Aos 70 anos, natural de Almada, Pedro M. Martins é um dos nomes fortes da recém-criada Sociedade da Excelência Luso-brasileira (SELB) com a convicção de que “é preciso fomentar o melhor e mais avançado das empresas, academia, ciência, cultura e sociedade luso-brasileira”. A associação nasce para além das tradicionais coletividades de caráter popular, propondo-se a gerar “pontes e sinergias entre os dois povos irmãos”, através de iniciativas que vão da inovação científica às artes, passando pelo intercâmbio universitário e pelo fortalecimento de redes empresariais de alto nível.
Com um primeiro jantar de apresentação marcado para 26 de agosto, em São Paulo, que reunirá diplomatas, empresários, académicos e artistas, a SELB, que tem sede nessa cidade brasileira, posiciona-se como espaço de encontro estratégico entre Portugal e Brasil. Inspirada nos antigos “cercles” europeus e americanos, a entidade pretende mobilizar os “mais de 30 milhões de luso-brasileiros no mundo” e dar um novo impulso às relações históricas entre os dois países, promovendo cooperação contemporânea em áreas decisivas para o futuro comum.
Em entrevista à nossa reportagem, Pedro M. Martins, Chairman da entidade, revelou os objetivos da Sociedade, destacou os desafios futuros e sublinhou a necessidade de se olhar para as relações bilaterais luso-brasileiras desde uma perspetiva “intelectual e de alta relevância”.
Quais foram as circunstâncias que levaram à criação da Sociedade da Excelência Luso-brasileira (SELB)?
O Brasil tem mais de 120 associações de luso-brasileiros, quase todas de natureza popular, com enfase nas raízes emocionais portuguesas. Entretanto, um grupo de executivos, académicos e intelectuais luso-brasileiros de referência internacional procuram fomentar o melhor e mais avançado das empresas, academia, ciência, cultura e sociedade luso-brasileira através de uma dessas associações populares, mas, depressa, concluíram que fazia mais sentido desenvolver esses propósitos através de uma associação própria, com esse fim específico.
Quais são os objetivos estratégicos e os valores da Sociedade da Excelência Luso-brasileira?
Fomentar o melhor e mais avançado das empresas, academia, ciência, cultura e sociedade luso-brasileira. Somos uma associação de voluntários sem fins lucrativos, independente de qual tipo de poder governamental, económico ou político, que gera pontes e sinergias entre os dois povos irmãos.
Que iniciativas ou ações a SELB já têm vindo a desenvolver?
No próximo dia 26 de agosto iremos realizar, em Alphaville, São Paulo, Brasil, um jantar de apresentação da SELB, com a participação de Rodrigo Leal, filho de Roberto Leal, e a sua banda, o cônsul-geral de Portugal em São Paulo, Embaixador António Pedro da Vinha Rodrigues da Silva, e largas dezenas de empresários, executivos, académicos e intelectuais. Também em agosto, a revista Viva Digital irá publicar uma edição especial dedicada à SELB, que terá um espaço trimestral nessa revista. Estamos a organizar missões empresariais nos estados de Amazonas, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Santa Catarina ao Websummit Lisboa, Smart City do Rock in Rio Lisboa e aos living labs das Universidades de Coimbra Aveiro e Porto. Estamos também a promover parcerias e permuta de docentes e discentes entre universidades brasileiras e portuguesas, criação de um prémio para os projetos de pesquisa científica com maior impacto económicos nas empresas luso-brasileiras e um ciclo de palestras sobre os últimos avanços científicos por cientistas luso-brasileiros nas Universidades de Coimbra, Mackenzie (São Paulo), Instituto Mauá de Tecnologia (São Caetano, SP) e Facens (Sorocaba). Na área cultural estamos a organizar duas exposições de pintura e escultura em Guarulhos e Campo Grande, um festival de curtas metragens sobre os luso-brasileiros numa plataforma free movie e vários espetáculos de música luso-brasileira de última geração. E, quando tivermos financiamento, uma serie para a TV sobre os 100 anos de teatro-luso-brasileiro.
Como se articula a atuação da Sociedade da Excelência Luso-brasileira no âmbito empresarial, nomeadamente entre empresas portuguesas, brasileiras e outros mercados?
A SELB não visa promover negócios entre empresas, embora ao promover um network de alto nível das empresas entre si e com a comunidade científica, facilite indiretamente novos negócios. A nossa atuação no âmbito empresarial consiste na organização de missões empresariais aos principais organizações, eventos e centros de inovação de Portugal e Brasil, promoção da aplicação das últimas inovações científicas nas empresas luso-brasileiras e divulgação das melhores praticas empresariais.
Quais são os planos e desafios futuros da SELB?
A SELB foi criada em junho deste ano e vai ter o seu primeiro evento público no dia 26 de agosto, por isso, todos os nossos desafios são futuros. No entanto, a adesão ao propósito e iniciativas programadas da SELB ultrapassaram todas as melhores expetativas. Acredito que os nossos atuais maiores desafios são de natureza operacional, nomeadamente constituir uma rede de associados capilar num país de dimensão continental, estreitarmos os laços com as organizações governamentais, câmaras de comércio, universidades e fundações culturais e obter o financiamento necessário para as atividades culturais.
De que forma a Sociedade da Excelência Luso-brasileira contribui para a visibilidade e fortalecimento dos laços entre Portugal, Brasil e outros países lusófonos ou no contexto global?
A SELB é uma versão contemporânea dos “cercles”, que marcaram o desenvolvimento da Europa e Américas nos seculos XIX e XX, que visa promover o melhor dos 30 milhões de luso-brasileiros (luso-descendentes até à 3ª geração), o triplo da população de Portugal, por isso, terá um impacto muito significativo no desenvolvimento dos dois países. A profunda relação secular entre Portugal e Brasil tem sido determinante no desenvolvimento de cada um destes países, e os luso-brasileiros são desde sempre protagonistas das transformações e progresso de ambas as nações. O Brasil foi fundado por um português, o Imperador D. Pedro I, e uma das principais responsáveis pelo desenvolvimento e modernização de Portugal foi a brasileira D. Maria II, Rainha de Portugal. Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek na governação, Machado de Assis e Carlos Drummond de Andrade, na literatura, Oswaldo Cruz e Gilberto Freyre, na ciência, Abílio Dinis e Ermírio de Moraes, nas empresas, Cármen Miranda e Fernanda Montenegro, no teatro e cinema, são apenas exemplos de brasileiros descendentes de portugueses que marcaram decisivamente a História do Brasil. Hoje, são empresas como a EDP, Altice e Grupo Pestana as protagonistas portuguesas do progresso brasileiro, da mesma forma que as brasileiras Embraer, Ambev e Totvs protagonizam o desenvolvimento português.
Que nomes estão envolvidos?
A composição da Diretoria da SELB é exemplo do nosso padrão de excelência e é composta por: Chairman – Pedro M. Martins – CEO do PMhub, Dean da Euro American Business School e Fundador do Deep Future Thinkers; Presidente – Pedro Ramos – CEO da KEEPTALENT Portugal; Diretor de Empresas & Negócios – Tito Estanqueiro – Diretor de Operações do Sebrae do Mato Grosso do Sul; Diretor Académico & Científico – José Carlos de Souza Júnior – Superintendente Geral do Instituto Mauá de Tecnologia; Diretor Cultural – José Netho – Managing Director da 157 Elefante Movies; Diretor Social – Alfredo Cônsolo Júnior – CEO da Revista Viva Digital e Consultor da TV Alphaville. O Conselho da SELB ainda está em constituição.
Por fim, quem é Pedro M. Martins?
Residiu 22 anos em São Paulo, é CEO do PMhub (consultoria de gestão), Dean da EABS – Euro American Business School, Professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Conselheiro do Conselho de Notáveis do Instituto Brasil Digital e do UnblockIT, e Embaixador Brasil Digital. Foi professor na FIA – Fundação Instituto de Administração, BSP – São Paulo Business School, BBS – Brazilian Business School, Instituto Mauá de Tecnologia e FEI (universidade jesuíta), foi ainda Presidente da Ordem dos Consultores do Brasil, 1º Vice-Presidente do IBCO – Instituto Brasileiro de Consultores de Organização, Diretor da ABRH-SP – Associação Brasileira de Recursos Humanos – São Paulo e representante do Brasil no ICMCI – International Council of Management Consulting Institutes. É consultor há 45 anos com atividade em 28 países e professor em 19 universidades em cinco continentes. É Orientador de Doutoramentos da Universidade Nova de Lisboa FCSH (Portugal), Universidad de Ciencias Empresariales y Sociales (Argentina), Centro Universitário FEI (Brasil) e da Universidade Presbiteriana Mackenzie (Brasil), onde também é coordenador e Professor de Mestrados, Professor da Universidade Europeia (Portugal). É também Conselheiro do UnblockIT, Conselho Supremo da Global Academy of Finance & Management (EUA), Conselheiro Honorário do International Management Consultants Board, a maior associação mundial de consultores de gestão (EUA), e Conselheiro do Conselho de Notáveis do Instituto Brasil Digital (Brasil). Foi CEO do HayGroup e da Mercer, onde também foi Diretor Europeu de Change Management, Fundador e Presidente da Ordem dos Consultores do Brasil, do Instituto Português de Consultores de Gestão e da Lusofonia Digital, Professor da Universidade Nova de Lisboa e ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa (Portugal), FIA Business School (Brasil), Instituto BBS (Angola), Singularity University (USA), Tsinghua University (China), e outras. Em termos de formação, conta com DBA (PhD) – Doctor of Business Administration pelo ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa / University of Colorado Spring, CO, e Mestrado em Psicologia Organizacional pelo ISPA – Instituto Superior de Psicologia Aplicada (Lisboa). ■
Ótima iniciativa