Recife: “Apelos de paz” marcaram encerramento da edição de 20 anos da Fliporto

Último ponto do programa da Festa Literária Internacional de Pernambuco contou com homenagem a Dom Helder Câmara

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Foto: Instituto Asa Branca - Fliporto
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A Festa Literária Internacional de Pernambuco (Fliporto) encerrou ontem, dia 16, a sua edição comemorativa dos 20 anos, no Teatro Luiz Mendonça, no Parque Dona Lindu, no Recife. A programação final reuniu autores, leitores e instituições num momento dedicado à obra espiritual e poética de Dom Helder Câmara, concluindo quatro dias de atividades que decorreram entre 13 e 16 de novembro em vários espaços do Parque Dona Lindu, incluindo o Teatro Luiz Mendonça e o Espaço Janete Costa, que recebeu o Fliporto Arte, uma mostra inédita considerada pelos visitantes “um trabalho incrível desenvolvido” no local.

A noite final apresentou a Roda de Poesias de Dom Helder Câmara: O Dom da Paz, com mediação e performance da Literatrupe e participação do Instituto Dom Helder Câmara.

Virgínia Pimentel, diretora-executiva da instituição, explicou ao público os detalhes do encerramento, sublinhando a força simbólica do espetáculo.

“O público foi convidado a entrar no universo de mais de sete mil meditações de Dom Helder, num clamor pela paz e pela fraternidade. Trouxemos a sua poesia, a sua espiritualidade e a sua visão de mundo. Dom Helder foi conhecido como o Dom da Paz e cultivou a arte como forma de harmonia e diálogo. Esta roda foi um apelo coletivo por tempos mais humanos”, afirmou esta responsável.

Foto: Instituto Asa Branca – Fliporto

O espetáculo reuniu Carlos Mesquita, Ceci Medeiros, Aglaia Gosta e Samuel Vieira, num alinhamento concebido como gesto poético e social. Virgínia Pimentel recordou ainda que Dom Helder realizava saraus no Palácio dos Manguinhos e valorizava a arte como instrumento de construção comunitária.

“O encerramento foi um plano pela paz e pela convivência. A arte pode embelezar a vida e abrir caminhos de compreensão. Foi isso que quisemos entregar ao público”, referiu a mesma fonte.

Na despedida da edição de 2025, António Campos, curador e coordenador-geral da Fliporto, reforçou a dimensão afetiva e histórica da homenagem.

“Estamos hoje finalizando mais uma edição da Fliporto, 20 anos. E aqui celebramos o Poeta da Paz, Dom Helder Câmara, que, além de ser religioso, foi um grande pensador, um grande poeta que amava a poesia, um homem humano que queria um mundo mais justo, um mundo com paz, que o pobre tivesse mais pão. A Dom Helder, toda a nossa homenagem, todo o nosso amor. Dom Helder deixou uma mensagem eterna. A saudade, a nossa homenagem, o nosso carinho e a nossa admiração permanecem”, sublinhou Antônio Campos, que, durante a festa, apresentou também o Manifesto da Lusofonia, documento lançado nesta edição emblemática que propõe um pacto de cooperação cultural entre países e comunidades de língua portuguesa.

Foto: Instituto Asa Branca – Fliporto

Com o encerramento no Recife, Antônio Campos confirmou ainda que, em 2026, terá novas edições no Brasil e em Portugal, consolidando a sua presença nos dois lados do Atlântico e ampliando o diálogo iniciado há duas décadas. A celebração dos 20 anos destacou a continuidade de um projeto que mantém a literatura no centro de uma rede cada vez mais global de leitores, autores e instituições.

Foram homenageados nomes como os poetas Carlos Pena Filho e Miró da Muribeca, além de Chico Pedrosa, cordelistas que participou no espaço Fliporto Cordel, com o apoio da Editora Imeph, liderada por Lucinda Marques.

Autores portugueses presentes

A Fliporto 2025 procurou valorizar a literatura lusófona, sob o tema “Literatura, tecnologia, sustentabilidade, interfaces e diálogos”. A presença de escritores portugueses marcou o encontro com intervenções de Ígor Lopes e José Manuel Diogo, que debateram o papel da língua portuguesa na identidade e cidadania do espaço lusófono, além de apresentarem as suas obras: “Luso-Brasilidade Musical – A influência da música na ligação entre Brasil e Portugal”, de Ígor Lopes, e “Uma Geografia Poética”, de José Manuel Diogo.

No dia 16, Avelina Ferraz, produtora cultural e comissária da Fliporto Portugal, que aconteceu em outubro em Matosinhos, com o apoio da Fundação Livraria Lello, participou na mesa sobre festas e prémios literários, reforçando a cooperação cultural entre os dois países, além de sublinhar a ligação entre as edições brasileira e portuguesa da Fliporto. ■

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