
O Dia Mundial da Língua Portuguesa comemora-se todos os anos a 5 de maio, após ter sido consagrada como tal pela UNESCO em novembro de 2019.
Trata-se de uma oportunidade singular para celebrar uma língua global, aberta ao mundo e ponte de diálogos entre culturas presentes em vários continentes.
Cumprindo a sua vocação estatutária, o Camões – Instituto da Cooperação e da Língua I.P. promove, neste dia, atividades diversas nos mais de oitenta países onde tem atividade presente, seja por via das suas Coordenações de Ensino, dos seus pontos de docência ou dos seus leitorados, seja por via dos Centros de Língua Portuguesa, dos Centros Culturais, dos Centros Portugueses de Cooperação ou Cátedras que apoia, numa dimensão transnacional e com projeção crescente.
Este é, portanto, um dia de festa que não pode deixar de traduzir, simultaneamente, o forte empenho institucional de projeção do Português como língua de cultura, de afetos e de criação, mas também o seu valor como veículo de ciência, de negócios, de capacitação e desenvolvimento ou de relações entre os povos, cultivando uma abordagem multilateralista, com valorização da pluralidade que tão bem a carateriza. É, aliás, por se compreender este potencial de diversidade que o trabalho externo que incumbe ao Camões – Instituto da Cooperação e da Língua I.P tem vindo a ser feito segundo uma abordagem pluricêntrica, em reforçada articulação com entidades congéneres –como o Instituto Guimarães Rosa–, ou com organismos internacionais – como a CPLP e, no seu contexto, com o Instituto Internacional da Língua Portuguesa.
Conscientes dos desafios que a promoção da língua portuguesa nos lança, o Camões I.P. tem vindo a reforçar o seu investimento em meios tecnológicos para chegar a públicos cada vez mais diversos e de forma a cumprir aquele que é um dos seus objetivos mais nobres e ousados: assegurar a ligação da diáspora nacional ao seu país de origem, através deste organismo vivo, profundamente identitário, mas também assumidamente afetivo e vibrante que é a língua portuguesa. Temos comunidades que nos honram em países que tradicionalmente reconhecemos como portos de abrigo, para as quais temos vindo a desenhar novas abordagens, mais eficientes e adequadas às dinâmicas de ensino-aprendizagem da língua e da cultura, mas surgem também novas geografias que nos convocam: há vidas que em Português se constroem agora em novos países – no norte da Europa ou a Oriente, por exemplo – às quais teremos de saber dar resposta, mobilizando recursos, mas acima de tudo mobilizando vontades. O dia Mundial da Língua Portuguesa serve também para isso: para nos recordar a nós, agentes com responsabilidades na área, deste misto de obrigação e prazer que é trabalhar com a nosso idioma numa dimensão global, com novos desafios que espreitam ao virar de cada esquina.
Celebrar a língua portuguesa tem um terceiro pressuposto: conhecê-la a fundo, trabalhar os seus segredos estruturais e descrevê-la segundo abordagens científicas que permitam a sua promoção de forma mais robusta no panorama internacional, descobrindo-lhe novos campos de aplicação e desenvolvimento ou, de forma totalmente descomprometida, apontando novos motivos para que nos orgulhemos dela, sem qualquer outro objetivo que não seja a pura fruição.
Que esta celebração possa ser um exercício comprometido de acolhimento e partilha de todos e de tudo o que com ela se possa identificar, numa perspetiva de futuro e de pluralidade: uma língua de criatividade e de emoções, de identidade e de trabalho, de desenvolvimento e de paz.
Viva a Língua Portuguesa! ■
Joaquim Coelho Ramos
Vogal do Conselho Diretivo do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, I.P.