
O presidente do Conselho Europeu, António Costa, defendeu, durante visita ao Brasil, entre os dias 27 e 29 de maio, que o acordo comercial e de parceria entre a União Europeia (UE) e o Mercado Comum do Sul (Mercosul) vai “elevar a relação bilateral a um novo patamar”.
“O acordo UE-Mercosul criará a maior zona de livre comércio do planeta, trará enormes benefícios para as nossas empresas e cidadãos e elevará a relação bilateral a um novo patamar”, escreveu hoje António Costa numa publicação na rede social X.
O presidente do Conselho Europeu esteve no Brasil para aprofundar a cooperação entre o país e a UE, nomeadamente ao nível político e comercial, tendo se reunido em Brasília com o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Mauro Viera, no Palácio Itamaraty.
O acordo UE-Mercosul foi um dos assuntos debatidos com o chefe da diplomacia brasileira, numa reunião que não estava prevista e que foi anunciada à última hora, já que o primeiro encontro de António Costa deveria ter sido com o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, o que não aconteceu devido a um problema de saúde do chefe de Estado do Brasil.
“Foi um prazer conversar com o ministro Mauro Vieira. (…) Discutimos o momento das relações entre a União Europeia e o Brasil, bem como os vários desafios globais que enfrentamos e estamos ambos empenhados em reforçar a nossa parceria estratégica”, escreveu também António Costa no X.
Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores brasileiro detalhou que “na reunião foram tratados temas das agendas bilateral, regional e global, assim como propostas para fortalecer as relações entre Brasil e União Europeia”.
Ao dizer que “Brasil e UE estão totalmente comprometidos no combate às alterações climáticas e na preservação do planeta”, o presidente da instituição europeia garantiu que o Brasil “pode contar com o total apoio da União Europeia para que a COP30 seja um sucesso”.
Outro “objetivo comum” diz respeito ao fim das hostilidades na Ucrânia e no Médio Oriente, com ambos os blocos a defenderem “esforços para silenciar as armas e alcançar uma paz justa e duradoura” em solo ucraniano e a “necessidade imediata de acesso à ajuda” face ao “horror diante da catástrofe humanitária em Gaza”, segundo António Costa.
No seu último dia de visita ao Brasil, António Costa discursou no primeiro Fórum de Investimento UE-Brasil, em São Paulo, sobre como “Construir um Futuro Forte e Sustentável” e lançou o Diálogo de Investimento entre o país e a União Europeia.
O Brasil é parceiro estratégico da UE desde 2007. A UE é o segundo maior parceiro comercial do Brasil e o seu maior investidor estrangeiro, com mais de 300 mil milhões de euros de investimento direto.
A corrente de comércio bilateral em 2024 foi de US$ 95,5 mil milhões. As exportações brasileiras foram de US$ 48,2 mil milhões, com superavit de US$ 1 mil milhão.
O acordo UE-Mercosul, que será o maior acordo comercial e de investimento do mundo, abrange os 27 Estados-membros da UE mais Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, o equivalente a 25% da economia global e 780 milhões de pessoas, quase 10% da população mundial. O acordo é especialmente atrativo para o bloco comunitário neste momento, face às tensões comerciais com os Estados Unidos.
Recorde-se que, em dezembro de 2024, foram concluídas as negociações do Acordo de Parceria entre o MERCOSUL e a União Europeia. Após sua entrada em vigor, a Acordo incrementará o comércio entre regiões, constituindo-se em um dos maiores mecanismos desse tipo no mundo, com um mercado de 718 milhões de pessoas, US$ 22 trilhões de PIB e US$ 117 bilhões em intercâmbio comercial.
Ainda em solo brasileiro, Costa frisou que a parceria entre a União Europeia e o Brasil “é mais importante do que nunca” numa altura de “tempos desafiantes”.
“As relações entre Brasil a União Europeia estruturam-se em torno de valores e interesses comuns, como a defesa da democracia, a proteção e a promoção dos direitos humanos e o avanço do desenvolvimento sustentável. Em 2007, o relacionamento foi elevado ao patamar de Parceria Estratégica, o que intensificou o diálogo bilateral sobre temas políticos e econômicos”, disse o Itamaraty. ■