O luso-brasileiro Igor Clare Pochmann da Silva, de 42 anos, médico ortopedista e traumatologista, é protagonista de uma trajetória marcada por dedicação e reconhecimento no Estado do Rio de Janeiro. Com bisavós maternos oriundos do Porto e de Viseu, abraçou desde cedo a ligação com Portugal, uma identidade afetiva que hoje coexiste com a sua vida no Brasil, especificamente no Rio de Janeiro, onde exerce a medicina com “ética e empenho”.
Reconhecido em cerimónia recente em Guapimirim, no Estado fluminense, Igor Pochmann recebeu distinções entregues pela prefeita Marina Rocha e pelo vice‑prefeito Natalício Silva, homenagens, que, segundo ele, “emocionam e fortalecem o compromisso com o exercício ético e dedicado da medicina”. Esse reconhecimento reforça a confiança da população no trabalho que desenvolve, consolidado também pela sua participação na Câmara Técnica de Ortopedia e Traumatologia do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro.
Adicionalmente, o médico foi distinguido com o Prémio Ana Rita Lugon Ramacciotti pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro, numa cerimónia presidida pelo vereador Gilberto, presidente da Comissão de Higiene, Saúde Pública e Bem-Estar Social, e com a presença do vereador Marcos Dias. A entrega do galardão reconhece a sua “atuação na prevenção e combate ao câncer junto à população fluminense”.
Casado com Renata Anjo e pai da Sophia Anjo Pochmann, de quatro anos, este profissional de saúde, nascido no Brasil com um profundo amor por Portugal, fala com emoção desse momento marcante, ao mesmo tempo que revela o desejo de aprofundar os estudos com especialização em Portugal, reforçando o vínculo afetivo e profissional com as terras de origem da sua família. Fundamentada na medicina integrativa, a sua abordagem clínica alia conhecimento técnico e cuidado humanizado, sob o olhar atento de quem valoriza cada vida com precisão.
Em entrevista à nossa reportagem, Igor Clare Pochmann da Silva compartilha as motivações que o inspiram, o impacto de ser duplamente enraizado em Portugal e no Brasil e os desafios da medicina e dos cuidados com os doentes oncológicos num contexto em que a ética profissional e o reconhecimento público caminham lado a lado.
Que significado teve para si a homenagem da Prefeitura de Guapimirim, no Estado do Rio de Janeiro, no passado dia 17 de junho, especialmente por ter sido motivada pelo reconhecimento direto dos seus pacientes?
É uma honra muito grande ser homenageado pela Prefeitura Municipal de Guapimirim pelos serviços médicos prestados por mim como médico ortopedista. Receber elogios e ter este reconhecimento da população desta cidade do Estado do Rio de Janeiro é algo que me emociona e fortalece o compromisso com o exercício ético e dedicado da medicina.
Já no dia 28 de maio, recebeu o Prémio Ana Rita Lugon na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, pelo seu trabalho com doentes oncológicos. Como descreve a importância desta distinção no contexto da sua carreira médica?
É um marco muito gratificante, uma vez que lidar e ajudar pacientes oncológicos na maioria das vezes não é uma missão fácil nem simples. São pacientes que vivem casos complexos e um momento delicado e merecem toda a nossa dedicação e atenção.
O seu percurso é marcado pela dedicação à medicina integrativa e ao tratamento humanizado. Como estas abordagens influenciam a forma como cuida dos seus pacientes?
A medicina integrativa permite-nos promover uma abordagem mais abrangente e personalizada para a saúde, focando no bem-estar geral do indivíduo. Combina tratamentos convencionais com terapias complementares, buscando otimizar a saúde física, mental e emocional do paciente. Essa abordagem fortalece a relação de confiança e parceria entre médico e paciente, facilitando a comunicação e a adesão ao tratamento.
O seu currículo é vasto e inclui formação em várias áreas da medicina e da gestão da saúde. Como articula esse conhecimento multidisciplinar no atendimento diário?
Sou médico ortopedista e traumatologista, com especialidade em cirurgia do quadril e pós-graduação em medicina do trabalho. São especialidades extremamente relacionadas. A medicina do trabalho permite ter maior perceção de patologias que podem ocorrer no ambiente laboral e quais são as suas consequências, possibilitando trabalhar muitas vezes na prevenção dessas doenças e na readequação do ambiente, reduzindo o risco de lesões e os custos com afastamentos.
Quais são os maiores desafios que enfrenta atualmente no exercício da sua profissão?
Na minha opinião, o maior desafio da medicina no Brasil é a desigualdade de acesso ao sistema de saúde. Há uma disparidade entre regiões e classes sociais, o que dificulta o acesso a cuidados de qualidade para muitos brasileiros. Soma-se a isso a má gestão financeira, a burocracia, a falta de planeamento, de leitos, de investimento na medicina preventiva e a inexistência de um plano de carreira para os médicos.
Que impacto espera que estas homenagens tenham na valorização do trabalho médico no Brasil, sobretudo nas áreas em que atua com mais intensidade?
Ser homenageado é sempre muito gratificante, pois é termos a certeza de que estamos no rumo certo, tentando sempre ajudar, acolher e oferecer todas as possibilidades tanto aos pacientes da rede pública como da rede privada.
Após estas duas importantes distinções públicas, que projetos ou iniciativas futuras pretende desenvolver para continuar a contribuir para a saúde e o bem-estar da população?
No momento, pretendo seguir com a minha rotina de atendimentos ambulatoriais, emergências e cirurgias. Contudo, desejo, num futuro próximo, continuar o aprimoramento da minha carreira, fazendo um mestrado, quem sabe até mesmo em Portugal. Seria um grande sonho para mim.
Quem é Igor Clare Pochmann da Silva?
Sou formado em Medicina pela Fundação Técnico Educacional Souza Marques, com residência médica em Ortopedia e Traumatologia no Hospital Federal de Ipanema. Tenho especialização em Cirurgia do Quadril na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e pós-graduação em Medicina do Trabalho. Atualmente, sou membro da Câmara Técnica de Ortopedia do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (CREMERJ), do AO Trauma Foundation e de outras sociedades médicas nacionais e internacionais. Sou ainda médico staff e cirurgião de quadril do Hospital Tijutrauma, coordenador do Serviço de Ortopedia do Hospital Municipal José Rabello de Mello em Guapimirim, aprovado por concurso público, ambos no Estado do Rio de Janeiro. Fui também médico em diversas unidades públicas do Rio de Janeiro e da Baixada Fluminense. Sou membro titular da Sociedade Médica Brasileira de Tratamento por Ondas de Choque (SBTOC), da International Osteoporosis Foundation e membro fundador da Sociedade Brasileira de Regeneração Tecidual (SBRET). ■