Opinião: “Contornando a divergência de interesses em tempos de desglobalização: Brasil-Mercosul e a União Europeia”, por Otacílio Soares

“Para o Brasil, um país de grande produção de alimentos, energia e minerais, o caminho lógico a seguir será uma relação mais estreita com a UE para ganhar escala, competitividade e diversificação da economia”

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Otacílio Soares da Silva Filho, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Brasileira
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A nova onda de tarifas comerciais em que o Brasil foi diretamente atingido e que agora ameaça espalhar-se pela Europa é um capítulo da nova paisagem da economia mundial, o crescimento da tendência de desglobalização, protecionismo, políticas polarizadas e replaneamento de cadeias de suprimentos.

O Brasil está no cerne desse movimento, um país cuja importância estratégica para a Europa está clara, nesse mundo em que grandes blocos económicos procuram garantir a autonomia das cadeias de suprimentos, estender os mercados e proteger os setores económicos principais. Para o Brasil, um país de grande produção de alimentos, energia e minerais, o caminho lógico a seguir será uma relação mais estreita com a UE para ganhar escala, competitividade e diversificação da economia.

O Brasil é uma opção sólida e complementar para a Europa que sofre de falta de reservas minerais e energéticas e procura alternativas aos mercados para exportação e inovação tecnológica e sustentável. É por isso que o acordo de livre comércio UE-Mercosul, que está em negociação há anos, é agora mais importante e necessário, sendo que também serviria como âncora de estabilidade institucional e regulatória, facilitando investimentos, parcerias tecnológicas e a geração de empregos qualificados nos dois continentes.

Juntos, os dois blocos serão o maior do mundo, com mais de 700 milhões de pessoas e um PIB combinado de cerca de 22 trilhões de dólares.

Num mundo cada vez mais dividido, criar pontes entre o Brasil-Mercosul e a UE é a maneira de garantir a prosperidade nos próximos anos, e a palavra convergência é de relevância ímpar.

O desafio é claro: derrubar barreiras internas e mostrar se a desglobalização será um novo padrão ou apenas um evento de curto prazo. A parceria entre Brasil-Mercosul e União Europeia pode ser o diferencial para atravessar um cenário de barreiras crescentes, dando lugar a um ciclo virtuoso de crescimento, inovação e competitividade para ambas as regiões.

Nunca foi tão necessário pensar grande, agir com visão de longo prazo e transformar desafios em oportunidades concretas.

O caminho são as pontes solidas e o eixo norte-sul é o mais próximo. ■

Otacílio Soares da Silva Filho

Presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Brasileira

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