A emigração de cidadãos portugueses para o Brasil registou em 2024 o valor mais baixo desde o período crítico da pandemia de COVID-19. Segundo dados do Ministério da Justiça e Segurança Pública brasileiro, divulgados pelo Observatório da Emigração de Portugal, entraram no país 476 portugueses, o que representa apenas 1,3% do total de 37.302 entradas de estrangeiros registadas ao longo do ano.
A queda face a 2023 foi de 13%, acentuando a tendência de retração que já se vinha a verificar nesse ano, a diminuição tinha sido de 2,7%. Em contraste, em 2013, foram registadas 2.904 entradas de portugueses no Brasil, representando então 4,7% do total de migrantes. Desde então, a presença portuguesa perdeu peso relativo, atingindo agora valores “historicamente baixos”.
De acordo com dados do Observatório da Emigração portuguesa, os fluxos migratórios entre Portugal e Brasil mudaram substancialmente na última década. Entre os principais fatores estão a melhoria das condições económicas em Portugal, a crescente atratividade de outros destinos europeus para emigrantes qualificados, e as dificuldades económicas e administrativas encontradas por estrangeiros para se estabelecerem no Brasil.
Apesar do recuo nos números, a presença lusa no Brasil continua significativa em estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, onde comunidades históricas mantêm viva a ligação cultural e empresarial entre os dois países. Muitos dos portugueses residentes no Brasil atualmente são empresários, profissionais liberais ou reformados.
Os dados analisados indicam ainda uma alteração no perfil dos emigrantes: a maioria tem mais de 40 anos, revelando o envelhecimento da comunidade e a escassez de novos fluxos migratórios de jovens portugueses para o Brasil. Iniciativas como o Estatuto de Igualdade de Direitos e Deveres, que facilita a integração de portugueses em território brasileiro, continuam em vigor, mas não têm sido suficientes para reverter o decréscimo de entradas.
Especialistas apontam ainda que a recente diversificação de destinos da diáspora portuguesa, incluindo países como o Canadá, Estados Unidos, Reino Unido e Angola, mostram uma reconfiguração das preferências migratórias, com o Brasil a perder protagonismo neste contexto.
Atualmente, não existem dados atualizados sobre o número de portugueses a viverem no Brasil. O último censo foi realizado em 2010 e indicou que residiam no país cerca de 138 mil pessoas nascidas em Portugal. ■