Opinião: “Apagão em Portugal expõe o colapso social inevitável da nossa dependência total da energia elétrica”, por André Aguiar

“O apagão mostrou como estamos vulneráveis: sem luz, tudo para. Da saúde à mobilidade, do comércio à comunicação, cada pilar da sociedade colapsa sem energia. O Brasil já viveu isso, a Europa também. E estamos todos, perigosamente, despreparados para a próxima falha”

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André Aguiar, Especialista em Marketing, Escritor, Professor, Palestrante e Referência em Inteligência Artificial Aplicada aos Negócios
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O apagão em Portugal, que paralisou o país no último dia 28 de abril, escancarou algo que evitamos encarar: nossa dependência da energia elétrica é maior do que imaginamos. Bastam alguns minutos sem luz para tudo começar a desmoronar. Comunicação, transporte, abastecimento, segurança — tudo fica comprometido. Segundo a União Europeia, muitas redes móveis entram em pane após poucas horas sem energia. No Brasil, o caso do Amapá, em 2020, paralisou hospitais, mercados e escolas. Estamos todos conectados a um fio invisível que, ao ser cortado, revela o quão frágeis realmente somos. Precisamos discutir isso — enquanto ainda temos tempo.

Comunicação em colapso

Quando falta energia, a comunicação desaparece quase que instantaneamente. Durante o apagão em Portugal e na Espanha, redes móveis caíram, servidores pararam e até a fibra óptica ficou comprometida. Pessoas ficaram sem celular, internet ou qualquer forma de se informar. Até os serviços de emergência ficaram fora do ar, segundo o El País. E esse cenário não é distante da realidade brasileira: especialistas já alertaram que nossas redes não suportam longas quedas de energia. A verdade é que não falamos mais, não nos informamos mais, sem eletricidade. Num mundo cada vez mais digital, a ausência de comunicação é um convite ao pânico.

Comércio paralisado

Com a luz, vão embora as vendas, os sistemas de pagamento, as vitrines, os caixas. Na região de Bizkaia, na Espanha, mais de 45 mil trabalhadores do setor comercial foram afetados. Máquinas de cartão pararam. As portas fecharam. As perdas, segundo representantes do comércio local, foram expressivas. No Brasil, não é diferente. Um apagão recente derrubou quase 5% do faturamento do varejo nacional. Hoje, comprar um pão depende de eletricidade. É um retrato cruel da nossa realidade: não conseguimos mais girar a economia sem uma tomada por perto.

Mobilidade urbana travada

Apagões não afetam apenas a luz das casas — eles paralisam cidades inteiras. Em Madrid, semáforos desligados causaram acidentes. O metrô parou. Bombas de gasolina ficaram inativas. Um verdadeiro colapso em cadeia. No Brasil, onde o transporte urbano já enfrenta críticas constantes, a situação seria ainda mais grave. Imagine ônibus presos no trânsito, ambulâncias sem rota e trabalhadores sem como voltar para casa. A energia elétrica mantém a cidade funcionando — e sem ela, tudo trava, em silêncio e desordem.

Saúde em risco

Hospitais foram feitos para salvar vidas, mas não estão imunes ao colapso elétrico. No apagão, em Portugal e na Espanha, muitos operaram com geradores — e sob tensão. Já vimos isso de perto aqui no Brasil, especialmente no Amapá, em 2020, quando UTIs e centros de vacinação ficaram comprometidos. A estrutura hospitalar depende de eletricidade para tudo: luzes, exames, refrigeradores, sistemas. Sem ela, cada minuto conta — e vidas ficam por um fio. Em muitos lugares, o gerador é um paliativo frágil. Quando a energia falha, a saúde sente primeiro.

Segurança pública ameaçada

A escuridão é um convite ao medo. Durante o apagão europeu, patrulhas foram reforçadas. Cidades às escuras se tornam vulneráveis. A sensação de insegurança cresce, crimes encontram brechas e o caos ronda as ruas. No Brasil, onde a percepção de segurança já é baixa — menos da metade da população se sente segura à noite — um corte de energia só agrava o cenário. Alarmes desligados, câmeras sem energia, comunicação comprometida. A linha entre ordem e descontrole se apaga junto com as luzes.

O que podemos fazer para reduzir os impactos

Não precisamos esperar o próximo apagão para agir. Ter lanternas e baterias carregadas à mão faz diferença. Manter uma reserva de água potável, guardar algum dinheiro em espécie e saber onde estão os pontos de atendimento próximos também ajudam. E, claro, combinar com a família um plano simples de comunicação em emergências. São gestos pequenos, mas que protegem muito quando tudo falha.

O apagão foi mais que uma falha técnica. Foi um aviso. Dependemos da energia elétrica para absolutamente tudo, e essa dependência nos torna vulneráveis. Quando ela falha, a sociedade falha junto. Brasil, Europa, qualquer canto do mundo — ninguém está isento. A pergunta não é se teremos outro apagão. É: estaremos prontos quando ele vier? ■

André Aguiar

Especialista em Marketing, Escritor, Professor, Palestrante e Referência em Inteligência Artificial Aplicada aos Negócios; Licenciatura em Matemática, MBA em Marketing Digital e Analista de Sistemas

www.a2digitalhub.com.br

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