A Fliporto – Festa Literária Internacional de Pernambuco, uma das mais importantes celebrações da literatura em língua portuguesa no Brasil, com 20 anos de existência, estreia-se em território luso em parceria com a Fundação Livraria Lello. Esta edição, que assume o nome de Fliporto Portugal, traz consigo a missão clara de valorizar a diversidade de vozes da lusofonia. O evento, que conta com entrada gratuita, vai decorrer de 22 a 25 de outubro no Mosteiro de Leça do Balio, em Matosinhos, sede da Fundação Livraria Lello, e será um ponto de encontro de autores, pensadores, artistas e leitores em torno da palavra escrita e das novas formas de criação e fruição cultural.
Com uma programação que terá como tema central “O Livro em Tempos Digitais e a Literatura em Língua Portuguesa”, painéis de debate, conversas com escritores, sessões de histórias infantis e lançamentos de livros irão entrelaçar gerações e geografias, afirmando o livro — físico ou digital — como um espaço vivo de memória e de imaginação.

Celebração do percurso de Dulce Maria Cardoso e Amélia Dalomba
A par destas iniciativas, o festival contará também com a entrega do Prémio Literário Guerra Junqueiro 2024 à escritora Dulce Maria Cardoso, no dia 22 de outubro, e do Prémio Literário Guerra Junqueiro Lusofonia Angola 2024 à escritora Amélia Dalomba, no dia 24 de outubro.
Enquanto festival que se assume como um espaço vibrante de reflexão e de diálogo, a Fliporto Portugal contará com a participação de figuras de relevo, tais como Rui Couceiro (escritor), Isabel Rio Novo (escritora), João Rasteiro (poeta e coordenador da Programação da Feira do Livro de Coimbra), Manuela Ribeiro (coordenadora do Correntes d’Escrita), Olinda Beja (escritora Santomense), João Morgado (escritor), Ana Aragão (ilustradora e arquiteta), entre muitos outros.
De acordo com Antônio Campos, presidente do Instituto Fliporto, no Brasil, e coordenador-geral da Fliporto Portugal, “esta iniciativa é uma oportunidade histórica para estreitar os laços literários entre Portugal e o Brasil, e o vasto universo lusófono, unindo autores, leitores e instituições culturais dos dois lados do Atlântico, além de criar pontes de cooperação e de partilha de ideias”.

Por este motivo, a ida da Fliporto para Portugal, em particular para a região do Porto, representa “um passo natural na sua trajetória de 20 anos dedicadas à promoção da literatura, da língua portuguesa e do diálogo cultural no espaço lusófono”, sublinha este responsável, que não esconde o orgulho em poder realizar esta internacionalização com o apoio da Fundação Livraria Lello.
Por seu turno, Rita Marques, presidente da Fundação Livraria Lello, destaca que associar a fundação à Fliporto nesta primeira edição da Festa Literária fora do Brasil fazia todo o sentido.

“A Fundação Livraria Lello tem como missão promover a literatura, a cultura e o pensamento crítico, ligando autores, leitores e criadores além-fronteiras. Escolher o Mosteiro de Leça do Balio como palco é, também, unir património, memória e futuro, colocando Portugal no mapa dos grandes festivais literários internacionais”, afirmou Rita Marques.
Festa literária adaptada ao contexto e ao público local
Embora o evento mantenha a identidade e a qualidade que marcaram as edições no Brasil, a Fliporto em Portugal terá uma configuração adaptada ao contexto e ao público local.
“O programa foi pensado para valorizar a diversidade de vozes da lusofonia, integrando temas e debates que dialogam com a realidade cultural e literária de Portugal. Esta edição também simboliza uma experiência de intercâmbio direto, permitindo que a audiência portuguesa conheça de perto o espírito e a energia que caracterizam a Fliporto no Brasil”, realçou Antônio Campos.
Programa de relevo no universo lusófono
O programa arranca a 22 de outubro com a cerimónia de entrega do Prémio Literário Guerra Junqueiro 2024 a Dulce Maria Cardoso, seguindo-se a apresentação da sua obra por Margarida Calafate Ribeiro, investigadora na área da cultura e literatura. No dia 23, o destaque vai para o público escolar, com uma sessão de “risoterapia” com a terapeuta Manuela Bulcão e uma conversa com o escritor de livros infantojuvenis António Mota. Da parte da tarde realiza-se um painel sobre o impacto da inteligência artificial na literatura.

O dia 24 será marcado por dois importantes debates sobre a “formação de leitores e escritores” e “a língua portuguesa”, culminando na entrega do Prémio Literário Guerra Junqueiro Lusofonia Angola 2024 à escritora Amélia Dalomba, com apresentação do Professor Francisco Soares. Haverá ainda uma sessão infantojuvenil, “Baú do Contador – Histórias com Magia”, com o contador de histórias e mágico Rui Ramos.
“Livro Geral” do escritor brasileiro Carlos Pena Filho em destaque
O encerramento, a 25 de outubro, dará palco às artes visuais com o painel “Artistas Peregrinas”, que contará com as participações de Ana Aragão, da pintora Balbina Mendes e da escritora Isabel Rio Novo. Haverá ainda uma conversa com o escritor João Morgado, moderada por Antônio Campos, sobre “Joaquim Nabuco, Camões e Os Lusíadas”.
O lançamento em Portugal de o “Livro Geral”, do escritor brasileiro Carlos Pena Filho (1929-1960), fecha a Fliporto Portugal.
Avelina Ferraz, promotora cultural da lusofonia, curadora do Prémio Literário Guerra Junqueiro Lusofonia e comissária do evento em Portugal, sublinha que “o programa da Fliporto Portugal afirma-se como um espaço vivo de encontro entre o livro físico e o digital, a memória e o futuro, a língua comum e as vozes diversas da lusofonia”.

“É um instrumento para a instrução e o desenvolvimento”, disse.
Futuro da Fliporto em Portugal
O coordenador e curador-geral da Fliporto Brasil espera que, após o evento em Matosinhos, seja possível voltar a repetir esta iniciativa em solo luso.
“A nossa intenção é consolidar uma presença regular da Fliporto em Portugal, juntando forças com a Fundação Livraria Lello para criar um calendário que permita uma colaboração contínua, incluindo, claro, outras instituições culturais portuguesas. Naturalmente, cada edição dependerá de um planeamento cuidadoso e de parcerias estratégicas, mas a vontade e a visão de dar continuidade a esta aproximação entre o Brasil e Portugal estão muito presentes”, afirmou Antônio Campos, que sublinha que, “ao aliarmos a nossa experiência de mais de 20 anos no ramo dos festivais literários no Brasil à capilaridade cultural da Fundação Livraria Lello, quem ganha é o público e a leitura e é para isso que vamos trabalhar”.
“Acreditamos que esta primeira experiência será apenas o início de uma colaboração duradoura entre a Fundação Livraria Lello e a Fliporto, explorando novos formatos, temas e geografias. A lusofonia é um território cultural sem fronteiras e queremos continuar a criar pontes que aproximem autores, leitores e comunidades, tanto em Portugal como no Brasil e nos demais países de língua portuguesa”, finalizou Rita Marques.
Como participar?
Sujeita à lotação do espaço, a entrada é gratuita, mediante inscrição no link: https://tickets.fundacaolivrarialello.pt/pt/1633-programacao-cultural/11542-fliporto-22-outubro
O programa completo pode ser conhecido em: www.fliportoportugal.pt ■