires, e o presidente da Câmara Municipal de Castelo Branco, Leopoldo Rodrigues, destacaram a força identitária do momento e o simbolismo de “trazer de volta a chita ao coração da cidade”.
Recorde-se que o Concurso de Vestidos de Chita em Castelo Branco remonta a 1944, data do primeiro concurso organizado pelo “Jornal de Notícias” do Porto com 23 candidatas. O evento manteve-se, com interrupções, até 1986. Durante o seu auge, atraía multidões. Estima-se que, nos anos mais expressivos, chegava a juntar cerca de 20 mil espetadores no antigo Parque da Cidade. ■