No ‘Dia da Língua Espanhola’ professoras lamentam “pouco interesse” dos brasileiros pelo idioma

Cerca de 460 mil pessoas comunicam-se em espanhol com fluência ou regularidade no Brasil, apesar de que quase todos os países vizinhos falam a língua

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Como segunda língua nativa, o espanhol é o mais falado no mundo e o idioma oficial de 21 nações. Foto: divulgação
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O “Dia da Língua Espanhola”, comemorado no último dia 23/04, foi instituído em memória da morte, em 1616, do escritor Miguel de Cervantes. O espanhol é considerado a segunda língua nativa mais falada do mundo, com cerca de 530 milhões de falantes e idioma oficial em 21 nações. No Brasil, há cerca de 460 mil pessoas que se comunicam em espanhol com fluência ou regularidade, mas o idioma recebe pouca atenção, segundo especialistas, apesar de ter praticamente todos os países vizinhos falantes da língua.

Aproximadamente 12 milhões de brasileiros têm algum conhecimento do idioma, ainda que “limitado”. Para ressaltar as dificuldades de aprendizagem da Língua Espanhola, professoras do idioma no Brasil, sobretudo em São Paulo, observaram que, mesmo que o português e o espanhol sejam originários do latim e tenham semelhanças e facilidades de entendimento, o brasileiro não consegue falar o espanhol devido ao “pouco interesse no idioma”, o que acarreta “perdas pessoais (turismo e cultura) e profissionais (económicas e comerciais) do Brasil para com outros países falantes”.

“Temos um cenário curioso: rodeados por países que falam espanhol, mas com pouco investimento e incentivo para o ensino do idioma em larga escala”, observou a professora da Escola Internacional de Alphaville, Natalia Bueno.

“Aprender espanhol é também se abrir para culturas, histórias e formas de pensar distintas — e essa é uma riqueza que o Brasil ainda não explora plenamente”, completou Natália.

A coordenadora e professora de espanhol da Escola Bilíngue Aubrick, Taiana Vanucci, frisou que “é preciso superar a ideia de que o espanhol é fácil por ser próximo ao português”, uma visão que “gera desinteresse e prejudica a profundidade da aprendizagem”.

Para a docente, o aprendizado do espanhol, “muitas vezes se limita à memorização de regras gramaticais, sem promover o uso real da língua em situações comunicativas” e, por isso, “promover vivências práticas, como simulações de situações reais do cotidiano em espanhol, é uma estratégia eficaz para consolidar o aprendizado, criando experiências significativas com a língua”.

Contra as dificuldades dos brasileiros no aprendizado da língua, mas com o desejo de se comunicar dia a dia, há algumas atividades a serem consideradas. A professora do Brazilian International School (BIS), Elena Garcia Perez, aconselha a audição de músicas, além de “assistir a séries” e “conversar com falantes nativos ou participar de grupos de conversação são formas eficazes e prazerosas de avançar no idioma, complementando o aprendizado e acelerando a aquisição de conhecimento e vocabulário”.

Além disso, o praticante ou estudante da língua “precisa se enxergar como protagonista do seu processo de aprendizagem, pois aprender uma língua é também se permitir mudar o olhar sobre o mundo”.

“É uma jornada de empatia e abertura cultural. Quanto mais você se conecta com os significados por trás da língua, mais ela faz sentido e se torna parte de quem você é”, finaliza a professora.

Com relação às escolas bilíngues, os docentes da área constataram haver um investimento na formação de “cidadãos globais preparados para enfrentar os desafios culturais e do mercado de trabalho” além da Língua Inglesa.

“Nosso objetivo é que o espanhol seja vivido como uma ferramenta de expressão, descoberta e transformação pessoal. Mais do que aprender regras, os alunos se conectam com a diversidade dos povos hispânicos”, afirmou Taiana Vanucci. 

Elena Garcia Perez, que “valoriza o contato com diferentes culturas hispânicas e aposta em metodologias que envolvem o corpo e o cotidiano dos alunos em atividades práticas”, destacou a criação, na escola onde leciona, de “experiências que estimulam a produção de linguagem e despertam o interesse. O espanhol deixa de ser um conteúdo e passa a ser uma vivência”.

Natalia Bueno contou que o ensino do espanhol na sua escola foca “no diálogo intercultural e na construção de uma cidadania global” e “o respeito às diferentes realidades sociais e culturais dos países hispânicos”. 

“Ensinamos espanhol como uma linguagem viva, conectada a contextos reais e à diversidade do mundo. A fluência vem acompanhada de empatia e compreensão global”, finalizou Natália. ■

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