Opinião: “As nossas empresas estão preparadas para a Geração Z?”, por Sônia Crisostomo

“A Geração Z cresce em um mundo hiperconectado, descentralizado e veloz. Isso molda não apenas as suas preferências tecnológicas, mas a sua visão sobre hierarquia e autoridade”

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Sonia Crisóstomo, empresária, escritora, Coach em Well-being & Happiness
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O mundo corporativo está diante de uma encruzilhada geracional que exige mais do que adaptação: exige reinvenção. A Geração Z — jovens nascidos entre 1995 e 2010 — chega ao mercado de trabalho com novas linguagens, expectativas e valores. Mais do que integrar essa geração, o grande desafio é compreendê-la. E a pergunta inevitável surge: estão as nossas empresas realmente preparadas para acolher, engajar e desenvolver esses novos talentos?

Uma nova relação com a autoridade

A Geração Z cresce em um mundo hiperconectado, descentralizado e veloz. Isso molda não apenas as suas preferências tecnológicas, mas a sua visão sobre hierarquia e autoridade. Essa geração não se motiva por cargos ou estruturas rígidas — ela se conecta com causas, diálogo horizontal e líderes que inspiram, e não apenas que mandam. A autoridade, para essa geração, precisa ser legítima, conquistada pela competência, escuta ativa e propósito compartilhado. Esse é um ponto fulcral para o engajamento dessa geração que veio provocar mais transformação nas organizações que ainda estão se adaptando a IA, a uma mudança disruptiva de comportamento e cada vez mais necessita de liderança positiva.

Essa característica, muitas vezes interpretada como “desrespeito” à hierarquia, na verdade revela um modelo mental diferente. Para a Geração Z, autoridade imposta perde relevância. Autoridade vivida, ética e humana, gera vínculo. E essa transição exige das empresas o desenvolvimento de lideranças mais preparadas emocionalmente e com inteligência relacional.

Geração empreendedora: liberdade e propósito

Outro traço marcante da Geração Z é o seu espírito empreendedor. Mesmo dentro das organizações, essa geração busca protagonismo, inovação e liberdade criativa. Não é raro encontrarmos jovens que iniciam projetos paralelos ou se lançam no mercado como freelancers ou criadores digitais.

Essa postura empreendedora não deve ser encarada como ameaça à fidelização de talentos, mas como uma oportunidade de ressignificar o conceito de carreira. Ambientes que estimulam a autonomia, reconhecem a individualidade e permitem a experimentação tendem a ser mais atrativos e produtivos para essa geração. Investir em intraempreendedoríssimo pode ser o diferencial competitivo para atrair e reter esses profissionais.

Políticas de felicidade em ambientes multigeracionais

Diante desse cenário, a implementação de políticas de felicidade nas organizações se apresenta não como um luxo, mas como uma estratégia inteligente de gestão de pessoas. A felicidade no trabalho está diretamente relacionada ao senso de pertencimento, ao reconhecimento e à possibilidade de crescimento pessoal e profissional. Esqueçam carreira de 25, 30 anos. Essa geração tem pressa!

Em ambientes multigeracionais — que reúnem desde baby boomers até a Geração Z —, promover bem-estar requer sensibilidade para as diferentes motivações de cada grupo. Enquanto gerações anteriores valorizam estabilidade e segurança, os jovens desejam significado, flexibilidade e impacto.

Modelos híbridos, escuta ativa, cultura de feedback contínuo, liderança e comunicação positiva e programas de desenvolvimento emocional são alguns dos caminhos para construir um ambiente saudável, produtivo e inclusivo para todas as gerações. A felicidade organizacional, quando bem estruturada, pode ser o elo que une essas diferentes visões de mundo em torno de um propósito comum.

Um convite à coragem

Estamos diante de uma mudança de era, e não apenas de geração. Empresas que resistem à transformação correm o risco de se tornarem obsoletas — não por falta de competência técnica, mas por falhar na arte de se relacionar com o novo.

A Geração Z não é um problema a ser resolvido. É um potencial a ser cultivado. Cabe a nós, líderes, empresários e educadores, construir pontes em vez de muros. Porque, no fim das contas, o que todos buscamos — independentemente da idade — é um lugar onde possamos ser autênticos, contribuir com propósito e sermos felizes no que fazemos. ■

Sônia Crisostomo

Empresária, escritora, Coach em Well-being & Happiness, e ajuda pessoas de todas as partes do mundo a transformarem suas vidas para melhor

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