Na atualidade, vemos cada vez mais informação de rótulos, marketing e mil e uma sugestões de harmonização, com pratos nacionais e internacionais, o que nos provoca os sentidos.
Ao final de um dia de trabalho, ou ao iniciar um trabalho que se prolonga noite adentro, o nosso fiel amigo está na taça fazendo-nos aquela companhia que nos apraz, mas os conceitos de tradição, valor e significado são muitas vezes confundidos com o status do momento “instagramável”.
Quando me refiro a um “luxo privado”, é o momento em si que muitos de nós encontram no seu “momento” privado , e que degustam algo que aprenderam e que os faz “fugir” das notícias que correm o mundo, e que, talvez, possam influenciar o valor desse “licor dos deuses”, mas não podemos esquecer de toda a questão cultural que nos acompanha e faz com que o “corpo venha a pedir” essa sensação que nos está incutida por gerações.
O Tanino, a Uva, o retrogosto, mas, acima de tudo, o contato que existe entre o sagrado e o profano numa taça, ou num momento que é nosso, o nosso “quartinho secreto”, como diria Nietzsche, que todos temos, e que nos permite sempre escolher esse momento através de um rótulo da nossa preferência, naquele preciso momento, numa determinada prateleira.
“Decantem-se”! ■
João Carlos Farrapa
Petit Sommelier, empresário, apresentador do programa “Uvas e Personalidades”
noicaron@hotmail.com