Opinião: “A gestão integrada e coerente da promoção internacional da Língua Portuguesa (…) só pode e deve ser multilaterizada, através da CPLP e a agenda comum nesta área, que tem vindo a ser reforçada”, por Francisco Gomes da Costa

“O português hoje, além de língua materna de povos como Portugal e o Brasil, é língua oficial de cinco países africanos, e para todos os sete, língua também de cultura, de religião, de ciência, de comércio, de comunicação internacional, além de língua oficial ou de trabalho de organismos internacionais”

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Francisco Gomes da Costa, presidente da Associação Luis de Camões
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A língua portuguesa, inicialmente galaico-portuguesa, formou-se entre os séculos VI e IX e desde muito cedo iniciou a sua deriva pela península e, depois, pelo mundo.

A situação da língua portuguesa no mundo é hoje bastante diversa da que vigorava há algumas décadas, dadas as transformações operadas, nos últimos tempos, atirando-a para a vanguarda de comunicação internacional e identificando-a como uma das principais línguas de cultura e intercâmbio do mundo.

O português hoje, além de língua materna de povos como Portugal e o Brasil, é língua oficial de cinco países africanos, e para todos os sete língua também de cultura, de religião, de ciência, de comércio, de comunicação internacional, além de língua oficial ou de trabalho de organismos internacionais.

É por isso que falar hoje da presença da língua portuguesa no mundo não é sonho de patriotismo ufanista, antes convite à reflexão sobre a situação e problemas duma língua e das culturas que ela veicula, com vista ao aperfeiçoamento de um diálogo que se renovou, e que pretende tanto o recuperar de contatos africanos, asiáticos e americanos como intensificar e reequacionar os modernos, especialmente na Europa.

A gestão integrada e coerente da promoção internacional da Língua Portuguesa, também como fator global em termos de geopolítica e de afirmação estratégica no mundo, só pode e deve, por isso, ser multilaterizada, através da Comunidade de Países de Língua Portuguesa e a agenda comum nesta área, que tem vindo a ser reforçada.

O Acordo Ortográfico e os esforços sistemáticos que vêm sendo desenvolvidos para promover o uso do português como Língua das Organizações Internacionais são expressões de uma visão estratégica sobre a Língua Portuguesa, no quadro de uma agenda mais vasta que deve ser prosseguida de forma integrada e concertada entre todos.

Tudo devemos fazer para que a Língua Portuguesa – que é a matriz em que a assenta a CPLP -, seja verdadeiramente a nossa Comunidade, a nossa Pátria aberta ao Mundo e de vocação global. 

A Língua Portuguesa, património identitário e a nossa “pátria” (Fernando Pessoa: “A minha pátria é a língua portuguesa”). Uma “pátria de pátrias”.

O saudoso mestre Celso Cunha afirmou que “a unidade da língua portuguesa só pode ser obra da cultura comum”. Também foram palavras do mesmo linguista sobre o modo de afirmação da pátria da língua: “essa República do Português não tem capital demarcada. Não está em Lisboa, nem em Coimbra: não está em Brasília, nem no Rio de Janeiro. A Capital da Língua Portuguesa estará onde estiver o meridiano da cultura: “onde floresçam escritores e pensadores que saibam levantar os mais belos monumentos de emoção e de pensamento: onde políticos e estadistas saibam dar às sociedades que dirigem caminhos mais exemplares onde, por sobre o mundo material, o homem possa construir perpetuamente o mundo do espírito em busca da precária verdade científica, da esquiva verdade poética, das luminosas verdades de Deus”. ■

Francisco Gomes da Costa

Presidente da Associação Luis de Camões

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