Parlamento português aprova teste de voto eletrónico para emigrantes

Proposta do Conselho das Comunidades Portuguesas busca avaliar a segurança e a eficácia do sistema diante das falhas do voto por correspondência e da alta abstenção no exterior

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Flávio Martins, que representou o Conselho das Comunidades Portuguesas nas comissões parlamentares de Assuntos Constitucionais e de Negócios Estrangeiros, defendeu e obteve a aprovação do teste de voto eletrónico para os emigrantes portugueses. Foto: Ígor Lopes
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O Parlamento português aprovou na quarta-feira, 15 de outubro, a realização de um teste piloto de voto eletrónico dirigido aos emigrantes portugueses. A medida, apoiada pelos deputados das comissões de Assuntos Constitucionais e de Negócios Estrangeiros, pretende “avaliar a segurança e a eficácia do modelo digital como alternativa ao voto por correspondência”, frequentemente criticado por falhas e atrasos.

A proposta foi apresentada pelo Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP), representado pelo presidente Flávio Martins, durante uma audiência conjunta das duas comissões. Segundo este responsável, o projeto surge como resposta à elevada abstenção eleitoral entre os portugueses no exterior e às limitações da legislação atual, que exige voto presencial nas eleições presidenciais de janeiro.

“A abstenção vai ser elevadíssima”, alertou Martins, defendendo “a uniformização de procedimentos em todos os atos eleitorais”.

O dirigente realçou que o teste não terá caráter vinculativo e servirá apenas para avaliar a confiabilidade e a segurança do processo.

“Não temos a pretensão de considerar que será uma solução definitiva, mas é essencial testá-la”, afirmou.

Deputados de diferentes partidos manifestaram apoio à iniciativa. Hugo Carneiro (PSD) classificou como “inevitável” discutir o voto eletrónico para superar as falhas do voto por correio e as grandes distâncias até os consulados. Ricardo Reis (Chega) considerou o projeto-piloto “um passo lógico”, enquanto João Almeida (CDS) admitiu “dúvidas sobre o voto eletrónico”, mas nenhuma sobre “a necessidade do teste”.

O socialista Pedro Vaz (PS) endossou a sugestão do dirigente do CCP Vasco Abreu, que propôs ampliar os locais de votação além dos consulados, incluindo consulados honorários e associações locais, onde a legislação dos países anfitriões o permita. Vaz reconheceu que a rede consular portuguesa “é muito diminuta para as necessidades eleitorais da diáspora”.

Abreu destacou ainda as falhas do serviço postal, citando o caso de um país com 25 mil eleitores recenseados, mas apenas três votos recebidos em Portugal. “Isto não é aceitável numa democracia”, disse.

Outro representante do CCP, Paulo Marques, lembrou que o voto eletrónico já é adotado em outros países e defendeu que Portugal aprenda com essas experiências. Ele e outros conselheiros pediram que, nos locais onde o correio não é confiável, os consulados assumam o envio dos votos por via diplomática, proposta que ainda não teve resposta do Parlamento.

Flávio Martins também defendeu a ampliação da representação parlamentar da emigração, atualmente limitada a quatro deputados para cerca de 1,5 milhão de eleitores no exterior. Para este presidente do Conselho Permanente do Conselho das Comunidades Portuguesa, a contagem dos votos por correspondência deveria ser feita diretamente nos consulados, para evitar que os emigrantes sejam tratados como “eleitores de segunda categoria”.

A segurança do voto eletrónico, segundo o CCP, depende do uso da chave móvel digital, ferramenta oficial de autenticação ainda pouco difundida entre os emigrantes.

“É necessário promover esse recurso nas comunidades”, reforçou Martins.

Os detalhes do teste-piloto e a sua regulamentação deverão ser definidos em reuniões parlamentares futuras. ■

Agência Incomparáveis, com Lusa

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