Opinião: “Não posso calar-me perante o projeto de instalação da Central Solar Fotovoltaica de Sophia e das Linhas de Muito Alta Tensão associadas”, por Ana Correia

“Este projeto, que afeta os concelhos do Fundão, Penamacor e Idanha-a-Nova, em especial a minha aldeia da Mata da Rainha, não é progresso; é um atentado anunciado que acelerará a desertificação do Interior”

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Ana Correia, cidadã fundanense
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Às Populações da Beira,

Aos Órgãos de Soberania,

Aos Órgãos de Comunicação Social,

Enquanto cidadã fundanense e de Vale de Prazeres de coração, não posso calar-me perante o projeto de instalação da Central Solar Fotovoltaica de Sophia e das Linhas de Muito Alta Tensão associadas. Este projeto, que afeta os concelhos do Fundão, Penamacor e Idanha-a-Nova, em especial a minha aldeia da Mata da Rainha, não é progresso; é um atentado anunciado que acelerará a desertificação do Interior. É isto que queremos para o nosso futuro?

A população ainda não foi devidamente informada sobre as implicações permanentes e irreversíveis que este megaprojeto trará:

  • Alterações Climáticas Locais Extremas: O próprio estudo do projeto admite um aumento de 3 a 5 graus Celsius na temperatura local. Estamos a falar de verões prolongados, com meses a fio de temperaturas que podem rondar os 50 graus, tornando a vida insuportável;
  • Poluição e Degradação Ambiental: Seremos afetados por poeiras de vidro, cimento e ferro durante a construção, e por ruído permanente. Aumentará a concentração de “CO2” localmente e a desertificação do solo será uma realidade, tornando a terra estéril e sem vida;
  • Morte do Turismo e da Economia Local: Quem tem turismo rural, casas de campo ou negócios ligados à natureza pode dizer-lhes adeus. Ninguém quer passar férias no meio de um mar de painéis solares e linhas de alta tensão;
  • Impacto Visual e Patrimonial Incalculável: Aldeias Históricas como Monsanto e Penha Garcia, bem como a Mata da Rainha com a sua Torre dos Namorados e o castro da Covilhã Velha, verão a sua paisagem única e o seu valor patrimonial irremediavelmente afetados. A paisagem será industrial, não rural e histórica;
  • Isolamento e Perda de Acesso: Inúmeras povoações e aldeias ficarão permanentemente isoladas, cercadas por painéis. Sim, vão cortar acessos públicos e caminhos de terra batida, seccionando o território e a vida das comunidades;
  • Perda de Solo Agrícola e de Biodiversidade: Perdem-se terras férteis para cultivo e perde-se a caça, um elemento vital da cultura e da economia locais.

Aos Senhores Caçadores, às populações que ficarão permanentemente expostas a campos eletromagnéticos, e a todos os que acham que este problema não lhes bate à porta, estão enganados! Toda a Beira tem que se mobilizar, porque após esta primeira central estar estabelecida, existem planos para a mesma se expandir, transformando a nossa região num parque industrial solar.

Aquilo que é NOSSO, só o perdemos uma vez. E estamos a perdê-lo à GRANDE! Perdemos saúde, bem-estar, emprego, cultura, história e segurança climática e ambiental. E em troca de quê? De absolutamente nada, a não ser a perda de tudo isto e uma conta de eletricidade ainda mais alta!

É por isto que TODOS temos que ir aos próximos protestos e MOSTRAR, SEM MEDO, a nossa indignação e a nossa NÃO ACEITAÇÃO pelo que nos querem fazer a nós, aos nossos filhos e netos!

Exigimos:

  1. Transparência Total e Participação Pública: Realização urgente de sessões públicas de informação com a participação da empresa promotora e de especialistas independentes para uma avaliação credível e isenta dos impactos;
  2. Informação Clara e Acessível: Disponibilização de informações claras e compreensíveis sobre a localização precisa da central e uma descrição específica e detalhada de todos os impactos ambientais, sociais e económicos;
  3. Reavaliação do Projeto: O redimensionamento e a relocalização do projeto “Sophia”, com a apresentação de alternativas credíveis para minimizar os impactos negativos a todos os níveis.

Apelo:

  • Às Câmaras Municipais do Fundão, Penamacor e Idanha-a-Nova para que tomem medidas imediatas no sentido de apoiarem e cooperarem com os seus munícipes, defendendo intransigentemente os seus interesses;
  • Ao Sr. Presidente da República, Prof. Dr. Marcelo Rebelo de Sousa, ao Governo de Portugal, ao Exmo. Sr. Primeiro-Ministro Dr. Luís Montenegro, e ao Exmo. Sr. Ministro Adjunto da Coesão Territorial, Dr. Manuel Castro Almeida, que intervenham e ouçam o grito de alerta do interior;
  • À Agência Portuguesa do Ambiente e ao Ministério da Energia, que cumpram a sua missão de proteger o ambiente e as populações, rejeitando projetos que comprometem o futuro sustentável das regiões;

Enquanto presidente da Câmara de Comércio da Região das Beiras, apelo a todas as pessoas, empresas e instituições que assinem JÁ a petição pública contra o licenciamento do projeto Sophia CFS no site www.participa.pt

Façam com que todo o vosso círculo familiar, de amigos e profissional assine! Temos apenas até dia 20 de novembro para mostrar ao Governo que levamos a Beira ao mundo e queremos ter o Mundo na nossa Beira, mas não à custa da sua destruição.

Honremos os nossos antepassados, como Viriato, que, com coragem e determinação, defenderam estas terras. Que o nosso grito de guerra ecoe por toda a região:

SOPHIA, NÃO PASSARÁS!

Com a máxima estima e determinação.  ■

Ana Correia

Cidadã fundanense

*Os artigos de opinião são de inteira responsabilidade dos seus autores e não refletem, necessariamente, a visão do nosso órgão de comunicação social

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