O Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP) e o Conselho de Opinião da RTP manifestaram publicamente a sua oposição à decisão do Conselho de Administração da RTP de suspender a transmissão dos jogos da Liga Portugal na RTP Internacional e na RTP África. As duas entidades consideram que a medida representa um “retrocesso” no dever de serviço público da estação pública e um golpe simbólico na ligação entre Portugal e as comunidades lusas espalhadas pelo mundo.
O Conselho de Opinião da RTP, em comunicado datado de 2 de agosto, sublinha “a enorme gravidade de impedir a diáspora de ter acesso a conteúdos audiovisuais sobre a realidade portuguesa” e recorda que o futebol “é uma manifestação da identidade nacional e um elo forte entre toda a comunidade portuguesa”. O órgão defende que as transmissões devem ser retomadas “com o objetivo de promover a ligação entre Portugal e as comunidades de língua portuguesa residentes no estrangeiro”, em cumprimento das cláusulas 14.ª e 15.ª do Contrato de Concessão de Serviço Público em vigor.
Na mesma linha, o Conselho das Comunidades Portuguesas considera a suspensão “inaceitável” e alerta que o corte destas emissões tem provocado “descontentamento generalizado” entre os emigrantes. Em nota assinada por Paulo Marques, vice-presidente do CCP e membro do Conselho de Opinião da RTP, a entidade afirma que “o futebol é mais do que um desporto: é uma expressão da identidade nacional e um elo essencial entre Portugal e os milhões de portugueses espalhados pelo mundo”.
O responsável defende que o Conselho de Administração da RTP “deve rever de imediato a sua posição, pois o orçamento destinado a estas emissões não pode ser encarado como simples poupança por uma empresa pública de media”.
Paulo Marques acrescenta que, tal como se constatou durante os Jogos Olímpicos Paris 2024, “o desporto desempenha um papel central na coesão social e no reforço do sentimento de pertença”. Segundo o dirigente, o futebol português na diáspora “é hoje o maior motor de identidade partilhada e proximidade com Portugal”.
As duas entidades exigem a reposição imediata das transmissões, defendendo que a RTP deve garantir o investimento necessário para assegurar a continuidade de conteúdos que reforcem a ligação das comunidades portuguesas ao país. ■
