Opinião: “Por que estamos mais ansiosos?”, por Fabiano de Abreu

“Estudo aponta que a sociedade está moldando nossos problemas de saúde mental”

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Fabiano de Abreu, neurocientista luso-brasileiro
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Violência, redes sociais, desigualdade e busca por validação: como a cultura moderna virou uma fábrica de ansiedade, segundo estudo publicado na Atena Editora.

Ansiedade, depressão, estresse. Parece que essas palavras estão cada vez mais presentes nas conversas, nos consultórios e até nos memes que circulam nas redes. Mas será que isso é só uma impressão? 

De acordo com um novo estudo publicado na Atena Editora, a resposta é clara: Não, não é impressão. A nossa sociedade, do jeito que está organizada, está moldando a nossa saúde mental para pior.

O estudo, desenvolvido pelo Pós PhD em neurociências, Dr. Fabiano de Abreu Agrela em parceria com o especialista em neurociências Flávio Nunes, joga luz sobre uma realidade que muita gente sente na pele, mas poucos compreendem em profundidade.

Brasil: campeão mundial da ansiedade (e não por acaso)

O Brasil aparece há anos no topo dos rankings mundiais de ansiedade. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), somos um dos países com os maiores índices do transtorno no planeta.

O estudo aponta algumas causas principais:

Violência urbana constante que mantém a população em estado de alerta;

Desigualdade social, que gera insegurança, medo e instabilidade;

Pós-pandemia, que amplificou sentimentos de incerteza, isolamento e luto coletivo;

E, claro, o impacto das redes sociais, que funcionam como verdadeiras máquinas de dopamina.

O que acontece no cérebro?

A ansiedade não é só um estado emocional, é uma reação biológica. O estudo detalha como esse processo funciona em cada região do cérebro.

A amígdala cerebral, que processa ameaças, fica hiperativa, o hipocampo, responsável pela memória, começa a registrar os traumas de forma distorcida, misturando passado, presente e futuro. O córtex pré-frontal, que deveria ajudar a regular emoções, passa a perder eficiência.

Além disso, há uma desregulação em neurotransmissores como serotonina, dopamina e glutamato, que estão diretamente ligados ao bem-estar.

“É como se o cérebro estivesse preso no modo de alerta, mesmo quando não há perigo real”, explicam os autores do estudo.

Dá para sair desse ciclo?

O estudo também propõe soluções práticas que ajudam a romper o ciclo, como redução do tempo em redes sociais e uso mais consciente dessas plataformas, fortalecimento de vínculos presenciais, relações afetivas reais e seguras, exercícios físicos e meditação, que ajudam na regulação do eixo do estresse (HPA) e melhoram o funcionamento do sistema límbico. ■

Fabiano de Abreu

Neurocientista luso-brasileiro

 

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