Opinião: “USD 8.9 trilhões em perdas e a urgência de políticas de bem-estar”, por Sônia Crisostomo

“O bem-estar no ambiente corporativo deve ser compreendido como um ativo estratégico, não como um custo ou um modismo”

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Sonia Crisóstomo, empresária, escritora, Coach em Well-being & Happiness
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Segundo o relatório mais recente do Instituto Gallup, estima-se que a economia global perca aproximadamente USD 8,9 trilhões anualmente devido à baixa produtividade gerada pelo desengajamento dos colaboradores. Esse número, que representa cerca de 9% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, expõe com clareza a magnitude do desafio enfrentado pelas organizações contemporâneas no que se refere à gestão de pessoas, saúde emocional e cultura organizacional.

Diante desse cenário, torna-se evidente que implementar políticas voltadas ao bem-estar dos colaboradores já não pode ser visto como um “luxo corporativo” ou uma tendência passageira. Pelo contrário: trata-se de uma necessidade estratégica, associada diretamente à sustentabilidade dos negócios. Em um contexto global marcado pelo aumento das síndromes relacionadas ao trabalho — como burnout, ansiedade e depressão — a discussão sobre felicidade no trabalho precisa evoluir de um discurso subjetivo para uma abordagem baseada em evidências, dados e indicadores de impacto organizacional.

A compreensão ampliada do conceito de saúde

A Organização Mundial da Saúde (OMS), desde 1946, propõe uma definição ampliada de saúde: “um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doenças ou enfermidades”. Esse conceito resgata a ideia de integralidade do ser humano, deslocando o olhar exclusivamente clínico para uma abordagem mais holística e interdisciplinar.

Nesse sentido, os determinantes sociais da saúde — como renda, educação, relações sociais e condições de trabalho — devem ser compreendidos como fatores interdependentes que moldam as experiências de vida e, consequentemente, o estado de saúde de um indivíduo. A seguir, exploramos brevemente esses aspectos em relação ao bem-estar no trabalho.

Determinantes sociais da saúde e as suas implicações no contexto organizacional Renda e segurança econômica:

A estabilidade financeira é um dos pilares do bem-estar psicológico. Indivíduos expostos a insegurança econômica apresentam níveis mais altos de estresse, ansiedade e adoecimento emocional. Além disso, a percepção de justiça na remuneração impacta diretamente o sentimento de valorização e o nível de engajamento no ambiente de trabalho.

  1. Educação e literacia em saúde:

A educação não apenas promove oportunidades de emprego mais qualificadas, como também desenvolve competências socioemocionais, pensamento crítico e a capacidade de lidar com adversidades. Funcionários com maior grau de escolaridade tendem a ter melhor compreensão sobre autocuidado, gestão do tempo e comunicação interpessoal — elementos cruciais para ambientes corporativos saudáveis.

  1. Condições laborais e organização do trabalho:

Ambientes marcados por sobrecarga, metas inalcançáveis, ausência de reconhecimento e relações tóxicas favorecem o adoecimento físico e emocional. Por outro lado, culturas organizacionais que valorizam o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, que oferecem segurança psicológica e promovem desenvolvimento humano, impactam positivamente tanto os índices de saúde quanto os resultados financeiros.

  1. Redes de apoio e vínculos sociais:

O ser humano é essencialmente relacional. A presença de vínculos afetivos positivos no trabalho — como a relação com colegas, gestores e equipes — está diretamente relacionada à motivação, à resiliência e ao senso de pertencimento. A literatura em psicologia positiva evidencia que ambientes de confiança e cooperação promovem maior inovação e produtividade.

Saúde organizacional como vetor de prosperidade

O bem-estar no ambiente corporativo deve ser compreendido como um ativo estratégico, não como um custo ou um modismo. Frente aos dados robustos sobre os impactos do desengajamento, torna-se evidente que práticas de promoção de saúde, felicidade e engajamento devem ocupar lugar central na gestão contemporânea.

Ao reconhecer que pessoas saudáveis geram empresas saudáveis, abrimos espaço para uma nova lógica de prosperidade — uma lógica que combina alta performance com dignidade humana, resultados com significado, e lucro com propósito. ■

Sônia Crisostomo

Empresária, escritora, Coach em Well-being & Happiness, e ajuda pessoas de todas as partes do mundo a transformarem suas vidas para melhor.

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