Christian Michael Ernst Werner Baums Höhn tem 47 anos, é natural da Venezuela, com nacionalidade portuguesa. É psicólogo, empresário, vice-presidente de Venexos.org, coordenador do programa de ajuda humanitária para Venezuela na europa, entre outros pontos.
Candidata-se pela Iniciativa Liberal a deputado à Assembleia da República portuguesa pela emigração pelo círculo de Fora de Europa.
Em entrevista à nossa reportagem, este candidato falou sobre os seus projetos, caso seja eleito.
O que está a impulsionar a sua candidatura?
Defender uma imigração com regras e com dignidade, dar voz a muitos Portugueses que estão fora e não são ouvidos.
Que políticas são necessárias para a comunidade portuguesa emigrada?
Portugal não cria hoje as condições para que as suas comunidades fora do país mantenham uma ligação forte às suas origens. A rede consular portuguesa encontra-se num estado depauperado e precário, prejudicando ativamente os contactos entre Portugal e as suas comunidades. É necessário continuar o caminho de modernização da rede consular portuguesa, que diminua os tempos de espera, bem como de valorização dos funcionários dos serviços periféricos de acordo com os custos de vida dos países onde residem – não é aceitável que os funcionários consulares recebam muitas vezes o ordenado mínimo dos seus países de residência – quando não abaixo. A Iniciativa Liberal continuará também empenhada no reforço do papel do Conselho das Comunidades Portuguesas enquanto ponto chave de mediação e diálogo entre o Estado português e as comunidades portuguesas, assegurando-lhe as ferramentas necessárias à execução plena das suas funções.
Que linhas pretende seguir em relação às comunidades portuguesas caso seja eleito? E quais são os seus objetivos centrais?
Criar um projecto de proximidade com as comunidades com um sistema aberto através do qual possamos saber quais são os problemas e necessidades, promoção da cultura, e fazer de todos os imigrantes um porta-voz da Portugal. Proximidade, o meu foco é ligar Portugal ao mundo através da sua diáspora. Acredito que emigração e imigração são fenómenos naturais — devem ser oportunidades, nunca sentenças. Quero garantir que os portugueses no estrangeiro tenham voz e oportunidades reais de regressar e investir no país. A diáspora é uma extensão viva do país — vamos cuidar dela como tal.
O que pode ser feito no sentido de se valorizar o trabalho consular português no estrangeiro?
Valorizar o trabalho consular é garantir que quem está longe se sente perto de Portugal. Isso exige foco na qualidade dos serviços, com equipas ágeis, motivadas e com meios adequados. É urgente acelerar a digitalização, tornar os processos mais simples, rápidos e eficientes, e garantir respostas céleres às necessidades dos cidadãos. Os consulados têm de deixar de ser vistos como um entrave burocrático e passar a ser uma verdadeira porta de entrada para o Estado — moderna, ágil e próxima de quem vive fora.
Qual a importância do movimento associativo português nos países de acolhimento?
O movimento associativo é a alma das comunidades portuguesas no estrangeiro. São as associações que mantêm viva a nossa cultura, que apoiam quem chega, que promovem o ensino da língua e que criam espaços de encontro, identidade e solidariedade. São uma ponte entre os emigrantes e Portugal. Devemos apoiá-las e trabalhar em conjunto com elas.
O ensino da língua portuguesa deve sofrer alterações?
Sim, deve ser reforçado e modernizado. O nosso objetivo deve ser garantir que o ensino do português no estrangeiro chega a mais alunos, com mais qualidade e com métodos adaptados aos tempos de hoje. Aprender português não pode ser um privilégio — tem de ser uma oportunidade acessível a todas as comunidades portuguesas no mundo.
O que a comunidade portuguesa deve esperar das próximas eleições legislativas?
Mudança. O mundo está a mudar como nunca vimos, temos mais de 20% da população portuguesa a viver fora do país, está na hora de darmos mais voz e mais peso à nossa diáspora. Estas eleições são uma oportunidade para escolher representantes que conheçam a realidade de quem vive fora e que tragam soluções concretas — e não promessas vazias. Não podemos cair no populismo nem no extremismo. É tempo de votar com consciência e construir um futuro melhor, juntos.
Por fim, que mensagem deixa para os eleitores?
Ajudem-me a romper o ciclo viciado que tem deixado os portugueses fora da Europa esquecidos e sem voz. Sei o que é ser imigrante, sei os desafios que enfrentamos. É tempo de construir algo novo — por nós e com todos. Vamos criar um conceito diferente de ajuda dentro das nossas comunidades, com proximidade, respeito e ação concreta. Ser emigrante não é estar longe — é estar ligado com vontade de mudar. ■