
Reconhecida pela Organização Mundial da Saúde desde 1992, a fibromialgia afeta entre 1,7% e 3,6% da população portuguesa e apresenta uma relação direta com a saúde mental. A síndrome de dor crónica combina sintomas físicos e emocionais, ocasionando dor persistente, fadiga, distúrbios do sono e dificuldades cognitivas, que comprometem a qualidade de vida e a autonomia dos pacientes.
Segundo o professor doutor e presidente fundador da Academia Portuguesa de Fibromialgia, Síndrome da Sensibilidade Central e Dor Crónica, José Luis Arranz Gil, a condição “traduz-se em sofrimento físico e psicológico contínuo, frequentemente agravado pela falta de compreensão e apoio”.
Relação com depressão e ansiedade
Este especialista explica que a fibromialgia altera a forma como o cérebro processa os estímulos, fazendo com que sensações normais se tornem dolorosas e prolongadas.
“É uma condição invisível que, ainda assim, limita profundamente a autonomia dos pacientes”, afirmou o presidente da Academia, que reconhece que “os efeitos da doença não se restringem à dor física”.
Estudos clínicos indicam que pessoas que sofrem com a fibromialgia têm taxas de depressão e ansiedade significativamente superiores às da população em geral. A combinação entre dor constante, exaustão e privação de sono gera um ciclo de desgaste físico e emocional, com impacto direto na capacidade de trabalho, nas relações sociais e na própria autoestima. Muitos pacientes relatam isolamento e frustração diante do “descrédito que ainda cerca a doença”.
O Prof. Dr. José Luis Arranz Gil defende tratamentos multidisciplinares, que combinem o manejo da dor com apoio psicológico e programas de reabilitação.
“A psicoterapia, especialmente as terapias cognitivo-comportamentais, aliada a técnicas de relaxamento e gestão do stresse, tem demonstrado resultados positivos na redução dos sintomas”, explicou este responsável, que sublinha ainda que “apoio social, familiar e sanitário e ações de literacia em saúde mental também ajudam a quebrar o estigma e oferecer aos doentes ferramentas de enfrentamento”. ■




