Opinião: “O Impacto da IA ameaça 29% dos empregos em Portugal”, por André Aguiar

“Ascensão da inteligência artificial pressiona o país europeu a repensar o futuro do trabalho, a começar pela educação e requalificação”

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André Aguiar, Especialista em Marketing, Escritor, Professor, Palestrante e Referência em Inteligência Artificial Aplicada aos Negócios
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Portugal está a viver um momento crítico no que diz respeito ao impacto da inteligência artificial no seu mercado de trabalho. Segundo estudo recente da Fundação Francisco Manuel dos Santos, quase 29% dos empregos no setor privado estão em risco de desaparecer devido à automação e ao uso intensivo de IA. Este dado, por si só, deveria alarmar qualquer decisor político ou líder empresarial. Trata-se de uma transformação estrutural com consequências reais, especialmente para profissões rotineiras com baixo potencial de adaptação tecnológica — como empregados de mesa, operadores de equipamentos móveis e cozinheiros.

Tenho observado que essa transição não é homogênea. Há, sim, profissões em ascensão: cerca de 22,5% da força laboral nacional poderá beneficiar-se com a digitalização, nomeadamente nas áreas de educação, marketing, finanças e contabilidade. A IA, nestes casos, aparece como catalisador de produtividade. Contudo, uma fatia ainda maior da população ativa — os 35,7% no chamado “terreno dos humanos” — corre o risco de ser deixada à margem, caso não se invista massivamente em competências digitais e interpessoais. Profissões que dependem do contato humano direto, mas que carecem de suporte tecnológico, podem tornar-se vulneráveis num mundo que exige fluência digital como competência básica.

Vejo esta tendência como um chamamento à ação para as instituições de ensino e para as políticas públicas. A formação de jovens deve incorporar, desde já, literacia digital, fundamentos de IA e o uso ético de tecnologias de automação. O Programa PESSOAS 2030, com apoio do Fundo Social Europeu+, surge como uma resposta estratégica e estruturada, ao financiar projetos de qualificação e requalificação da população em idade ativa. No entanto, não basta apoiar quem está a entrar no mercado de trabalho — é imperativo dar uma segunda chance formativa a quem está no meio da carreira, especialmente nos setores mais ameaçados. O risco real não é apenas tecnológico, mas sim de exclusão social e desajuste estrutural.

Acredito que o futuro dos empregos em Portugal será determinado menos pela tecnologia em si e mais pela nossa capacidade de preparar pessoas para coexistir com ela. A IA não eliminará todos os empregos — mas certamente eliminará muitos dos que não evoluírem. E isso exige visão política, compromisso empresarial e coragem institucional para tomar decisões difíceis hoje, em nome da sustentabilidade social e económica de amanhã.

Estamos mesmo a preparar os jovens e os trabalhadores portugueses para um mundo onde as máquinas aprendem mais depressa do que nós?

IA DE IMPACTO: Notebook LM

O Notebook LM (https://notebooklm.google.com/) é uma ferramenta de IA desenvolvida pela Google que permite transformar fontes de informação em assistentes personalizados. A proposta é simples, mas poderosa: criar notebooks inteligentes baseados em documentos e links escolhidos pelo próprio utilizador.

Na prática, o Notebook LM pode ajudar profissionais, gestores e estudantes a organizarem e interrogarem grandes volumes de informação — sejam relatórios, artigos académicos ou regulamentos — de forma conversacional e precisa. Isso torna-o especialmente útil para diplomatas, juristas, académicos ou qualquer pessoa que trabalhe com conteúdo técnico.

O processo é direto: basta fazer login com uma conta Google, criar um novo caderno (notebook) e adicionar até 50 fontes — pode incluir PDFs, links ou textos diretamente. A partir daí, a IA gera resumos, responde as perguntas e ajuda a cruzar dados entre as fontes.

Uma dica prática: utilize o Notebook LM como base de preparação para reuniões estratégicas ou apresentações. Carregue os documentos relevantes e use a IA para sintetizar os pontos principais ou antecipar questões.

Embora ainda esteja em fase experimental, o Notebook LM destaca-se pela proposta de colocar a IA a serviço do raciocínio humano — reforçando, em vez de substituir, a nossa capacidade de análise e decisão. ■

André Aguiar

Especialista em Marketing, Escritor, Professor, Palestrante e Referência em Inteligência Artificial Aplicada aos Negócios; Licenciatura em Matemática, MBA em Marketing Digital e Analista de Sistemas

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*Os artigos de opinião são de inteira responsabilidade dos seus autores e não refletem, necessariamente, a visão do nosso órgão de comunicação social

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