“Fundação Santoinho” valoriza papel cultural do “Rancho Maria da Fonte”, do Rio de Janeiro, em Viana

Presença do grupo luso-brasileiro, da Casa do Minho do Rio de Janeiro, em Viana do Castelo, reafirmou promessa antiga da entidade minhota; objetivo é celebrar a memória de Agostinho dos Santos, ex-presidente da Casa, comemorar o Centenário da Casa do Minho do Rio e reforçar a ligação cultural entre as duas margens do Atlântico

0
192
Valdemar Cunha, responsável pela Fundação Santoinho, considera “estrondosa” a apresentação do rancho no arraial de Santoinho. Imagem mostra momento da homenagem a Agostinho dos Santos. Foto: divulgação
- Publicidade -

“É com muita emoção e sentimento de missão cumprida que recebo, em Viana do Castelo, o Rancho Folclórico Maria da Fonte da Casa do Minho do Rio de Janeiro”. São estas as palavras de Valdemar Cunha à nossa reportagem relativamente à presença do Rancho Folclórico Maria da Fonte da Casa do Minho do Rio de Janeiro, que, em solo português, conta com agenda dinâmica, entre os dias 1 e 20 de agosto, passando por apresentações em Santoinho e festivais, além da presença marcante nas Festas em Honra de Nossa Senhora da Agonia, considerada a Romaria das Romarias de Portugal. Uma digressão que tem o apoio da Fundação Santoinho, localizada em Darque, e liderada pelo empresário Valdemar Cunha, uma entidade que serve de palco para a promoção e apoio à cultura e tradições minhotas, do Minho para o mundo.

“Quando o saudoso Agostinho dos Santos, ex-presidente da Casa do Minho do Rio de Janeiro, estava vivo, fizemos essa promessa. Foi um compromisso entre, na época, o presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo, José Maria da Costa, o Agostinho dos Santos e eu, em nome da Fundação Santoinho, de que a Fundação e a autarquia celebrariam aqui na região do Minho os 100 anos da Casa e os 75 anos do grupo. Foi pena a Câmara Municipal não participar, mas, como já disse aos elementos do rancho, as instituições vêm, vão e passam e há novas pessoas que voltam. Contudo, a Fundação Santoinho quis cumprir a sua palavra com muito gosto, com muita alegria, e trabalhamos, por largos, meses, e foram criadas todas as condições para a digressão luso-brasileira”, sublinhou Valdemar Cunha, responsável pela Fundação, que não esconde ser “uma alegria muito grande, porque o Rancho Maria da Fonte dá lições de tradição e de preservação da nossa cultura minhota”.

Este responsável recordou a participação do rancho do Rio de Janeiro na Quinta de Santoinho no dia 12 de agosto, quando o grupo se apresentou na Praça das Concertinas, uma atuação considerada “estrondosa”, além de atuar também durante o arraial de Santoinho.

“Fizemos pela primeira vez a exibição de um grupo folclórico na Praça das Concertinas, montamos lá um palco, com a atuação, digamos, do prelúdio da festa antes do início do arraial. Foi tão bonito ver aquela multidão hoje de emigrantes que encheram a praça. Foi um momento de exaltação com palmas, com palavras de compromisso também da parte da Fátima Gomes, presidente da Casa do Minho carioca, e vi a alegria dela de estar a atuar ali pela primeira vez e dentro do arraial foi uma apoteose, que eu próprio fiquei estupefacto”, sublinhou Valdemar, que explicou que o rancho conta com apoio no transporte, com um “autocarro decorado com a imagem da casa do Minho e do grupo”, ajuda na “programação, na alimentação e no alojamento” por conta da Fundação.

“não é favor nenhum, é uma obrigação”

“Toda esta estrutura foi montada com muito carinho e o grupo está deslumbrado com toda essa receção, que não é favor nenhum, é uma obrigação nossa também, pois a Casa do Minho preserva e valoriza os nossos valores. Não admito que ninguém dê um euro sequer”, exaltou Valdemar, que aproveitou a efeméride em Viana para celebrar a memória de Agostinho dos Santos, que, “além de um amigo, dignificava o Santoinho”. Para o efeito, foi instalada uma placa, numa zona reservada do arraial, onde Agostinho costumava sentar, jantar e assistir às apresentações, por diversas vezes.

“mesa do Agostinho dos Santos”

“Essa homenagem é muito especial para mim, pois acontece em comemoração ao Centenário da Casa do Minho do Rio de Janeiro. Ele está presente em alma e em coração em toda a Santoinho. Eu tinha já a ideia de homenageá-lo, mas a forma mais simples e que foi fantástica foi destacar aquela mesa, número 2, onde ele se sentava e contemplava o arraial e a festa, com um semblante muito sério. E eu chegava ali ao espaço com aquela fúria e dizia: Agostinho, o que se passa? E ele dizia: estou aqui a ver os pormenores para depois transmitir à Casa do Minho e por lá realizarmos essa grandiosa festa. Esse espaço, era onde ele se sentia bem e também se empolgava, ficava ali estático a ver toda aquela movimentação e com muita alegria. E eu resolvi perpetuar aquela mesa, uma mesa do Agostinho dos Santos”, recordou Valdemar, que organizou a homenagem, que decorreu com a presença do rancho.

“Foi tão bonito ver os homens de um lado e as mulheres do outro a apontarem para a mesa. As suas três irmãs estavam cá. Chorámos de alegria. Eu fiz questão de virar-me para o céu e dizer: Agostinho de Santos está muito feliz hoje porque os amigos e o rancho vão continuar a estar aqui. Vamos lutar para que isso se mantenha. Temos hoje a imagem de António Cunha, fundador do Santoinho, na parte exterior do recinto, e a do Agostinho na parte interior”, destacou o responsável pela Fundação.

“Digressão Cultural”

Para a presidente da Casa do Minho na cidade maravilhosa, Fátima Gomes, cuja gestão iniciou no dia 1 de novembro de 2023, estar juntamente com o Maria da Fonte nas festas, em Viana, é um orgulho. Esta responsável mencionou também a sua felicidade com a participação do grupo nos diversos festivais na região.

“Esta Digressão Cultural, com o Maria da Fonte, em Portugal, traz um sentimento de imensa gratidão e também de uma grande responsabilidade de estar à frente da direção da Casa, trazendo o grupo pela primeira vez, então, é uma responsabilidade muito grande e também muito honrosa, em nome da Casa do Minho e também em nome do Rancho Folclórico Maria da Fonte”, atestou Fátima Gomes, que não deixou de recordar que a presença do grupo “só foi possível com o apoio da Fundação Santoinho, na figura do Valdemar Cunha e do Ivo Cunha, também, claro, da dona Rosa, que nos ajudou na logística”.

Deslocação com agenda alargada

O Rancho Folclórico Maria da Fonte embarcou oficialmente no Rio de Janeiro a 1 de agosto e desembarcou em Portugal no dia 2. Logo a 5 de agosto, o grupo esteve em destaque na RTP, televisão pública portuguesa, com uma apresentação transmitida em direto (ao vivo). Nesse mesmo dia, apresentou-se em Arcos de Valdevez. No dia 6, participou em momentos de confraternização na Areosa e, a 7 de agosto, na Meadela. Já a 8 de agosto, subiu ao palco em Vila Franca, prosseguindo no dia 9 para uma apresentação em Santa Marta de Portuzelo.

A 10 de agosto foi a vez de Braga, seguindo depois para Santoinho, no dia 12, onde a emoção tomou conta do local. No dia 14, o rancho integrou o desfile da Mordomia, no âmbito das Festas em Honra de Nossa Senhora da Agonia, antes de marcar presença no Festival de Carreço. No dia seguinte, 15, apresentou-se em Póvoa de Lanhoso e, a 16 de agosto, esteve em destaque no Cortejo Histórico-Etnográfico, também no âmbito das Festas em Honra de Nossa Senhora da Agonia, além de atuar em Ponte de Lima.

O calendário segue a 17 de agosto com uma apresentação em Póvoa de Varzim e, no dia 19, uma última atuação em Santoinho, antes do regresso ao Brasil no dia 20.

Durante toda a sua passagem, o Rancho Folclórico Maria da Fonte pretende partilhar com o público português a alegria, a música e a tradição do folclore, fortalecendo os laços entre o Brasil e Portugal.

Edmar da Gama Ferraz, ensaiador do Rancho, que está em Portugal com 38 componentes, recordou a participação de “grupos amigos, como o Grupo Folclórico das Lavradeiras da Meadela, Grupo Etnográfico de Areosa, Rancho Regional das Lavradeiras de Carreço, Rancho Folclórico das Lavradeiras de Vila Franca, pessoas amigas do Maria da Fonte, que compõem a participação junto connosco, o que nos alegra muito”.

Registo de 2019, quando Agostinho dos Santos foi recebido pelo responsável pela Fundação Santoinho no local do arraial de Santoinho

“Participar nas Festas d’Agonia é uma emoção. Veja bem, se aqui, há o fervor das meninas participarem na Mordomia, imagine as meninas que estão ao longe, do outro lado do oceano, poderem ter essa oportunidade. Então, muitas delas choraram, ficaram emocionadas, e outras porque é a primeira vez que cá estão e elas ficam deslumbradas com o que veem na capital do folclore. E isso deixa todas elas realmente com uma emoção fora do comum. E, melhor ainda, representar o nosso Maria da Fonte em terras portuguesas, mesmo sabendo que o Maria da Fonte é considerado um rancho português fora de Portugal, em terras brasileiras”, atestou Edmar Ferraz, que aproveitou para agradecer o apoio do empresário Valdemar Cunha, da Fundação Santoinho, “porque é através dele, mais uma vez, que estamos aqui”.

“Todo o programa e as exibições nos deixam com muito orgulho por podermos apresentar um pouquinho do trabalho que fazemos no Brasil”, finalizou. ■

- Publicidade -

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.