
Portugueses que visitam o Rio de Janeiro encontram no Bar e Restaurante Glória um ponto de referência para produtos gastronómicos brasileiros e portugueses. O estabelecimento, na Rua Acre, 6, no Centro, oferece gastronomia e convívio que reforçam a circulação cultural entre os dois países.
Localizado próximo à Praça Mauá e ao antigo porto carioca, o bar atrai visitantes portugueses que buscam espaços que conciliem a experiência urbana carioca com elementos da identidade portuguesa. A gestão de Domingos Cunha transformou o local em ponto de convergência para turistas, residentes e lusodescendentes.
Cunha, natural de Póvoa de Lanhoso, em Braga, Portugal, chegou ao Rio em 1964, aos 14 anos, e assumiu a gestão do bar fundado em 1945, nos anos 1980. Com o passar dos anos, percebeu que os visitantes portugueses reconhecem no espaço um ambiente descontraído, num diálogo gastronómico que atravessa Brasil e Portugal.
“Trouxemos para cá alguns pratos que destacam Portugal e as suas regiões, e conseguimos conquistar o paladar dos brasileiros”, afirmou, sublinhando que “a alma do restaurante continua portuguesa, porque mantemos as nossas raízes e o modo autêntico de cozinhar”.
O cardápio reúne bacalhau em diferentes versões, feijoada à transmontana, leitão à bairrada, bolinhos de bacalhau, lado a lado com pratos cariocas como feijoada brasileira e carne assada com nhoque. Vinhos portugueses e sobremesas como banana flambada completam a lista de opções.
O bar funciona como espaço regular de socialização para residentes portugueses e lusodescendentes que atuam em turismo, pesquisa, artes e no setor empresarial. A proximidade com a Rádio Nacional, o Edifício A Noite e o INPI facilita o acesso de profissionais, jornalistas, estudantes e empresários que utilizam o local para encontros informais.
Entre 1884 e 1959, o Brasil recebeu mais de 1,3 milhão de imigrantes portugueses, muitos desembarcados no porto próximo. A região preserva marcas dessa presença na arquitetura e nos hábitos culturais.
“Aqui no Rio, estamos no centro financeiro, e o tempo é escasso, então, temos de servir bem e rápido e com qualidade”, explicou Domingos Cunha.
O estabelecimento atravessou transformações urbanas nos anos 1960, em 2013 e a pandemia de Covid-19. Sob gestão de Cunha, o espaço articula públicos distintos e expressa a circulação cultural luso-brasileira contemporânea.
“Fico feliz quando vejo o meu negócio cumprir um papel social e estratégico, onde as pessoas conversam, debatem, realizam negócios e constroem vínculos duradouros”, concluiu o nosso entrevistado. ■




