Sucesso no projeto do helicóptero que ajudou a fazer descolar em Marte levou portuguesa para a Inglaterra

Florbela Costa vive nova fase profissional no Reino Unido, mas retorna à Suíça em dois anos

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Florbela Costa
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A portuguesa Florbela Costa conquistou notoriedade na imprensa internacional em 2022 quando integrou a equipa que fez descolar um helicóptero em Marte numa das missões levadas a cabo naquele planeta. Na altura em que fazia parte deste projeto, Florbela vivia na Suíça e atuava como Gestora Técnica de projetos espaciais, oportunidade na qual desenvolveu motores que controlam a inclinação das pás do rotor do Ingenuity, o helicóptero da missão Mars2020 da NASA.

É Mestre em Engenharia Aeronáutica na Universidade da Beira Interior, na Covilhã e Mestre também em Business and Administration (MBA). A nossa reportagem voltou a conversar com esta responsável que vive hoje uma nova experiência profissional na Inglaterra. Florbela, que tem 34 anos de idade, explicou como está hoje o projeto em Marte.

“O helicóptero de Marte, Ingenuity, realizou o seu 50º voo. Isto é dez vezes mais do que estava inicialmente planeado. É absolutamente extraordinário! O Perseverance também está a ser um sucesso e tem colhido várias amostras do solo Marciano. Por causa do sucesso do Ingenuity, já foi decidido pela JPL/NASA que a próxima missão a Marte, “MARS SAMPLE RETURN”, que tem como intuito trazer as amostras que o robot Preseverance está a colher de volta para a Terra, terá a ajuda de dois helicópteros, baseados no Ingenuity, mas com rodas e com um pequeno braço para a recolha das amostras. Estes novos helicópteros serão enviados para Marte a bordo do Mars Lander que está planeado para ser enviado em 2028, que é a segunda fase desta missão. Depois da recolha das amostras para dentro do lander, ele irá lançar essas amostras para a órbita de Marte. A terceira parte da missão consiste no Mars Orbiter, que irá capturar as amostras da órbita de Marte e trazê-las para a Terra, o que não acontecerá antes de 2031. A Maxon participa em vários momentos de toda esta missão em Marte”, comentou Florbela Costa, que, desde janeiro deste ano, foi promovida como Responsável do Departamento de Engenharia da Parvalux, na Inglaterra, que é uma empresa pertencente à Maxon.

“Tenho à minha responsabilidade uma equipa de 24 pessoas nas áreas de Gestão de Projetos, desenhadores, controlo de modificações, testes e engenheiros de produção. Foi acordado que estarei nesta posição durante dois anos e, depois, regressarei à Maxon, na Suíça. Tenho como principais objetivos nesta nova função ajudar a desenvolver a equipa, em termos de conhecimento e em termos de processos, e ajudar a aumentar o portifólio de produtos que vendemos, através de novos projetos de desenvolvimento”, revelou Florbela, que não escondeu que não foi fácil deixar o país helvético, mesmo que momentaneamente.

“Foi uma decisão difícil, pois o meu noivo continua na Suíça a trabalhar e eu estou agora na Inglaterra. Ao mesmo tempo, estamos a organizar um casamento em Portugal, pois isso, é um ano intenso. Mas decidimos que eu deveria agarrar esta oportunidade de crescimento na minha carreira, independentemente do resto e tal não teria sido possível sem o suporte dele. As nossas empresas também ajudaram-nos a encontrar um compromisso em que estaríamos todos confortáveis e ambas aceitaram o facto de termos um horário flexível, com trabalho a partir de casa, a tempo parcial, para não estarmos longos períodos um sem o outro”, comentou Florbela.

“Guardo ótimas memórias da Suíça e continuo a criar novas memórias cada vez que volto ao meu país. Estou muito contente por celebrar o meu casamento em Portugal este ano, que irá, sem dúvidas, ser das nossas melhores memórias. Estamos muito contentes pelo facto de a família do meu noivo viajar da Suíça para Portugal para celebrar connosco”, disse Florbela Costa, que contou como foram os seus dias após ser tornado público que uma portuguesa estava envolvida num projeto da envergadura do que está a decorrer em Marte.

“Foram dias bastante ocupados. Nunca tinha pensado que isto iria acontecer, mas tive mais de 30 entrevistas para jornais, televisão e rádios, para além de pedidos para ser Key Note Speaker em conferências ou participar em eventos nas universidades. Mas gosto bastante de partilhar esta informação com outras pessoas, pois acredito que seja importante, não só para falar do sucesso das missões a Marte ou dos feitos dos portugueses pelo mundo, mas também para mostrar que há lugar para mulheres na área da engenharia”, confessou esta cidadã e pesquisadora lusa.

Atualmente, Florbela vive em Poole, cidade costeira e portuária, no condado de Dorset, no litoral sul da Inglaterra, e trabalha na Parvalux, empresa inglesa localizada em Bournemouth, que, em dezembro de 2018, foi adquirida pela suíça Maxon Motor AG. Em breve vai mudar-se para uma fábrica nova em Poole.

“Bournemouth e Poole são áreas lindíssimas na Inglaterra, na costa a Sudoeste do país. São ambas zonas turísticas, muito procuradas pelos ingleses. O bom dos portugueses é que estamos em todos os lados. Conheci aqui uma portuguesa, amiga de uma amiga minha”, recordou Florbela, que tem grandes expetativas sobre o seu futuro profissional.

“Nesta posição em Inglaterra, faço parte do grupo de gestão da empresa, o que significa que ajudo na definição da estratégia da empresa. Tendo em conta que sou estrangeira, que sou ainda relativamente nova e que sou uma mulher, tenho muito orgulho de ter conseguido chegar tão longe na minha carreira e espero que o futuro seja tão entusiasmante como a minha carreira até hoje. No final destes dois anos, espero voltar para a Maxon na Suíça, mas ainda não sei para que posição. Para já, fico contente por ter uma oportunidade de desenvolver as minhas competências e por ter um trabalho desafiador que me motiva”, finalizou Florbela Costa.

Ainda em abril de 2022, Florbela revelou ao jornal Gazeta Lusófona, da Suíça, que “projetos para o espaço são extremamente desafiantes e cada pormenor tem de ser cuidadosamente analisado para termos a certeza que nada irá falhar”.

Esta portuguesa, que viveu em Lucerna, na Suíça, é natural de Trappes, França, e se mudou em 1999 para o Carqueijo, freguesia de Barrô, concelho de Águeda. Fez também parte do grupo de profissionais com funções no projeto de desenvolvimento do Elevator e Sponson da aeronave KC-390 da brasileira Embraer. ■

In Gazeta Lusófona* _ https://gazetalusofona.com/

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