
A AD – Coligação PSD/CDS venceu as eleições legislativas portuguesas com 86 deputados, enquanto PS e Chega empatam no número de eleitos para o parlamento, 58, quando estão apurados todos os votos nos círculos nacionais.
Aos eleitos da AD – Coligação PSD/CDS, juntam-se ainda três parlamentares que somaram votos suficientes na Região Autónoma dos Açores, onde a coligação junta, além do PSD e CDS-PP, o PPM, que registou 0,62%, traduzindo cerca de 37 mil votos.
A AD somou 32,10% dos votos nos círculos do território nacional, enquanto os socialistas obtiveram 23,38% e o Chega 22,56%, registando-se uma diferença de 48.916 votos entre estes dois partidos.
Dados apurados
A composição parlamentar para a próxima legislatura voltou a alterar-se com as eleições de domingo, 18 de maio, com a AD a ganhar mais 10 deputados, PS a perder 19, Chega a somar mais 10 e um estreante, face a 2024.
Segundo os resultados divulgados pela Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna (SGMAI) e referentes ao território nacional, a AD (PSD/CDS) foi a vencedora da noite, ao conseguir eleger 86 deputados, mais 10 face ao alcançado nas legislativas de 2024, sem contar com os círculos da emigração, que ainda não foram apurados.
A estes deve somar-se a coligação que junta PSD, CDS-PP e PPM nos Açores, que conseguiu eleger três deputados, mantendo o alcançado no ano passado.
Assim, ao todo estas duas coligações têm agora 89 deputados, ou seja, mais 10 face ao registado em 2024.
Por sua vez, o PS foi um dos derrotados, tendo eleito 58 deputados, isto é, menos 19 face ao 77 das legislativas anteriores.
O Chega está, neste momento, ‘taco a taco’ com o PS, ao eleger 58 deputados, mais 10 face a 2024, enquanto a IL viu a sua bancada ganhar mais um deputado, tendo agora 9 mandatos.
Já o Livre conseguiu mais dois deputados do que no ano passado, totalizando seis deputados, enquanto a CDU (PCP/PEV) perdeu um deputado, passando de quatro para três.
O Bloco de Esquerda vê a sua bancada parlamentar encolher de cinco deputados para uma deputada única (a própria coordenadora do partido), enquanto o PAN ‘segurou’ Inês Sousa Real, que vai continuar a ter assento no parlamento.
A Assembleia da República tem agora um estreante, após o Juntos Pelo Povo (JPP) ter eleito Filipe Sousa.
Esta composição não inclui ainda os eleitores residentes no estrangeiro, cuja participação e escolhas serão conhecidos a 28 de maio.
“Não me parece que haja outra solução de Governo”
O presidente do PSD defendeu que não há outra solução de Governo que não passe pela AD e, questionado se mantém o não ao Chega, respondeu que já demonstrou ter palavra.
“Não me parece que haja outra solução de Governo que não aquela que dimana da vontade livre democrática e convicta do povo português”, afirmou Luís Montenegro.
Para o líder da AD, do ponto de vista aritmético, apenas haveria outra possibilidade de Governo, que passaria por uma coligação entre PS e Chega, que não considerou “um cenário crível”.
Já à pergunta se mantém o “não é não” ao partido liderado por André Ventura, Montenegro respondeu: “Quanto aos nossos compromissos já mostrámos que temos palavra e que cumprirmos a nossa palavra”.
O líder do PSD disse não querer teorizar sobre o que outros partidos transmitirão ao Presidente da República, expressando a sua posição geral.
“Dentro do cumprimento dos compromissos que assumi em nome da AD e dentro do espírito do ‘sim é sim’ a Portugal, tenho a certeza que vai acabar por imperar o sentido de responsabilidade, não só para a assunção plena de poderes do Governo, mas de condições de execução do programa do Governo em quatro anos”, disse.
Chega celebra crescimento
O líder do Chega, André Ventura, considerou que o próximo Governo “depende do Chega e só do Chega”, mas não esclareceu se viabilizará o programa do próximo executivo no parlamento.
“Eu ouvi o PS dizer que não apoiará nem sustentará este Governo. O Governo de Portugal depende do Chega e só do Chega”, afirmou Ventura, em resposta às questões dos jornalistas depois do discurso de reação aos resultados das eleições legislativas desta noite.
Questionado diretamente se admite viabilizar o programa do próximo Governo no parlamento, André Ventura não esclareceu, remetendo o tema para os próximos dias.
“Os portugueses sabem que o Chega sempre foi e lutou por ser um garante de estabilidade, mas também de firmeza na luta contra a corrupção, interesses instalados e sem ceder um milímetro. (…) Mas também não quero deixar de dizer que o Chega sempre foi um partido responsável. Tornou-se um partido de poder e de governo por mérito próprio e vai honrar essa tradição”, afirmou.
Perante a insistência, André Ventura respondeu que “hoje (18 de maio) é o dia de assinalar um crescimento e uma vitória históricos”.
“Teremos tempo para falar sobre governo e sobre cenários”, acrescentou.
Abstenção alcança valor mais baixo em 30 anos
A taxa de abstenção nas eleições legislativas de domingo deverá situar-se nos 35,62%, a mais baixa em 30 anos, quando em outubro de 1995 ficou nos 33,70%.
Estes valores não incluem ainda os eleitores residentes no estrangeiro, o que só será conhecido a 28 de maio.
A taxa de abstenção baixou nas duas últimas eleições legislativas, depois da tendência de subida durante décadas, tendo alcançado em 2019 o valor mais elevado desde 1975 ao atingir os 51,43%.
A taxa de abstenção nas eleições legislativas de 2024 situou-se nos 40,16%, a mais baixa desde 2005, quando ficou nos 35,74% e José Sócrates alcançou a primeira maioria absoluta do PS.
Nas legislativas de 30 de janeiro de 2022, quando António Costa foi reeleito com maioria absoluta, a taxa de abstenção situou-se nos 48,54%, verificando-se já uma participação eleitoral superior à registada nas eleições de 2019, ano em que a abstenção atingiu o recorde de 51,43% e em que foram mais os não votantes do que os votantes.
Desde as legislativas de 1995, em que ficou nos 33,70%, que a abstenção não registava um valor tão baixo como o sufrágio de domingo.
Só em 1980, 2002, 2005, 2022 e 2024 houve quebras na galopante taxa de eleitores ausentes das mesas de voto desde 25 de abril de 1975 (o menor valor, de 8,34%). ■
Agência Incomparáveis, com Lusa