Diversos especialistas do Brasil e de Portugal partilham expetativas sobre “Gestão Humanizada” na Covilhã

Congresso Internacional chega ao Interior de Portugal entre os dias 25 e 26 de setembro

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Universidade da Beira Interior (UBI), Covilhã, Portugal
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Descentralizado dos grandes centros urbanos em Portugal, o Congresso Internacional de Gestão Humanizada chega à Covilhã, entre os dias 25 e 26 de setembro, com o objetivo de “lançar uma reflexão sobre os desafios da gestão contemporânea e destacar práticas que colocam o ser humano no centro das decisões organizacionais”.

O encontro, que terá lugar no Anfiteatro das Sessões Solenes da Faculdade de Engenharia da Universidade da Beira Interior (UBI), com entrada gratuita, é organizado pela ID Singular, em parceria com a Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) e a UBI, e reunirá nomes de referência do Brasil e de Portugal ligados à gestão de pessoas, liderança ética, inovação e saúde mental.

Em antecipação ao congresso, ouvimos especialistas brasileiros e portugueses que marcarão presença na região Centro portuguesa, que, em declarações à nossa reportagem, sublinharam a importância da cooperação entre os dois países para a construção de uma nova cultura de gestão, mais “inclusiva e sustentável”. Destacaram ainda que o encontro será uma oportunidade para partilha de experiências, reforço de redes profissionais e criação de pontes entre a academia e o mundo empresarial, num momento em que se procuram soluções inovadoras para responder a contextos de mudança global. Existe um sentimento forte de que “a união entre Brasil e Portugal tem um potencial enorme de criar pontes de saber”, bem como a notória perceção de que “é impossível falar de sustentabilidade empresarial sem considerar a sustentabilidade humana como pilar fundamental do desenvolvimento organizacional”.

O português Pedro Ramos, CEO da KEEPTALENT Portugal, vai participar no certame. Com anos de experiência no ramo da gestão das pessoas no cenário lusófono, este profissional admite ser fundamental abordar os contornos que moldam o tema da gestão humanizada.

“A discussão sobre gestão humanizada tornou-se fundamental porque o mundo do trabalho mudou drasticamente nas últimas décadas, e as pessoas procuram agora propósito e significado, não apenas compensação financeira. A atração e fidelização de talentos transformou-se num dos maiores desafios das organizações modernas, especialmente num contexto de mercado caracterizado pela escassez de competências especializadas. O bem-estar dos colaboradores impacta diretamente na produtividade e nos resultados empresariais, enquanto as novas gerações exigem ambientes de trabalho mais humanos, inclusivos e flexíveis. É impossível falar de sustentabilidade empresarial sem considerar a sustentabilidade humana como pilar fundamental do desenvolvimento organizacional”, referiu Pedro Ramos, que, no seu painel, quer explorar perspetivas empresariais concretas no campo das práticas humanizadas.

“mudanças profundas nas expetativas das pessoas”

Pedro Ramos, CEO KEEPTALENT Portugal

“Com a minha experiência como CEO da KEEPTALENT Portugal, posso oferecer aos participantes do congresso uma perspetiva empresarial concreta sobre a implementação de práticas humanizadas em pequenas e médias empresas portuguesas, partilhando casos práticos de transformação organizacional que implementámos com os nossos clientes. Trago dados e tendências atualizadas do mercado europeu e mundial de recursos humanos que temos recolhido ao longo dos anos, bem como a experiência prática em consultoria em gestão de pessoas e desenvolvimento organizacional. A minha participação incluirá uma visão estratégica sobre como alinhar efetivamente a gestão humanizada com os objetivos de negócio, complementada pelo conhecimento prático sobre networking e desenvolvimento profissional que caracteriza o nosso trabalho na KEEPTALENT”, mencionou este responsável, que é também presidente da Sociedade da Excelência Luso-Brasileira e vice-presidente da Câmara de Comércio da Região das Beiras.

“As minhas expetativas para participar no terceiro Congresso Internacional de Gestão Humanizada na Covilhã centram-se, principalmente, na oportunidade de partilhar o conhecimento que temos desenvolvido na KEEPTALENT Portugal sobre as tendências globais de recursos humanos no mercado português e europeu. Espero poder estabelecer pontes importantes entre as práticas de gestão de pessoas em Portugal e no Brasil, aproveitando a nossa experiência consolidada no espaço lusófono. Simultaneamente, tenho grande interesse em aprender com os colegas brasileiros sobre as suas abordagens inovadoras em gestão humanizada, criar networking estratégico que permita futuras colaborações entre profissionais de RH dos dois países e contribuir ativamente para o debate sobre o futuro da gestão de talentos numa perspetiva verdadeiramente intercultural”, salientou este especialista internacional, que considera “essencial discutir gestão humanizada porque o contexto atual do trabalho é marcado por mudanças profundas nas expetativas das pessoas, cuja procura não se limita ao salário, mas sobretudo a um propósito e bem-estar. Num mercado onde a fidelização de talentos representa um dos maiores desafios organizacionais, a implementação de práticas humanizadas torna-se vital para aumentar a produtividade, promover o envolvimento dos colaboradores e garantir sustentabilidade empresarial”.

“Durante o evento na UBI, considero importante destacar as oportunidades únicas do espaço lusófono, facilitadas pela língua e pela cultura, para promover a transferência de boas práticas e o intercâmbio de experiências. É relevante abordar as diferenças entre as estruturas empresariais dos dois países, bem como as oportunidades de aprendizagem cruzada em temas como retenção de talentos, adaptação às novas gerações e regulamentações locais. Acredito que, através deste congresso, podemos lançar as bases para uma rede colaborativa de profissionais de RH, desenvolver metodologias conjuntas e garantir uma colaboração ativa para enfrentar os desafios da gestão humanizada em Portugal, Brasil e outros países de língua portuguesa”, elencou Pedro Ramos.

“redesenhar o futuro da gestão”

Julio Volpp, 45 anos, brasileiro, é fundador e Chief Inspiration Officer da CHROMA Leadership School, doutor em Administração, autor de best-seller sobre liderança, professor de pós-graduação, mentor de executivos no Brasil e membro do Advisory Council da Harvard Business Review. É outro dos palestrantes confirmados e garante que o público pode esperar “experiências reais” em torno da sua participação.

Julio Volpp, Fundador e Chief Inspiration Officer da CHROMA Leadership School

“Podem esperar uma provocação honesta, corajosa e cheia de propósito. Vou partilhar experiências reais e aprendizados da minha trajetória, conectando a prática da liderança com as competências humanas mais urgentes para o presente e o futuro do trabalho. Trago conceitos como maturidade emocional, escuta ativa, gestão panorâmica e cultura de segurança psicológica, traduzidos em uma fala viva, inspiradora e, sobretudo, aplicável”, revelou este responsável que não esconde as suas motivações.

“O que move-me é o compromisso com uma liderança verdadeiramente humana. Depois de mais de 25 anos de trajetória como executivo, liderando equipas com mais de 60 mil pessoas e formando centenas de líderes no Brasil, com a CHROMA, acredito que chegou a hora de redesenharmos o futuro da gestão. A minha participação no Congresso é motivada pelo desejo de contribuir com esse movimento internacional de reconexão com o que realmente importa: gente, vínculos, sentido e resultados sustentáveis”, frisou Julio Volpp, que é conhecido por participar em iniciativas internacionais como coordenador do projeto “Smart Skills: As 10 Competências Chave da Liderança Contemporânea no Brasil”, em parceria com a Fundação Dom Cabral e pesquisadores do MIT.

“falta de adaptação humana”

Questionado sobre a importância da união lusófona, sobretudo no que toca Brasil e Portugal, na discussão de temas como gestão humanizada, Julio Volpp é enfático:

“Somos povos que partilham não só uma língua, mas também uma sensibilidade única para as relações humanas. A união entre Brasil e Portugal tem um potencial enorme de criar pontes de saber, de afeto e de práticas transformadoras na gestão. Ao colocarmos o ser humano no centro das decisões, criamos uma nova gramática da liderança, e ela precisa ser construída de forma colaborativa, intercultural e generosa”, reforçou.

Por seu turno, Ivandro Soares Monteiro, português e Founder & Direcctor da STOICNET & Clube dos Estóicos, enxerga o evento como uma forma importante de se discutir gestão humanizada.

Ivandro Soares Monteiro, Founder & Direcctor da STOICNET & Clube dos Estóicos

“Hoje as empresas não falham por falta de tecnologia, mas por falta de adaptação humana. A dor das organizações está no absentismo, burnout, perda de talento e dificuldades de liderança. A gestão humanizada é fundamental porque liga a inteligência emocional, ética e comportamental à inovação tecnológica. E é aí que a minha unidade da CROWE trabalha: avaliamos, diagnosticamos e intervimos nos riscos psicossociais e no desenvolvimento de líderes para que a transformação seja sustentável”, sustentou este especialista, que, no âmbito do Congresso, vai “trazer a experiência prática da minha equipa na CROWE com empresas multinacionais e, ao mesmo tempo, aprender com os diferentes olhares que vão estar presentes”.

“Espero que seja um espaço de conexão entre ciência, gestão e pessoas, para inspirar novas formas de atuar”.

“liderança é um propósito que se realiza no encontro com o outro”

“Vou dar um contributo e fazer parte do debate sobre o tema “Inteligência Artificial x Inteligência Humana: A nova era da gestão conectada”, onde vou procurar mostrar que a verdadeira vantagem competitiva não está só nos algoritmos, mas como os líderes usam a tecnologia sem perder o foco humano. O foco nas relações interpessoais numa espécie de tribo que faz a cultura organizacional. Vou partilhar casos práticos da nossa experiência em consultoria comportamental, onde a ciência e a psicologia ajudam empresas a reduzir sofrimento, aumentar produtividade e criar culturas de responsabilidade e maturidade emocional. O público pode esperar uma visão prática, científica e inspiradora, com ferramentas que podem aplicar já no dia seguinte”, acentuou Ivandro, que é também psicólogo doutorado, psicólogo clínico, professor universitário português e autor do best-seller “Mudamos pelo que Fazemos”.

Com 25 anos de experiência no mundo corporativo, Michelle Lima da Silva, de 43 anos, natural do Brasil, é fundadora da MLima Desenvolvimento, empresa especialista em mentoria, treinamentos e palestras para o público feminino que busca uma liderança autêntica. Durante o Congresso no Interior de Portugal, vai falar, entre outros temas, sobre a sua trajetória no “competitivo mundo corporativo”.

“A minha motivação vem de uma convicção profunda: a liderança é um propósito que se realiza no encontro com o outro. É sobre inspirar e permitir que cada pessoa descubra e ative a sua melhor versão, conectando talentos a um desejo em comum. Para mim, a Liderança Humanizada é a materialização dessa filosofia. Receber o convite para o congresso foi uma honra imensa, pois validou que, mesmo na minha trajetória no competitivo mundo corporativo, minha essência como uma líder que genuinamente se importa com as pessoas foi percebida e valorizada”, destacou, sublinhando que, na sua lista de prioridades, está apresentar ao público “a jornada real de liderar equipas, grandes e pequenas, num dos ambientes mais competitivos e regulados do mundo: o mercado financeiro”.

“A língua portuguesa é o elo genuíno que nos une”

Michelle Lima da Silva, fundadora da MLima Desenvolvimento

“Provarei que é possível, sim, cultivar uma liderança humana, com um olhar atento ao indivíduo e às suas potencialidades, e, ainda assim, entregar resultados excecionais e de alta performance. A base de tudo isso é uma liderança fundamentada em valores sólidos, que constrói a confiança necessária para engajar não apenas liderados, mas também clientes e gestores numa visão partilhada”, assegurou.

“Num mundo cada vez mais incerto e não linear, a criação de conexões e comunidades para aprimorar conhecimentos e partilhar práticas não é apenas importante, é essencial. A língua portuguesa é o elo genuíno que nos une, uma ponte poderosa que nos permite trocar experiências ricas entre mercados que, embora distintos, enfrentam desafios humanos semelhantes. Essa união lusófona nos fortalece, acelera o nosso aprendizado e amplifica o alcance de uma gestão mais consciente e humana”, elucidou Michelle Lima da Silva, mestre em Economia Empresarial.

“fomentar práticas de liderança inclusiva”

Segundo os organizadores, o encontro foi pensado para ser “inclusivo e acessível”, reunindo líderes empresariais, académicos, executivos e profissionais de diferentes áreas. Ao decorrer na Covilhã, no cenário da Serra da Estrela e com o apoio da UBI, o congresso ganha um enquadramento académico e cultural que reforça a sua dimensão internacional, consolidando a ponte entre Brasil e Europa e projetando o Interior de Portugal como referência em inovação na gestão.

“A UBI desempenha um papel fundamental, ao disponibilizar o espaço físico, a infraestrutura, a logística e toda a colaboração local, criando as condições ideais para acolher participantes de diferentes países. Já a ID Singular assume a liderança na conceção do formato, do conteúdo e na coordenação estratégica internacional do congresso, garantindo que a experiência seja verdadeiramente transformadora. É precisamente esta sinergia entre instituições brasileiras e portuguesas que confere ao evento uma dimensão única, unindo conhecimento académico, visão estratégica e prática internacional para inspirar novas formas de pensar e praticar a gestão humanizada”, confirmou Yuri Costa, diretor e cofundador da ID Singular.

Já Vanessa Alcici, fundadora e conselheira da ID Singular, espera que o evento promova “uma nova forma de gestão, onde as pessoas estão no centro das decisões, incentivando práticas mais eficazes, saudáveis e sustentáveis”.

“Pretendemos consolidar uma ponte académica e profissional entre o Brasil e a Europa, valorizar o Interior de Portugal como polo de inovação em gestão e fomentar práticas de liderança inclusiva, resiliente e ligada às comunidades locais”, finalizou Carolina Resende, representante da PUC Minas, entidade educacional co-realizadora académica do Congresso e doutora em Psicologia.

Recorde-se que as inscrições para o Congresso Internacional de Gestão Humanizada estão abertas e podem ser realizadas de forma gratuita através do site oficial: www.oscaminhos.com

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